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Maya

Tava toda ansiosa né,  tinha acabado de chegar na escola, hoje era o primeiro dia de curso, eu tava toda perdida mas consegui algumas informações com uma das monitoras que ficavam no corredor para auxiliar os alunos e pá

Tinha muita gente nariz em pé, quando entrei na minha sala já percebi alguns olhares em mim

Me sentei em uma das bancadas do fundo suspirei

Xxx: oi, é seu primeiro dia aqui também? - olho pra mulher do meu lado, aparentava ter uns 25 anos

Xxx: prazer Livia- ela estende a mão e eu aperto sua mao

Eu: é sim, Maya, o prazer é meu - controlei minha vontade de soltar um "Satisfação, beleza?" E sorri simpática

Lívia: O meu também mulher, tô toda perdida

Eu: nem me fale, tive que perguntar pra uma das auxiliares onde era minha sala- nos rimos baixo e eu nos calamos assim que vimos uma mulher passar pela porta da sala

Ela era linda e muito estilos, aparentava ter uns 30 anos, negra , magra com um corpo incrível e seus cabelos afro eram simplesmente... maravilhosos

Xxx: boa tarde pessoal, meu chamo Luciana, e sou a professora de Designer de vocês... - ela começou a falar sobre ela, e a explicar sobre o curso, sobre o que aprenderiam, perguntou se todos conseguiram comprar os materiais listados, e tudo  essa primeira aula foi mais para explicar como funcionava a "coisa" toda

Depois de algum tempo de aula a professora liberou geral, peguei minha bolsa e saí da sala junto com a Lívia

Lívia: e aí? Tu mora a onde?

Eu: eu morro no Complexo do Vidigal- já vi ela me olhar meio assim, nem liguei nao, tenho um orgulho do caralho de falar que morro em comunidade, ela podia não ser perfeita a algum tempo atrás, mas nunca tive vergonha de falar que eu morava em comunidade não, aquela comunidade era minha casa, minhas raízes são de lá

Lívia: aaah, legal, bom, foi ótimo conhecer você Maya, mas agora eu preciso ir, meu pai deve ter mandando alguém pra me buscar - ela sorri me olhando e eu asssinto já vendo ela se distanciar no corredor fazendo eu ficar sem entender nada

Tadinha, deve ter ficado toda assutada, na real as vezes não entendo esse povo não, é só falar que viemos de comunidade que eles já acham que somos favelados ou que nos vamos tirar uma arma de dentro da bolsa e mandar um "passa o celular"

Neguei com a cabeça e comecei a andar pra fora da escola, assim que cheguei lá fora vi aquele monumento de homem encostado no carro

Gaspar, ele tava todo sério, de regata preta, com aqueles braços dele cheios de veias e tatuagens cruzados, com a pose de bandido mal, ele olhava pra multidão de alunos sério, um grupinhi de meninas ali perto olhavam pra ele e sorriam dando thauzinho enquanto ele olhava pros lados

Vejo seus olhos pararem em mim e ele sorrir grande me olhando, suspiro baixo caminhando até ele, atravesso a rua depois de olhar pros dois lado e paro na frente dele

Eu: o que você tá fazendo aqui?- olho pros lados vendo algumas pessoas olharem e volto a olhar pra ele que tira o sorriso do rosto de vagar

Gaspar: pô... eu vim te buscar - ele fala baixo e meio envergonhado e eu não consigo conter o sorriso mas logo volto a ficar seria e a olhar pros lados

Eu: Gaspar tu mesmo me falou que não pode dar bobeira aqui no asfalto, tá doido? E se a polícia te pegar?- eu mecho a mão tombando a cabeça pro lado vendo ele abrir um sorriso de novo e suspirar de leve passando os braços pela minha cintura me puxando pra ele me abraçando

Gaspar: fica suave pô, tem vapor nesse lugar todo - olho pros lados tentando procurar alguém suspeito e nao vejo ninguém

Eu: mesmo assim não devia dar sorte pro azar - ele me olha sorrindo e me dá um beijo na bochecha apertando minha cintura de leve

E eu levo minha mão até o pescoço dele fazendo carinho de leve com ele ainda me olhando

Gaspar: eu queria ser o primeiro a escutar tu contar do teu dia pô, por ligação ontem tu tava toda animadona e pá, tô até curioso - ele deixa a cabeça no meu ombro e fala com voizinha toda suave e rouca perto do meu ouvido fazendo eu me arrepiar e sorrir olhando por céu suspirando

Eu: entao vamo embora que eu te conto tudo - ele sorri se distanciando de mim e abrindo a porta do carona pra eu entrar

...

Eu: então foi mais explicação ela falou de como ia funcionar tudo e pá, tem os negocios de história e filosofia, nas é tudo voltado pra moda, disigner e essas coisas, eu gostei, achei interessante - falo olhando pro Gaspar mechendo as mãos atrás do pescoço dele

Por mais que não tenha tido nada de muito interessante hoje ele encistiu pra eu contar tudo que a professora disse, e enquanto eu falava ele ficava me olhando sorrindo, olhando pra minha boca, fazendo carinho na minha cintura e na minha coxa enquanto eu tava sentada no colo dele em cima da minha cama

E ele prestava atenção pra caralho, dava até gosto de falar

Minha Perdição Onde histórias criam vida. Descubra agora