🌈Novas Turbulências

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🌈 Betado por: @poisoneddreams
🌈 Música do capítulo: Beautiful Mistakes - Maroon 5 Megan Thee Stallion


Mais uma vez ela preparava suas malas, dessa vez com menos roupas curtas e transparentes. Seu pai está lá embaixo vendo televisão enquanto termina de arrumar a bagunça que fez no seu quarto, procurando pijamas confortáveis e tentando achar pela vigésima vez o passaporte perdido. Sorriu, pegando-o caído ao seus pés. Estava vestida com um suéter vinho e a sua calça jeans da sorte, como ela mesmo havia apelidado. Tantos bancos de praças para desabafar com Jaime sobre inseguranças antes de fazer faculdade, tantas banquetas em pubs que Sasha a empurrava para ir, tantas às vezes que se sentou em algo molhado, em um chiclete, mas sempre que lavava e esfregava as manchas e sujeiras saíam, mostrando que o tecido era resistente por si só. Tão desgastada a pobre peça, no entanto, tão na moda. A garota sorriu brevemente, recusando outra vez a jogá-la fora.
Ela termina de encaixar o último par de sapatos na mala e fecha o zíper.
— Filha, Sasha e Deisy estão aqui para vê-la!
O grito do pai a fez dar um pulinho que, com sorte, ninguém presenciou. Ela corre descalça para o andar debaixo, ambas as visitas estão paradas no pé da escada e acaba pulando em Sasha que a sustenta por pouco.
— Viemos nos despedir de você, pulguinha. — Sasha gosta de dar os apelidos mais estranhos com qualquer coisa que venha a sua mente. — E não pense que eu não sei sobre seus coreanos — sussurrou e S/n não sabia onde enfiar a cara.
— Certeza que consegue dirigir, Jaime? Minha filha pode levar S/n sem problemas — sugere Deisy, mãe de Sasha, com um semblante meio preocupado.
— Quero ficar o máximo que puder com minha bebê — responde o único homem da casa sem hesitar com seu clássico sorriso no rosto. S/n conhecia-o muito bem.
Sasha faz uma careta e segura um riso, fazendo a amiga ficar sem graça. S/n lembrou de todas as vezes que isso aconteceu. Mesmo dizendo que não gostava tanto do apelido e que já estava crescida, ele continuava chamando-a assim.
— Pai! — Ele ignora por completo o apelo meio sussurrado dela.
— Agradeço por toda a ajuda e apoio que me deram, só que agora serei eu a levá-la ao aeroporto. — Ele se vira pra S/n. — Está pronta? Traga a mala aqui pra baixo. Vamos partir em quinze minutos, está bem?
— Tá bom!
A sensação de segurança invadiu o corpo dela. Era uma jovem adulta com um emprego maravilhoso, louca para viver intensamente cada segundo de sua vida e ninguém poderia impedi-la. Saber que havia pessoas sendo deixadas para trás era uma sensação que foi passageira, pois sabia que poderia visitá-las e nesse momento, S/n estava pronta para cruzar o mundo e encontrar aquelas sete pessoas que a esperavam ansiosamente.

ಌ사랑ಌ

O aeroporto estava lotado como sempre, movimentações vagarosas entre famílias e casais. Apesar do abraço ter sido de três minutos, o que seria suficiente, para ela não era. Nunca seria fácil dar tchau ao seu próprio pai.
Ela caminha firmemente até o totem de check-in, despachando a mala em seguida. Na hora de entrar na aeronave, S/n faz uma ligação para seu velho e diz mais uma vez que o ama e que ele não pode, de jeito nenhum, deixar de lhe ligar se começar a se sentir mal de novo.
No voo econômico as horas parecem passar mais lentamente, o que é sinônimo de insônia. Crianças choravam e outros idosos eram mais sensíveis a voos de longa duração, passando mal e tendo de serem urgentemente assistidos. Por Deus, era duro admitir para si mesma, mas havia se tornado mimada. Foi mal acostumada, pegando jatinho, viajando pela primeira vez na ala vip, locomovendo-se de limusine na capital. Estava transtornada pela falta de conforto e várias daquelas pessoas não tinham culpa. S/n tomou a decisão de ser mais humilde bem ali.
— Passageiros do voo quatro, quatro, três, oito, aqui é o comandante. Preparem-se para o pouso. Por favor, afivelem os cintos e permaneçam sentados. São nove e cinquenta e cinco do horário local de Seul. Obrigada por escolherem nossa linha aérea e tenham todos uma ótima viagem ou um ótimo retorno.
A ansiedade de pisar no solo coreano pareceu se concentrar todo na barriga da garota, não só pelo futuro pouso mas também, céus, iria vê-los de novo. Ela brevemente segura o braço de seu assento, percebendo que o voo não parecia ter demorado tanto.
Rapidamente, tirou seu suéter e o amarrou na cintura de forma firme, nunca imaginando usar regata ali já que em Seul sempre faz frio.
Foi uma das primeiras a sair e, como era minimamente agoniada com multidões, apressou-se para pegar as malas e sair daquele lugar o quanto antes.
Seguiu para o grande portão de saída, logo em seguida um táxi parou em sua frente e entrou sem pestanejar, embora seus olhos tivessem vasculhado a rua de um lado para o outro procurando uma espécie de automóvel de luxo. Suspirou, refletindo se Linhyog tinha esquecido de sua chegada.
— Pra onde, moça? — Mostrou para o taxista o tal endereço e ele começou a gargalhar. — Essa foi boa... Pode me passar o endereço real?
— Eu trabalho lá.
— E eu sou o presidente! Conta outra! Acha que é a primeira que tenta invadir a mansão deles?
— Olha, senhor, eu realmente não faria esse tipo de maluquice. Se não me quiser deixar na porta, eu posso descer um quarteirão antes.

❝𝐂𝐨𝐥𝐨𝐫𝐬 ❼ ❞Onde histórias criam vida. Descubra agora