39

6.3K 409 32
                                    

Maya
Três dias depois...

IDL

Maitê: ééé menina, disse que a mulher descobriu que o cara tava com ela é foi em Angra, a cara dela cheia de marca de unhas - arregalo os olhos enquanto dobrava algumas rouoas que tava em cima a minha cama, eram peças que tinham acabado de chegar de Sampa,  eu sempre abria todas pra ver e não tinha  nem um rasgo ou mancha

E se tivesse eu mandava de volta e trocava por outra peça

Enquanto isso a Maitê falava sobre a Julia que tinha voltado pro morro hoje

Eu: falei que ia dar treta esse negocio  - falo olhando outra peça e depois dobrando

Maitê: ela chegou hoje de manhã, disse que o cara colocou ela pra correr e foi atrás da mulher, nem deu dinheiro pra ela voltar

Eu: mentiraa- falo parando e dobras as roupas processando

Imagina...

Por mais que eu não seja uma das grandes fãs da Julia, mas posso imaginar o jeito que ela se sentindo, Maitê disse que ela parecia apaixonada... uma coisa que é dificil pra Julia, mas vai saber né

Maitê: éééé, deu até uma dó

Eu: imagino o jeito que ela deve ter se sentido, ela passou semana com o cara e depois ele correu pra mulher dele

Maitê: tava mais que na cara né,  era  mulher dele, ele tem dois filhos com ela, mas ele podia pelo menos ter dado dinheiro pra ela vir ambora- concordo com a cabeça sem ela ver

Eu: tu conversou com ela?

Maitê: tentei , veio cheia de cavalisse deixei de lado, que ser cavala seja sozinha - riu do jeito que falou, ficamos conversando por mais algum tempo até ela desligar que ia buscar o Isaque na escolinha

FDL

Suspiro pegando meu maço de cigarro e o esqueiro e indo pra varanda, acendo olhando pro mar e depois ficando na ponta do pé olhando pra baixo, pro bar da minha mãe que ainda tava aberto

Tinha algumas pessoas lá brincando, bebendo, comendo e dançando um sertanejo que tocava na TV

Dou um trago e volto a olhar pro mar soltando a fumaça de vagar sinto como se alguém tivesse me olhando e olho pro outro lado da rua vendo o Gaspar e o tio dele seguravam uma latinha de cerveja

Sorriu de leve pra ele que retribui sorrindo grande fazendo minhas bochechas ficarem vermelhas, vejo ele fazer um sinal com a mão para eu ir lá e eu faço uma careta negando e dando outro trago no cigarro, vejo ele continuar me olhando e eu suspiro depois de alguns segundos fazendo um sinal com a mão pra ele vir

Ele fica parado alguns segundos lá e da um aperto de mão no tio dele vem em direção ao bar fazendo meu coração acelerar

Não achei que ele ia vir

Escuto ele bater na porta e eu riu de leve saindo do meu quarto correndo e indo abrir a porta

Eu: não achei que ia vir - falo vendo ele sorrir e eu dou espaço pra ele entrar

Gaspar: e por que nao?- dou os ombros rindo vendo ele observar a casa

Eu: minha mãe falou alguma coisa? Fica a vontade

Gaspar: só perguntou se eu ia te ver, sua casa é bonita

Eu: valeu, pode vir - falo andando em direção ao meu quarto escutando ele me seguir, dou outro trago no cigarro entrando no quarto vendo ele olhar tudo e eu vou pra varanda novamente vendo ele vir junto

Eu: senta aí - falo apontando pra outra cadeira e ele senta me olhando e depois desviando o olhar pro mar

Gaspar: a vista é bonita - eu assinto vendo ele me olhar e eu tombo a cabeça na cadeira dando o último trago no cigarro vendo ele sorrir e eu corar

Eu: é o meu lugar preferido da casa é tão... calmo - falo colocando o cigarro no cinzeiro vendo ele ainda me olhar sem falar nada

Ficamos alguns minutos assim até ele voltar a falar

Gaspar: me conta mais sobre você- ele fala e eu riu

Eu: sobre mim? Não tem muita coisa pra contar sobre mim - riu por saber que era mentira, eu não gostava de contar sobre minha vida com ninguém

Gaspar: quero saber de tudo - ele fala se ajeitando na cadeira e eu suspiro voltando a olhar pro mar

Eu confiava nele?

Me perguntei mentalmente

Eu: nasci aqui no morro, a mulher que me deu a luz era uma viciada de merda, não me lembro dela graças a Deus... Mas lembro do dia que ela morreu, ela saiu de casa cedo e não voltou, fiquei trancada em casa por alguns dias até Diana me encontrar e me levar pra casa abrigo, aquela que a gente toma conta agora, fiquei lá por uns anos até o ex marido da Diana morrer, então ela me adotou - faco um resumo geral ainda olhando pro mar

Gaspar: que história - olho pra ele é sorriu de leve me lembrando do Matias mas logo tento tirar ele da minha mente

Eu: e  você? Conta a sua história-  vejo ele abrir a boca e depois fechar olhando pro mar mas depois voltando a me olhar

Gaspar: não é interessante, nasci e cresci na Rocinha, minha mãe morreu, eu fui morar com a minha vó, por uns bagulho que tava acontecendo na época, depois ela morreu e meu pai me pegou, com 16 anos eu entrei pro crime e aqui estou eu - ele suspira ainda me olhando e eu dou um sorriso de leve

Imagina a dor de perder as pessoas que te criaram

Eu não sei o que é isso, minha mãe era uma drogada e eu nem lembro dela, mais muitas pessoas devem saber, imagina a dor

Eu: sinto muito pela sua vó e sua mãe

Gaspar: suave, faz no tempão que isso aconteceu - ele eu de leve e continuar me olhando

Minha Perdição Onde histórias criam vida. Descubra agora