🌈 Betado por: @poisoneddreams
🌈 Música do capítulo: ily (i love you baby) - Emilee
O chão aveludado fazia cócegas em seus pés. O quarto de Taehyung parecia uma grande aventura para S/n que só teve acesso a ele por estar sozinha com o maior — o que, convenhamos, não era tão frequente assim. Ela sorriu, feliz de ter terminado a situação anterior de disputa.
A porta se abre com Tae carregando consigo o pijama dela, um short e blusa rosa bebê. Ele esconde um sorriso enquanto lhe entrega o que trouxe.
— O que foi? — S/n coloca as mãos na cintura.
— Nada, só estou lembrando do seu histórico de pijamas.
— Aquilo foi vergonhoso...
— Eu achei "cute and sexy".
— É pra isso que contratou minha pessoa? Para saber falar qualquer besteira em inglês?
— Ficar descalço no meu quarto é gostoso, né? — muda de assunto ao ver os dedos dos pés da garota enroscados nos pelinhos do tapete.
S/n respira fundo.
— Vai me deixar em confinamento no seu quarto todo domingo? — perguntou direta demais, também mostrando saber mudar o rumo de uma conversa.
Taehyung ergue as sobrancelhas, mas só um pouco. Daquele olhar penetrante dele, nada escapava.
— Podia dizer que é uma medida preventiva, o que é uma meia verdade, mas é porque já está tarde. Deve estar morrendo de cansaço e só quis ser gentil — Taehyung aponta pro pijama fazendo um biquinho que ela achou fofo.
— Medida preventiva? Acha que não consigo manter minha palavra?
— Você é tranquila. Eles é que... já sabe.
— Sei... Quer dizer então que você vai buscar qualquer coisa que pedir para eu não ter que sair daqui?
— O que precisar, princesa.
Ela leva o indicador na têmpora mostrando estar raciocinando.
— Meu celular está no...
— No bolso menor da mochila de costas — Taehyung completa e entrega o celular a ela, divertido-se com a expressão impressionada.
— Você não vai mesmo me deixar sair, vai?
— Não, não vou.
Inclina-se e deposita um beijo rápido na testa pequenina. Ah, como essas atitudes faziam o coração dela dar pulinhos. Por que ele não podia ser assim o tempo todo? Por que todos não a podiam tratar como se fosse a jóia mais rara? S/n não teria nada para reclamar se eles não fossem tão ansiosos e aflitos com qualquer coisa.
— E o seu pai, como ele tá? — V questiona enquanto faz um carinho breve nos cabelos e rosto da mais nova.
— Ele me deu um baita susto! Chegar lá e ver ele naquele estado me tirou as rédeas. Agora papai já está quase recuperado.
— Meu sogro é forte. Ele supera qualquer coisa! — Ele sorria do seu jeitinho quadricular, obviamente tentando a distrair da nomenclatura que empregou. "Sogro"? Por Deus! Isto soa tão correto! E por que o correto é tão errado?
— É, ele é um exemplo a ser seguido. — Ela sorriu de volta.
— Seu celular caiu de novo ou tá quebrado desde aquela vez?
Outra mudança de assunto repentina. Esta técnica está no manual de "como deixar uma garota inquieta". Ficou empenhada em descobrir o que ele estava escondendo.
— Só mando pro conserto se parar de funcionar — ela coloca a digital e desbloqueia a tela, que acende e se mostra cheia de riscos pretos —, o que não é o caso. Ei!
S/n é pega desprevenida. Tae tira o celular de suas mãos com a pata mansa. Ele se vira de costas impedindo que ela veja o que fazia. S/n então se joga nele, subindo em suas costas. Tenta com esforço alcançar o objeto, rindo e pedindo para Taehyung a devolver. Assim, o corpo masculino começa a rodopiar de forma desordenada, obrigando a brasileira a se segurar nele para não sair voando. Quando já não aguentava mais, ele se inclina para traz e a derruba na cama, depois encosta na parede oposta e pressiona a tela do aparelho só para provocá-la.
— Você é um garoto muito mau! — indagou descabelada, batendo os punhos nos lençóis.
— Calma lá! — Bloqueia o eletrônico e o coloca de lado, dando toda atenção a S/n.
— Eu costumava ser "a good boy", só que isso era antes de você aparecer aqui em casa.
— Está dizendo que a culpa é minha de você ser implicante? Já entendi que fui um baque na sua vida e vou me desculpar com você toda vez que me lembrar disso, mas...
— Estava só brincando. Não se cansa de se desculpar à toa? Admito que dei uma surtada hoje, e — ele hesitou, engolindo o nó na garganta —, por isso quem tem que se redimir sou eu.
— Pensei que fingiria que não fez nada. Que eu sou a louca e tudo o que fez de errado eu que inventei.
— Claro que não! Eu sei que... — Ele respira pesado, desviando o olhar encabulado. — Eu sei que eu errei muitas vezes contigo, mas se você deixar eu posso acertar muito mais.
