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Maite

Suspiro fundo em busca de paciência batendo minha mão na lateral do celular na esperança de assim ele parar de travar

Me encosto na gradezinha que tinha ali e agradeço pela sombra da árvore

Eu: porra de celular do caralho, tinha que dar piti justo agora porra?- suspiro batendo o pé no chao e apertando o botao de ligar de desligar vendo ele nem ligar e nem desligar

Olho as horas e vejo que já era quase 13:40

Era pra eu ter buscado o Izaque a uns 10 minutos porra, e agora essa merda desse celular num destrava pra eu pedir uber, ou pedir pra Maya pegar ele pra mim, e não tem a porra de um moto-taxi perto

Olho pra rua suspirando já sentindo o coração acelerar e os meus olhos enchendo de lágrimas

Eu: o porra...

Aperto e seguro de novo o botão de ligar e desligar e o celular apaga

Olho pra rua de novo e vejo o cara na moto virar a cabeça pra mim e virar a rua ali, não deu dois minutos e a moto voltou vindo de vagar na minha direção e o medo já tomou conta já, não conhecia a moto, e a visera do capacete tava abaixada

Saio dali de perto da grade e começo a andar rápido tentando ligar o celular e olhando pra rua procurando algum lugar movimentado pra eu me enfiar

Eu:Jesus por tudo que é mais sagrado nessa vida, me ajuda pelo amor de Deus

Olho pra trás vendo a moto perto e penso em correr mas eu já li em algum lugar que isso só pode piorar, por que a pessoa pode tá com arma de fogo e essas porra toda

Vejo a moto passar por mim e parar a menos de um metro do meu lado perto da causada

Eu: olha moço eu não tenho nada aqui não, a única coisa que eu tenho é 100 reais que eu consegui agora no bico ali na pizzaria e esse celular de merda que nem liga pra eu pedir um uber - falo rápido com os olhos cheios de lágrimas gesticulando com a mao e já abrindo a bolsa pegando o dinheiro e me embolando toda pra falar

volto a olhar pra frente vendo o cara em cima da moto apertar o botão do capacete e abrir a visera deixando a mostra aqueles olhos castanhos e aquela tatuagem que eu conhecia muito bem

Dedé: da doida é?

Suspiro sentindo meu coração se acalmar e meus olhos ainda cheios de lágrimas quase escorrendo algumas

Suspiro colocando minhas mãos nos joelhos agradecendo a Deus

Eu: você quer me matar... - falo baixinho sentindo uma lágrima molhar minha bochecha e eu passo a mao rápido nos olhos

Percebo o Dedé abaixar o pezinho da moto, tirar o capacete e depois vir até mim

Fico em pé suspirando passando a mão na testa e olhando pro céu, sinto ele me empurrar de levinho até a parede ali e eu olho pra ele que estava em uma distância consideravelmente boa pra mim

Dedé: ce tá bem? Respira po, tá tremendo ai - ele fala com o jeitinho dele de cavalo e eu susoiro fechando os olhos encostando a cabeça na parede por poucos segundos e volto a olhar pra ele

Dedé: que foi? Alguém fez algum bagulho pra você?

Eu: eu fui fazer um bico na pizzaria, mas eu tive que sair um pouco depois do horário por que a dona me fez ficar mais tempo pra ajudar as meninas a limpar lá pra noite, e eu tenho que pegar o Izaque na escola, só que meu celular tá quebrado e ele fica travando e não deu pra eu chamar uber ou pedir pra Maya ou pra Diana pegar o Izaque pra mim e....

Paro de falar já sentindo meus olhos cheios de lágrimas de novo e sentindo as mãos do Dedé em cada lado do meu rosto me fazendo olhar pra ele

Dedé: eu te levo pra buscar o Izaque, calma...

Sinto uma lágrima desce pela minha bochecha de novo

Eu: leva mesmo? - minha voz sai falhada e eu já senti até meus ombros relaxarem vendo o Dedé assentir várias vezes e passar o polegar por baixo do meu olho secando as lágrimas

Dedé: lógico pô, só se acalma beleza? Vai ter um treco aí po, aí eu nao vou saber como te ajudar nao - ele fala ainda olhando pros meus olhos e eu suspiro fraquinho uma, duas e três vezes

Dedé: pronto? Tá bem?

Assisto duas vezes

Eu: tô bem, tô bem, passou - suspiro outra vez sentindo ele se afastar e ir até a moto vou atrás dele e ele me passa outro capacete que só agora eu percebi que tava ali, coloco o capacete vendo ele montar na moto

...

Izaque: MAEEEEE - vejo meu pequeno vir correndo até mim passando pela tia e pulando no meu colo

Eu: oi meu amor, desculpa a mamãe ter demorado tá bom - colo meu nariz no pescoço dele sentindo aquele cheirinho do meu bebe

Suspiro fundo sentindo meu corpo inteiro relaxar e eu agradeço a Deus por conseguir chegar nao tão atrasada e pelo Dedé aparecer

Izaque: tá bom mãe, eu brinquei mais com a tia Cle, e hoje a gente fez um desenho com gliti ficou muitoooo bunitoo

Riu vendo ele aumentar um monte de "o" nas palavras já sentindo meu coração quentinho

Eu: é eu percebi, olha seu cabelo amor- passo a mao no cabelo dele rindo e mostro pra ele minha mao cheia de glitter vermelho e azul que ri alto também

Olho pra trás vendo o Dedé olhar pra gente com um sorrisinho de lado quase imperceptível

Isaque: tio devirid' - ele se meche no meu colo pra eu colocar ele no chão e assim e faço vendo ele ir correndo pro Dedé

Dedé: tu não acerta meu nome mermo né- escuto a risada do Dedé e eu volto a olhar pra Clemente na minha frente

Eu: Obrigada de verdade por ter ficado mais com ele Cle, não sei nem como agradecer

Cle: que isso Maite, ce sabe que não é sacrifício nem um pra mim e nem pra ninguém dessa escola, Isaque é um anjo - sorriu pra ela agradecendo e me despedindo indo até a moto escutando o Isaque falar sobre o desenho com "griti" que ele fez hoje

Eu: então mocinho, vamo pra casa? Tomar um banho e comer?

O Dedé me olha ainda sorrindo da conversa dos dois

Dedé: eu levo vocês po

Eu: se não tem que trabalhar não?- ele coloca a mao no peito como se estivesse ofendido

Dedé; ce viu né Zaque, sua mãe não quer minha companhia com vocês

Eu: até parece que você se ofende fácil David - coloco as mãos na cintura e ele me olha com os olhos meio cerrados e aquele olharzinho cheio de segundas intenções, segundas, terceiras, quartas ...

Isaque: vamo mamãe, deixa o tio ir com a genteeee



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