Minha Perdição

08

Diana

Eu amava aquelas crianças, amava aquele lugar, sempre amei

Sempre gostei de cuidar de quem precisa, seja criança, adulto, senhor, sempre foi minha paixão ajudar as pessoas

Como já dizia o ditado: fazer o bem sem olhar a quem

Talita, a minha amiga que trabalha lá na casa abrigo, também é a fundadora, diz ela que eu tenho já tenho uma vaga no céu, eu sempre ria

Sempre fui muito apagada na crianças de lá, principalmente Maya, meu sonho seria adotar aquela coisa fofa, Arnaldo faltou me expulsar e casa quando achei ela é levei ela pra lá

Ele não é um... bom marido, digamos assim

É não era mesmo, conheci ele quando eu era nova, me apaixonei, larguei tudo por ele, família, pai, mãe, tudo, como sempre dizem, no comeco tudo é flores depois vem as dores

E depois que passou a fase "amor e carinho" começaram os tapas, depois os socos, depois os chutes, e depois eu me via acordando no postao todas as vezes que ele chegava bêbado em casa

Já perdi as contas de quantas vezes denunciei ou pelo menos tentei denunciar ele pro Grego, mas é a mesma coisa que nada, dizia que tinha que aguentar por que era mulher, que "puta" tinha que apanhar mesmo

Nojento

Que todo mundo odiava o Grego aqui na favela já não era mais segredo pra ninguém

Alguns vapores que tinham mais juízo já tentaram dar um "susto" no Arnaldo, mas quem disse que adiantava, no outro dia já tava me batendo e novo e matar eles não podiam , por que se não eles morrem, por que ninguém tinha dado o aval

E eu não queria sair daqui, eu não tinha casa, nem dinheiro por que Arnaldo dizia que eu tinha que ficar m casa fazendo comida pra quando ele chegasse, machista

Odiava isso, sempre gostei de trabalhar pra conseguir o meu próprio dinheiro, pra não depender de ninguém

Também não queria sair daqui por que não queria deixar as crianças, não queria deixar a Maya...

Maya é uma criança batalhadora e nem sabe, sobreviveu nas mãos daquela puta da mãe dela, todo mundo conhecia a mulher , mas ninguém sabia que ela tinha filha 

Ela é Matias criaram um laço muito forte, melhores amigos... Eu achava lindo né

Ele defendia ela de qualquer coisa

Confesso que fiquei apreensiva quando o casal que veio adotar algum deles hoje ficavam olhando muito pro Matias...

Ele merece uma família, já sofreu e mais, mas Maya vai ficar arrasada se ele for embora

Talita não pode vir hoje, filho doente, então pediu para eu ficar, acho que que foi bom, pelo menos vou estar do lado deles

Eu: então, ficaram interessados em alguém? - pergunto sorrindo apreensiva e eu vejo eles sorrirem

Paola: na verdade sim, gostamos muito do... Mathias, mas não tivemos muito tempo para conversarmos com ele, as crianças ficaram animadas - suspiro discretamente sorrindo pra eles

Eu: imaginei que estariam interessados nele, Matias é um menino muito bom, e muito inteligente, tem 16 anos, ele tem um laço muito forte com uma das garotas que vivem aqui, Maya, eles estavam juntos lá na sala

Leonardo: sim nós percebemos, mas, ficamos muito interessados nele- vejo ele sorrir e eu sorriu junto

Paola: como, ele chegou aqui?- ela pergunta e eu vejo os dois se olharem e depois me olharem e eu franzo a sobrancelha logo disfarçando

Ok, era normal o casal perguntar como a criança chegou aqui

Eu: bom, Matias já sofreu muito, era criado pela avó, que morreu, queriam levar ele para um reformatório e ele fugiu, viveu na rua por alguns anos até passar na frente do morro, Grego, o dono daqui o trouxe pra cá - até estranhei esse dia para falar verdade, Grego nunca ajudava ninguém

Ficamos conversamos por mais alguns minutos e eu saí para trazer o Matias

Entro na sala vendo as crianças brincarem e eu suspiro nos até Maya e Matias que estavam no canto da sala conversando

Eu: Matias, posso falar com você por favor?- ele me olha sério

Matias: vou falar com eles nao Diana - ele fala sério e eu suspiro vendo a Maya me olhar

Eu: Matias, é uma família que quer te adotar - falo tentando fazer ele compreender, não era todo dia que aparecia gente para adotar as crianças, principalmente as mais velhas

Matias: vou não pô, não quero ir

Maya: vai Matias é uma família- ela sorri de lado ainda triste e eu vejo ele suspirar

Matias: eu vou falar com eles, mas não vou embora

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