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Dedé

Escutei cada murmuro dos dois no quarto

Escutei sobre o guri que tinha falado do doador de esperma e sobre o Isaque não ter uma "familia" de verdade

Escutei as palavras da Maite e alguns fungos dela

Escutei o Isaque perguntando por que eu não poder ser o pai dele já que eu gostava dele

Escutar aquilo me deixou... Sei lá estranho, escutar o murmúrio sofrido dos dois e ele contando o que tinha acontecido doeu pra caralho

Não sei por que, tive vontade de entrar naquela escola e fazer o fuzue todo namoral mermo

Senti vontade de abraçar os dois taligado, pra cuidar dos dois, dar toda a assistência possível, todo o carinho do mundo taligado

Era até estranho pra mim essa sensação, estranho pra caralho

Escuto os passo no corredor e viro meu pescoço pra olhar a Maite com os olhos vermelhos e a ponta do nariz vermelho

Ela desvia o olhar e vai até a cozinha, levanto e vou junto chegando vendo ela encher um copo de água me olhar rápido e tomar focando em um ponto na parede perdida em pensamentos

Me encosto ali no batente e a observo por um minuto vendo seu rosto ficar vermelho

Eu: o Isaque tá bem?

Maite: ele vai ficar- ela sorri de leve lavando o copo e colocando no escorredor se virando pra mim de novo

Eu: você ta bem?

Percebo por uma fração de segundos os olhso dela com lágrima e aquela porra me matou por dentro

Ela se vira de novo pra pia desdobra e dobra um pano ali passando pelo mármore limpo

Eu: Maite - me aproximo dela segurando seu pulso e a virando pra mim Me deixando ver claramente seus olhos lacrimejando mais e mais

Ela apoia as mãos no mármore ali e olha pra chão

Maite: eu sou uma mãe horrível

Eu: o que? Claro que nao

Bagulho nada a ver com nada, dava gosto de ver como a mina tratava esse guri, fazia de tudo pra ver ele bem e feliz porra

Ela joga a cabeça pra trás e eu me aproximo mais sentindo ela inrigecer mas não paro, coloco minhas mãos em volta do rosto dela fazendo ela olhar pros meus olhos e eu fico parado ali por alguns segundos

Eu: você é a mãe mais foda dessa mundo inteiro Maite - sussuro as palavras tentando fazer ela entender

Ela me olha ainda com as mãos apoiadas no mármore e eu vejo ela balançar a cabeça fechando os olhos, vejo as lágrimas rolarem pelo seu rosto e ela tombar a cabeça pra frente encostando a testa no meu peito fazendo meu coração acelerar

Bagulho doido

Eu: quando você vai perceber isso mano? O jeito que tu cuida do moleque, o jeito que tu se esforça pra caralho pra dar do bom e do melhor pra ele agora fala que é uma mãe horrível, tá de sacanagem? A maioria por aí aí faz um terço do que você faz po - falo baixo passando minha não pelo pescoço dela acariciando seu cabelo curto escutando ela soluçar de leve e olhar as duas mãos no final das minhas coisas, meio que me abraçando

Em todos esses anos eu conheço, observo e falo com ela, nunca tivemos tão perto igual agora, tão juntos taligado, tão próximos desse jeito

Ela ficou alguns segundos quieta daquele jeito, comigo fazendo carinho na nuca dela e ela se acalmando de leve

Eu tava ligado que não era fácil ser mãe sozinha não, por isso eu admirava ela, toda a porra que ela passou é ainda continuar em pé

É pra poucos

Ela funga fraquinho e se distancia de mim

A não volta...

Ela volta a se encostar no mármore ali e passar a mão no cabelo jogando ele pra trás que fez eu prender a respiração

Ela limpa as lágrimas rápido e eu vejo seu rosto ficar vermelho

Levanto minhas mãos na direção do rosto dela e passo meu polegar por baixo dos seus olhos limpando as lágrimas com ela me olhando ou desviando o olhar pra qualquer coisa atrás de mim

Passo meu indicador pela bochecha dela só fazendo carinho mermo vendo os olhos dela prender nos meus

Desço meus olhos pra boca dela e eu suspiro fraco me aproximando dela e colando minha testa na lateral da dela passando meu nariz pela sua bochecha

David ela mal porra, ela tava chorando a 15 segundos atrás

Dou um beijo ali na sua bochecha e suspiro mais uma vez afastando meu rosto do dela

Eu: tá bem? Tá mais calma?

Ela assente algumas vezes ainda me olhando e eu percebo suas sobrancelhas franzidas de leve

Eu: eu tenho que ir embora, se você precisar de alguma coisa... Qualquer coisa Maite me manda uma mensagem falo?

Ela assente de novo e eu dou um passo pra trás na direção da porta mas ainda de frente pra ela

Dou mais dois passo pronto pra me virar

Maite: Obrigada David... De verdade - olho pros seu rosto vendo um sorriso pequeno no seu rosto e eu sorriu de lado fazendo um aceno com a cabeça

Minha Perdição Onde histórias criam vida. Descubra agora