Minha Perdição

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Matias

Taligado quando tu tá com o peito doendo  com o coração pequeno? então...

Entro no carro e olho pela janela não vendo a Maya mais ali

Suspiro fundo vendo eles derem partida e saírem do morro, o tal do Leonardo  me olhou pelo retrovisor sorrindo fazendo eu revirar os olhos escutando ele rir

Pelo que eles tinham falado eles moravam em um hotel em Leblon, zona sul do Rio de Janeiro, uma parte de rico, eles não pareciam morar lá

Paola: Você tá bem Matias?- ela pergunta virando o corpo pra trás me olhando

Eu: Arram, tô ótimo - falo na ironia  ela ri se virando pra frente, os dois se olham e logo o Leonardo começa a falar

Leonardo: nos mentimos sobre uma coisa- desvio meu olhar da Janela pra ele sem entender

Olho pra porta de trás e vejo o pininho levantado, era sinal que, se alguma coisa acontecesse, eu podia abrir a porta e pular o carro

Paola: não moramos na zona sul, e nem somos empresários, nos moramos no morro a Rocinha, lá é um lugar legal, você vai gostar e lá, não é igual o Vidigal, lá as pessoas são felizes, todo mundo trata todo mundo bem, ninguém faz mal a ninguém e quem comanda lá é o Barão....

Leonardo: o seu pai Matias

Meu coração já tava acelerado, como assim pai? Eu não tinha um pai

Eu: eu não tenho pai - falo colocando a mão na massaneta da porta

Paola: você tem, e ele é o melhor dono de morro que você vai conhecer agora, ele é bom, ele ajuda todo mundo, doa cesta básicas, ele teve que deixar você com a sua vó por conta do Grego, mas ele vai te explicar tudo, não precisa ter medo - Paola vira pra mim e olha pra minha mão na massaneta - a gente tava te procurando a muito tempo Matias, seu pai tava doido atrás de voce - ela fala mais baixo e eu olho pra minha mao na massaneta

Se ele é bom, ele pode me ajudar a tirar a Maya de lá, eu posso dar uma vida pra ela fora daquele lugar

Tiro minha mão da massaneta e suspiro

Matias: É a gente tá indo pra onde agora?

Leonardo: Rocinha, você vai gostar de lá- ele fala sorrindo me olhando pelo retrovisor

...

Demorou um tempo pra nois chegar lá na Rocinha, eu já tinha ouvido falar de lá

Eles falaram com um cara alto da passagem e logo eles deixaram o carro subir, eu olhava tudo, não era igual o Vidigal, era animado, várias músicas diferentes tocavam de vários pontos do morro, pagode, funk, sertanejo, várias pessoas nas portas das suas casas bebendo, brincando, dançando, sorrindo com seus amigos

Era animado, passamos por uma rua e eu vi alguns meninos da minha idade mais ou menos tirando quatro pares de chileno que eles tavam usando como gol, pegarem a bola e saíram pra calçada

Vejo Leonardo buzinar duas vezes e fazer um joinha pra eles que sorri cumprimentando ele

Demorou mais alguns minutos até eles pararem em uma casa grande, era enorme, e bem bonita

Leonardo: Aqui é a sua casa - escuto ele falar enquanto nois descia do carro

Eu: minha casa?

Paola: É... Sua e do seu pai, seu pai tá esperando você  aí

Essa ideia de ter um "Pai" era estranha pra mim, eu sempre fui sozinho, e agora saber que eu tinha um "Pai"  era estranhao

Entramos a casa e eu vi duas pessoas ali, um cara muito alto e musculoso e cheio de tatuagens que tava sentado em um dos sofás e no outro uma senhora que tava com as mãos juntas enrolada em um terço rezando

Vejo eles nos olhar e eu olho pra sala inteira ainda emburrado, o lugar era enorme, a sala era  branca, em uma das paredes tinha uma TV enorme, enorme pra caralho taligado

No meio da sala, na frente dos dois sofás tinha uma mesinha de vidro

Vi uma porta num canto e eu nem prestei atenção muito atenção

Vi o cara grande e musculoso se levantar e eu olho pra ele cruzando os braços sério erguendo uma sobrancelha

Leonardo : aí Barao, o muleque tem sua marra - vejo geral a sala rir e o cara andar até mim e me abraçar e eu faço uma careta vendo ele se distanciar rindo

Barao: eu sei que você quer respostas, e eu vou responder todas as suas perguntas

Eu: o mínimo né

Vejo ele sorrir de lado me olhando

Me senti bem do lado dele taligado, sei lá

Ele era meu pai, né?

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