— Tenho uma sugestão. Que tal a gente esquecer o que aconteceu no "verdade ou desafio" e... — Taehyung se vira, pega o próprio celular e ergue o braço no ar. — Vai tirar uma selfie nossa?
— Exato.
— Por que isso agora?
— Acabei de perceber que não tenho fotos suas no meu celular. Não é estranho não ter fotos de quem você ama? — S/n fica sem palavras, corando quietinha atrás dele. — Chega um pouco para a direita. Isso! Fica assim! — Fazendo o solicitado, ela sorri brevemente com o clássico coração coreano nos dedos. — Diga X! — Click! — Ficou ótima! Vou botar como plano de fundo.
Tae abaixa o braço e começa a mexer na galeria do smartphone. Estava distraído. Essa é a chance dela.
S/n levanta da cama dando um bote para roubar o celular dele, mas falha ao tentar escapar do furto e fica presa em um abraço bruto. Tae era — notavelmente — maior que ela, dava-lhe a sensação de que sua movimentação era precária e inútil. Imobilizada, ela se remexe em vão. Ao notar a diferença entre antes e depois, S/n percebeu que Tae havia malhado. O peitoral estava mais firme e os braços mais fortes faziam-na relutar no aperto justo.
— Quanto mais se esfregar em mim, mais eu vou querer que continue e não vou te soltar nem se alguém abrir aquela porta. — Já que ele jogaria assim, ela sorri perversa. Com um movimento rápido, S/n esfrega seu quadril, ou melhor, sua bunda em Tae. — S/n, eu não sei se percebeu, mas quero ir com calma. Faz poucas horas que está de volta e tenho certeza de que está cansada.
— Falou aquele que deixou minha alça do sutiã aparente para todos hoje mais cedo e quase me engoliu com aquele beijo — atreveu-se a jogar na cara dele, destemida como nunca.
— Eu já pedi desculpas, não pedi? Não sei porque fiz aquilo. — Ela ri por ouvir sua voz triste e o resultado é um aperto forte na barriga. Seu braço tem a única e deliciosa função de colar ambos corpos, espremendo e fazendo cada músculo e osso dela passar por um perrengue como se fosse vítima de uma sucuri. — Você tem coragem de rir do meu arrependimento na cara dura, princesa? Que crueldade.
— Deixa eu ver se entendi: Kim Taehyung se arrepende amargamente do que fez com sua princesa e, mesmo afirmando tudo isso, não foi capaz de pensar em algo para se redimir? A não ser que provocações sejam um tipo de clemência de que nunca ouvi falar antes.
O que ela fazia era descontar nele. "Fez com que me sentisse inferior e objetificada? Pois farei com que se sinta desmerecedor de mim, Kimzinho". Taehyung arfa. Era explícito que logo mais, se permanecessem naquela conversa, ele começaria a passar mal.
— Lá vem... O que você tem em mente? Eu realmente sinto muito. Escutou? Por favor, minha linda, não faça isso comigo. Não fique de mal comigo nem me rejeite. Sabe que não suportaria.
— Se está mesmo arrependido, você jura se segurar em público? Jura nunca me expor daquela maneira outra vez?
— Não acha isso meio radical demais? — Dessa vez quem arfa é ela. — Tenho uma contraproposta. Nunca mais te colocarei em uma situação desconfortável e te tratarei como sempre mereceu ser. Pentearei seus cabelos, farei massagem em seus pés e, se não quiser mais tocar no chão, eu tratarei de te carregar em meus ombros aonde quer que você vá.
— Não me parece ruim — diz em tom altivo, logo o agraciando com toques no queixo. — Mas e seu comportamento em público? O que acha que deve fazer para mudar?
— Elimino as situações que te fazem se sentir mal consigo mesma e em dúvida se é certo estar comigo — diz convicto de que era isso que ela gostaria de ouvir.
— Tais situações incluem: beijos na rua, mãos bobas, cantadas ou flertes...
— Eu já te cantei!? — interrompeu abruptamente, duplicando o tamanho dos olhos.
— Taetae... — diz com a voz meramente rouca, advertindo-o.
— Está bem. Se isso te constrange, não faço mais.
A staff acha divertida a maneira que ele parecia desesperado por não poder mais tocá-la em público. Talvez porque até certo ponto ele demonstrava ter mais domínio sobre ela do que os outros e agora foi restringido, ou porque Taehyung esta viciado nela e todos sabem que na reabilitação ninguém consegue arrancar de vez a droga do viciado sem que este sofra sua trágica abstinência. Voltar atrás não é uma escolha já que havia prometido à sua garota que seguiria regras e, caso não as seguisse, tinha medo de perder S/n.
Em seu ponto de vista, S/n não gostava de brincar com corações, ou seja, sentimentos. Tampouco ter seus sentimentos feitos de estepe. Havia alguns sacrifícios a serem feitos e alguns que S/n já fez, mas, desde que tudo continuasse em uma situação controlável, estaria tudo bem.
