🌈 Música do capítulo: Suffer - Charlie Puth
A pressão que se faz na cabeça dela se assemelha a um cinto sendo apertado por um demônio. Os andares passam numa vagareza dentro daquele cubículo a ponto de S/n sentir uma leve claustrofobia. Há apenas cinco pessoas ali dentro, e ainda sim está apertado. Mesmo com tantas horas passadas depois do fim do grande show, tagarelices permanecem. A reserva energética que eles têm é maior do que a quantidade de ATP que um ser humano normal pode produzir, S/n gostaria de constatar.
Uma abertura. S/n saiu na frente, tentando disfarçar suas olheiras e palpitações de cansaço, rezando com as mãos quietas para que não venha a ser ela a sugerir uma boa noite. Palmas, risadas, palavras, tudo muito alto para seus pobres tímpanos. Imaginava que este fosse o motivo principal de fecharem o andar superior e inferior sob o deles. Ela se virou com um sorriso amarelado, um arrependimento prévio de bancar a estraga prazeres.
— Foi uma noite e tanta. — Olhos bem abertos procuram a razão do seu pronunciamento súbito, afinal no caminho inteiro S/n foi a ouvinte. — Vocês estão de parabéns.
— Por que será que eu não senti firmeza nessas suas palavras? — contraria Jungkook, que, em seguida, leva as mãos à boca para esconder o bocejo.
— Por isso. — Jungkook arqueia as sobrancelhas, desentendido. — Eu estou pensando em deitar e apagar, acordando no dia seguinte com o alarme tradicional da Samsung, já que nem sequer tive tempo de escolher outro.
— Me parece um plano muito chato — rebate Hoseok, semicerrando os lábios em forma de bico de pato. — Quer escapar da nossa comemoração? Pode esquecer, gatinha, não vai rolar!
— Vai ter espumante Rosé, meu favorito! — O loiro, vulgo Jimin, bate palma, fazendo a cabeça da pobrezinha tremer feito um sino.
— Bebida, é só nisso que você pensa? — Yoongi não perde por uma oportunidade para criticar, seja lá o envolvido.
O elevador se abre e chega o resto do grupo: os Kim. Eles vêm vindo naquele corredor de maneira que fizessem questão de esbarrar em cada parede. Estão bêbados, você me pergunta? Se for possível ficar chapado com uma frequência muito alta de risadas, então a resposta é sim.
— Vai ser no nosso quarto? — Taehyung pergunta sorridente.
— Em nenhum. A S/n tá cansada. — Tem vezes que ela só gostaria de puxar a orelha do Yoongi.
Se precisar ser julgada, experimente ficar sozinha na frente de sete garotos. S/n tentou, mas foi inevitável não puxar o tapete deles. Aqueles rostinhos tristes a deixavam triste também. Queria ter energia para continuar a farra, só que simplesmente não tinha.
— É verdade, S/n? Mas essa é sua chance de entrar na tradição! — O desespero era óbvio na face de Taehyung, que só queria a ter do seu lado por mais alguns instantes.
— Perdão, perdão. Eu queria, mas acho que nem uma lata de Red Bull vai me dar asas pra me manter de pé — S/n dizia a verdade. Tudo estava dormente, como se seu corpo estivesse mergulhado num lago congelado.
A garota estendeu, então, a mão pra Namjoon, que já deveria entender o que desejava.
— Me dê o cartão e vão curtir só vocês. Eu não me importo. Ficarei bem. Se eu for, não vai adiantar nada mesmo. Já tentaram badalar com sono? Vai por mim, isso é fria.
Convencido, o líder procura no bolso de seu casaco, pega o celular, tira a capa e, antes de entregar o cartão tão estranhamente escondido, ele faz um joguinho que consistia na rapidez dos dedos dela, retirando o cartão do seu alcance algumas vezes. Quando ela venceu, ele sorriu sacana pelo contato dos seus dedos com os dela, mesmo que tenha sido por um breve instante.
— O que você tava fazendo com o cartão do quarto da S/n, Namjoon?
Namjoon podia inventar que S/n pediu a ele para o guardar, entretanto, ao invés de ignorar as suspeitas de Jin, resolveu arrumar uma intriga desnecessária dizendo a ela assim:
— Como só temos um cartão para o nosso quarto, não feche a porta por completo, só encoste.
Sua atitude a causou uma pulsação na cabeça. Se Namjoon não fosse famoso, S/n arrebentaria aquela cara de falso anjo.
— Deixa eu ver se entendi... Esse tempo todo vocês estão dormindo no MESMO quarto? — E a mania de dar ênfase onde bem entende na frase não escapa de Jimin.
— Um líder tem suas vantagens. — Nesse momento S/n massageava suas têmporas e repetia a si mesma palavras de autocontrole.
— Que baita filha da puta você é — Jungkook sibila em tom de escárnio. — E eu todo inocente achando que você se deu bem em pegar um quarto só pra você, Namjoon.
— Mas eu me dei bem. — E Namjoon continuava provocando seus amigos, entretanto S/n nem ligava mais. O sono a pegou de jeito. Ela só queria ir pro quarto e tirar um cochilo merecido.
— Gente, eu gostaria muito de presenciar o massacre sanguinário que estão pensando em fazer contra Namjoon — e o espertão faz-se de desentendido igual o John Travolta em Pulp Fiction —, mas eu realmente preciso descansar.
S/n virou de costas, dando dois passos e já chegando em frente ao quarto. Passou o cartão, dando uma última olhada pra trás e soltando um sorriso apaixonante na intenção de abalar seus corações. Encostou a porta, conforme foi instruída a fazer, tirou os saltos, acomodou-se na cama macia e desligou o abajur que, por acaso, havia deixado ligado. Ouviu uns murmúrios e umas risadas após sua retirada estratégica e soube que podia dormir tranquila. Ter que os separar de uma briga na madrugada não é exatamente sua atividade favorita. Secretamente os meninos só podiam pensar se valia mesmo a pena aquela disputa, uma vez que a sua joia rara ria de seus sentimentos de puro ciúmes.
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❝𝐂𝐨𝐥𝐨𝐫𝐬 ❼ ❞
Fanfiction[LONGFIC] Quantas vezes é possível se apaixonar? E quantas paixões fazem uma vida? Para a brasileira S/n, a resposta seria o número cabalístico 7. Ela conheceu os coreanos mais avassaladores do universo por conta de um erro. Não demorou para que el...