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Maya
Uma Semana Depois...

Franzo o cenho olhando pra dentro do meu quarto assim que escuto o barulho na porta de entrada

Olho pro relógio do meu pulso dando outro trago no meu cigarro e vendo que era 20:12 enquanto me perguntava se minha mãe tinha fechado o bar mais cedo

Eu raramente fumava, a... Nicotina me acalmava quando eu lembrava dele

Depois de mais ou menos um minuto eu vejo minha mãe entrando no meu quarto e logo vindo até mim na varanda

Diana: já te falei pra parar de fumar esse negócio Maya, faz mal - ela fala e eu sorriu dando outro trago e soltando depois apagando o cigarro no sinzeiro e deixando ele lá e voltando a olhar para o mar

Vidigal poderia não ser a maior favela do Rio, ou até mesmo a que nao tem a maior qualidade de vida, mas com toda certeza, ela sempre teve uma vista linda, seja lá de onde você tava olhando, do escadarao, do topo do morro, de alguma laje, ou de alguma varanda, era lindo, ver a favela é o mar era tão... Relaxante, o que sujava antes eram as pessoas nojentas daqui, o cárcere que geral vivia

Mas era tão... Perfeita essa vista

Eu: eu sinto saudade dele - falo ainda olhando pro mar sentindo minha mãe me olhar, eu nunca falava dele, dos meus sentimentos, eu preferia sempre guardar tudo pra mim, do que incomodar uma pessoa com os meus problemas

Eu: eu não lembro tanto dele, mas eu lembro do jeito que ele me tratava, e eu lembro do jeito que eu fiquei quando ele foi embora e... não voltou mais - suspiro cruzando meus dedos apoiando os cotovelos na mureta da minha varanda - mas eu sinto saudade dele, eu não falo tanto mas eu sei que a senhora se preoculpa comigo, eu sinto falta dele mas eu espero que ele esteja feliz, com... uma família, casado e ... sei lá feliz - sinto um aperto no meu peito só em pensar na possibilidade dele estar casado

Eu não falei da boca pra fora, eu espero muito que ele esteja feliz com alguém , mas em pensar na possibilidade meu coração ficava pequenininho

Diana: e se ele voltar? Se estiver... Sei lá, solteiro?- riu desviando meu olhar do mar pra ela

Eu: a questão não é ele estar solteiro, é ele estar feliz sem mim, poxa ele disse que ia voltar, mas depois de 7 anos, sete anos ele nunca mais pisou o pé aqui pra saber se eu estava bem ou não, e mesmo se ele voltasse não ia ser a mesma coisa, foram sete anos esperando ele - falo olhando pra ela e suspirando no final voltando a olhar pro mar

Poxa foram sete anos

Vocês sabem o que é esperar sete anos por uma pessoa que claramente não vai voltar e que claramente não deve mais lembrar de você?

Doia

Diana: ele ainda pode voltar

Eu: ele não vai - suspiro rindo de leve - vou ir lá no campinho tá? Tem um monte de gente na rua, pelo menos não tem toque de recolher- falo vendo minha mãe assentir, dou um beijo na testa dela saindo da varanda pegando o maço de cigarro e o bic na mesinha do meu quarto saindo de casa

Descendo as escadas, saio pela porta lateral do bar

Depois de uns 5 minutos eu cheguei no campinho, algumas crianças brincavam enquanto seus pais olhavam eles da arquibancada, outras crianças brincavam no escorregador e no balanço

Nunca tinha criancas aqui a noite, tanto pelo toque de recolher

Quanto pelo medo do Grego, ele não gostava muito de crianças, é sempre olhava pra eles com aquele olhar dele malicioso nojento

Suspiro indo até um banco livre pegando outro cigarro sentindo minhas mãos tremerem

Sabe crise de ansiedade? É uma merda né? Você sente sua garganta fechar e seus olhos encherem de lágrimas ao mesmo tempo as mãos tremiam e você sentia o seu estômago embrulhar

Acendo o cigarro ainda sentindo minha mão tremer e eu fungo dando um trago sentindo meus olhos se encherem de lágrimas e eu as seguro

Pego meu celular no cós do meu short e vejo as horas 20:40

Gaspar: pô, ce tá bem?

Me assusto deixando o celular cair no chão e olho pra trás vendo ele se sentar do meu lado e  pegar meu celular limpando com a mão e me dando olho pro meu celular vendo se tinha algum quebrado e coloco ele no cós do meu short de novo

Gaspar: foi mal

Eu: não tudo bem- dou um tapeleco no na ponta do meu cigarro fazendo as cinzas cairem e dou outro trago soltando a fumaça  sentindo minha mão ainda tremer enquanto eu batia o pé no chão inquieta

Gaspar: não sabia que você fumava - olho pra ele vendo ele olhar pra minha mão tremendo no meu colo enquanto eu apertava minhas unhas na palma da mão e batia os pés no chão

Eu: É raro - riu de leve e olho pra ele que olhava pros meus olhos fazendo eu desviar o olhar

Já falei que o olhar dele é... Profundo?

Gaspar: não devia fumar, faz mal

Eu: você tá falando igual a minha mae  - riu baixo batendo meus pés no chão e eu sinto ele segurar a minha mão fazendo eu olhar pra ele e depois tirando a mão dele da minha - desculpa mas... Eu nem te conheco  - riu dando o último trago no cigarro jogando fora vendo ele rir

Gaspar: eu sou o Gaspar  você a Maya, já nos conhecemos - eu riu o olhando -  confia em mim - ele fala olhando pros meus olhos e eu suspiro sentindo ele pegar minha mão de novo apertando e leve fazendo um arrepio passar pelo meu corpo, o mesmo arrepio daquele dia quando eu fui pegar as cestas básicas na boca

Minha Perdição Onde histórias criam vida. Descubra agora