— Acha mesmo que vou conseguir ficar no meu cantinho toda vez que a gente tiver outras companhias ao nosso redor? — Ela se aproximou dele com a língua de fora louca para lamber o lóbulo quentinho da orelha daquele homem. — Vou te olhar, morder os lábios até ficarem vermelhos e piscar várias vezes para chamar sua atenção por apenas um mísero segundo. E se nada disso funcionar, eu irei até você, colocarei-me nas pontas dos pés e sussurrarei que te quero no seu ouvido.
— Pode repetir? É que eu me distraí naquela parte de morder os lábios. — Ambos riram gostoso. S/n apreciou a gargalhada grave de Kim, percebendo ter um fetiche de beijar aquele pescoço grosso enquanto vibrava ao passo que Taehyung cantava Winter Flower. — Fiquei até arrepiado! Agora, abrindo o meu peito, eu te quero como nunca quis antes, mas você acabou de voltar e sinto que tenho que te dar um tempo para se restabelecer. Sua rotina vai ficar mais cansativa por ter que voltar a nos acompanhar e quero que esteja sempre disposta.
— Que meigo! Te ver todo preocupadinho comigo me enche de alegria! — Ele não consegue evitar e deposita um selinho na testa dela brevemente. — Você é um ótimo namorado, Taetae!
— Namorado?
As más línguas dizem que o mais genuíno caos não faz barulho, é repentino. A garota piscou lento, ainda pensando no que dissera há minutos atrás. Foi imediato. Suas inseguranças voltaram, questionamentos, tudo. Teria vacilado? Ela lentamente desfaz o contato, que acaba em silêncio.
S/n é revirada na cama, ficando de frente para o maior. Suas mãos são agarradas pelas de Taehyung, em forma de concha. O toque leve fez a garota levantar seu olhar e ver seu próprio destino refletido na obscuridade daquelas órbitas oblíquas.
— Pensei que... — tentou se explicar, o que não foi necessário.
— Pensei que nunca acharia a pessoa certa pra mim, e olha só pra você. — Passa o olhar pelo rosto da garota. Nossa! É ela!, pensou e todo o seu peito vibrou, dando sequência aos pensamentos, dessa vez em voz alta: — Eu finalmente a encontrei. Uma das coisas de que mais gosto são clichês, então lá vai... S/n, minha princesa, me daria a honra de ser seu príncipe? — O sorriso da garota era tão, mas tão largo que suas bochechas doíam.
— Sim... sim, sim! — ele levanta e a beija várias vezes. A boca dele tinha o gosto de uma floresta de pinheiros. Taehyung era másculo dos pés à cabeça.
— Ufa! Mas que alívio! Esse pedido de namoro tava estagnado aqui dentro — bate no próprio peito duas vezes, dando pequenos intervalos —, há um tempão! Não sabia qual era a hora certa.
— Tsc! Qualquer hora que você me pedisse eu teria aceitado, bobinho!
— Você me chamou de quê? — pergunta com o semblante arqueado. Os indicadores dele cutucam a barriga dela, fazendo ambos rolarem pela cama. — Repete para você ver o que é bom pra tosse.
— Bo, bi, nho! — A cada nova sílaba, era um beliscão fraquinho nela, o que fez com que caíssem na risada. — Hahaa! Hahaahahaaa! Cócegas!? Taetae! Hahahaaha! Para! Eu não te chamo mais de bobinho! Prometo! Hahaha! Para, Tae!
— S/n, quero deixar isso bem claro. — Ele cessa os movimentos, sorrindo ao tirar os cabelos bagunçados do rosto dela. — Eu não me arrependo de ter entregue meu coração a você e você também não deveria se arrepender de tê-lo me dado. — Aproveitando a posição, Taehyung faz uma breve flexão, deixando um beijo simbólico nos lábios dela. — Sou muito mais completo com você do meu lado.
— Sempre estarei do seu lado. Sempre!
— Princesa, você não tem noção do quão sou apaixonado por você... ah, não tem mesmo.
Com mais alguns amassos, beijos e abraços veio a sonolência depois de um dia tão cansativo como aquele. O casal se ajeitou na cama. Tae descansou o rosto abaixo do queixo dela, abraçando o corpo menor que si e fechou os olhos. Ele não podia estar mais feliz.
— Não acredito que tenho uma namorada — sussurrando, ele aproveita o cafuné lento que S/n deixava em seus cabelos e adormece.
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❝𝐂𝐨𝐥𝐨𝐫𝐬 ❼ ❞
Fanfiction[LONGFIC] Quantas vezes é possível se apaixonar? E quantas paixões fazem uma vida? Para a brasileira S/n, a resposta seria o número cabalístico 7. Ela conheceu os coreanos mais avassaladores do universo por conta de um erro. Não demorou para que el...