❝𝐂𝐨𝐥𝐨𝐫𝐬 ❼ ❞

🌈Louca Obsessão

🌈Música do capítulo: Falling - Harry Styles

Yoongi Pov

    — Aqui! Aqui! É aqui! Para o carro!
    O nova-iorquino passou um pouco do ponto, mesmo eu tendo praticamente enfiado meu notebook na fuça dele e apontado o enorme ponto vermelho no mapa.
    — We need you to stop the car! (Nós precisamos que pare o carro!)
    Após Namjoon ter finalmente feito algo de útil hoje, nós saímos do carro. Jin e Taehyung vieram separados de nós logo atrás em outro táxi. Saímos em fuga do hotel. Não avisamos para ninguém, a não ser Bakho e Ailim, que iríamos atrás de S/n. Se o resto da equipe soubesse que perdeu nosso paradeiro... A Hybe nos mataria.
    Estou tão estressado que até havia esquecido do fardo da minha língua materna. É uma porcaria falar coreano. Eu digo publicamente a todos que tenho orgulho da nossa língua, e tenho mesmo, mas quando penso à fundo nisso... Toda a nossa dor e sofrimento para chegar nesse patamar de fama teriam sido evitados se o inglês fosse nossa língua original. As portas teriam sido abertas há muito mais tempo. É muita injustiça o mundo fazer o meu povo pensar que é inferior só porque não vivemos o estilo de vida americano.
    Tenho inúmeras razões para estar revoltado. Aprendi comigo mesmo a descontar essa fúria unicamente nos meus álbuns solo. Aquele é o meu som, é a minha alma gritando. Aquele sou eu por dentro, rugindo e estremecendo os corpos ao redor. Cada bass é como dar um murro num saco de pancada. Fazer rap é a minha terapia... Ao menos era a um tempo atrás.
    Ter a imagem de um cara carinhoso e amável faz tanto sucesso quanto a de um malandro rebelde, e eu consigo equilibrar perfeitamente os dois feito aquele vilão violeta da Marvel. Quando sou Suga, tento mostrar o ser civilizado que ainda habita em mim, mas o Agust D... Aquele cara é bestializado por completo. Eu pensei que esse último fosse o suficiente para me aquietar. Estava errado. Com tudo o que vem acontecendo o meu sangue borbulha como nunca.
    Em nenhuma circunstância fui de apontar o dedo para alguém e dizer que as pessoas tinham que se tocar sobre o quanto são babacas. Tenho vontade, porém me seguro. Aconteceu de uma vez reclamar do nosso sistema educacional escravista na Coreia, mas Namjoon não me deixou terminar. Ele adquiriu a função de segurar uma placa de "pare" na minha frente toda vez que minhas irritações escapuliam. Com ele por perto, as chances de eu dizer algo prejudicial pra minha própria imagem caem quase para zero. No agora eu realmente preciso dele, caso contrário meu cerebelo fritaria com a temperatura da minha raiva.
    — Ela está por perto. O localizador do celular dela trouxe a gente aqui.
    — Pra onde agora? Tem um monte de prédios! Em qual deles?
— A voz de Jungkook é elevada propositalmente para sobrepor ao barulho da chuva forte. O mundo caía lá fora, impetuosamente como minha desesperança.
   Olhei pro alto levando pingos pesados na testa. O lugar é um fim de mundo. Um beco cercado de construções inacabadas, os tijolos caídos sem cimento abrindo buracos nas paredes rebocadas. Recebemos olhares ameaçadores de moradores de rua.
    — E-eu não sei.
    — Não podemos ficar expostos dessa maneira. Em qual deles ela está, Yoongi?!
    — EU NÃO SEI!
    Meu casaco estava empapado e grudou no meu braço feito uma meleca preta e gosmenta. O frio fez meu queixo bater e quase entregar os pontos. Covarde! Deixe de ser um maricas e ache S/n! A garota não o merece se incorporar uma bixinha friorenta.
    — São três prédios — observou astutamente Jin em meio à sétima praga do egito, cujos pingos d'água mais se assemelhavam a pedras pontudas.
    — Não acho uma boa a gente se separar — Taehyung logo emendou. 
    — Vou no prédio central — declarei e não houveram contestações, ao contrário, meus amigos puseram suas cabeças no lugar e "se separaram para procurar pistas".
    — Nos encontramos bem aqui depois se não acharmos nada. Fiquem ligados no celular. Vamos!
    Com a largada dada por nosso líder, corremos para lados opostos. Segurava contra o corpo a bolsa do meu laptop. O ponto pulsante no mapa não podia se apagar. Simplesmente acreditei que se o laptop continuasse funcionando, S/n estaria viva.
    Temos que te achar e você tem de estar bem. Tem que estar. Cadê você, S/n? Quem te quer tão mal? Eu não tinha você em minha vida a pouco tempo atrás, agora que tenho não sei como vivia antes. Esqueci de como era acordar sem te observar. Entrava no seu quarto só pra te ver dormir, e não era só eu. Peguei Jungkook saindo de fininho com a câmera dele nas mãos na primeira semana que você passou conosco. Não contaria sobre essa atitude dele se ele não contasse que pretendia fazer o mesmo. Tinham vezes que mechas cacheadas tampavam seu rosto e eu as enrolava nos dedos, desmanchando-as devagarinho enquanto você permanecia adormecida. Ficou ainda melhor quando você passou a saber que eu estava lá com você, fazendo esses encontros noturnos pararem de serem secretos. Amanhã nós acordaremos assim. Eu vou te achar.