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Maya

Diana: você tem certeza que tá bem? Pode subir que eu me viro - ela pergunta pela milionésima vez e eu riu revirando os olhos enquanto fechava o caixa e eu olho pra Maitê sentada no balcão que ria da minha cara

Eu: mãe eu tô bem, pelo amor de Deus- falo bufando

Eu até achava estranho

Eu tava bem, muito bem, tipo, bem pra caralho

Nem parecia que ontem a tarde eu tinha tido uma puta crise de anciedade do caralho

Gaspar me acalma e uma forma que eu nem sei como explicar, ele chegou e deixou tudo tão calmo, que parecia que eu tinha fumado três beck de tão suavinha que eu tava

O estranho também é que ninguém tava me olhando, e nem comentando nada

O que era estranho, sempre que tinha algum tipo de fofoca enrolando alguma pessoa o povo passava rindo anotava o dedo, debochada a sua cara

Confesso que eu fiquei até com medo de eu sair na rua hoje é isso acontecer, até decidi não abrir a loja

Mas nada aconteceu, nem um olhar estranho, nem um sorrisinho de deboche

Nada, absolutamente nada

Eu não era idiota também, sabia que tinha dedo do Gaspar nisso

Suspiro fundo sorrindo de leve me lembrando de ontem a noite, ele foi embora bem tarde, por que sempre que ele falava que tinha que ir embora ele começava  me beijar e a gente arranjava mais algum assunto pra conversar

Era tão incrível, surgia assunto do nada, era bagulho natural taligado, a gente não se esforçava pra arranjar algum assunto

Sinto um arrepio gostoso passar pela minha espinha quando me lembro dos nossos beijos, das mãos dele no meu corpo, me apertando, os beijos dele no meu pescoço

Eu: Jesus Maria José  - me estremesso de leve me desencostando da bancada indo até o caixa pra procurar o que fazer e eu vejo a Maitê me olhar rindo fazendo eu revirar os olhos

Maitê: Maya, Maya, controle esses seus pensamentos pecaminosos - ela tira onda com a minha cara e eu riu olhando no relógio vendo se não tava no horário de buscar o Isaque

É faltava bastante tempo ainda

Escuto barulho de chinelo batendo no piso e eu olho pra entrada vendo a Dona Valdete

Suspiro fundo

Eu: tava bom de mais pra ser verdade - murmúrio baixo vendo ela vir até o bar me olhando

Dona Valdete, a minha atormentação des de criança

A mulher nunca foi com a minha cara, começou quando eu era criança e andava pra lá e pra cá com o Matias, me xingava de tudo, mas eu nem ligava muito, mas eu ficava puta da vida quando xingava ele, porra...

Eu ficava triste pra caralho, vivia escutando ela xingar ele de marginal, trombadinha e os caralho tudo

Matias nem ligava não

Piorou agora, já que eu tenho amizade com alguns vapores da patente alta, como o Dedé e Matemática

Vive por aí falando mal de mim, que sou isso é aquilo, mas pelo menos eu trabalho pra ganhar o meu é não fico cuidando da vida dos outros

Ela é minha mãe nem se bicam, vivem trocando farpas mas nunca brigaram mesmo por conta do Grego, por que era só uma briguinha no meio da rua fazendo escândalo e ia pra vala

Eu: Dona Valdete, precisa de alguma coisa?- pergunta com toda a educação que minha mãe me deu vendo minha mãe da cozinha olhar pra gente

Dona Valdete: me dá um maço de cigarro - ela me olha toda seria da cabeça aos pés e eu me viro pra pegar o cigarro no armário de vidro

Dona Valdete: ficou sabendo que o teu namoradinho deu um pau na minha filha e raspou a cabeça dela?- paro a onde eu tava por alguns segundos prendendo a respiração e logo volto a me mecher pegando o cigarro

Dona Valdete: éééé, ela tá toda dolorida gemendo de dor, por que aquele traficantezinho deu uma surra nela e na Tamires, nela por ter tirado a foto e a Tamires  por ter publicado aquele texto - ela debocha me olhando quando eu me viro pra ela e entrego o cigarro

Eu: 2,50 - falo baixo e ela tira o dinheiro do bolso de trás do short e joga na bancada, eu pego os cinco reais e pego pro caixa vendo minha mãe fazendo mensal de avançar e eu nego com a cabeça vendo ela bufar e voltar a fazer o que tava fazendo

Dona Valdete: viu, ela nem liga, é claro né, mulher de bandido tem que ficar quieta mesmo - ela ri e eu volto pra frente dela com o troco e jogo na bancada fazendo o um real cair no chão

Apoio minhas duas mãos na bancada e olho pra ela

Eu: aí Dona Valdete, eu não tenho nada a ver com isso, é se ela apanhou tenho certeza que teve algum motivo, então se você veio aqui pra debochar da minha cara, ou me insultar, pode sair - eu aponto pra rua sorrindo no final vendo ela me olhar com deboche e comecar a rir cínica

Minha Perdição Onde histórias criam vida. Descubra agora