86

6.4K 422 34
                                        

Gaspar

Olho a expressao relaxada da Maya enquanto ela dormia enroscada em mim, quente, tranquila, linda

Os cachos dela tava tudo espalhado pela fronha cinza do travesseiro, parecia até uma pintura porra, os lábios meio abertos que soltavam alguns suspiros as vezes

Era até satisfatório ver ela dormir, papo reto memo

Ergo minha mão pro seu rosto e passo mei polegar pela sua bochecha escutando de novo ela suspirar e me abraçar mais forte colando a testa no meu peito, sinto seu cabelo roçar no meu rosto e eu solto um suspiro de satisfação

Em todos esses anos eu me imaginei com a Maya, abraçando ela, beijando, dormindo junto com ela, eu conseguia imaginar cada detalhe, mas agora, é tão melhor do que imaginar taligado, sentir a pele quente dela na minha, senti o cheiro do cabelo dela, o cheiro do perfume dela, os braços em volta de mim me abraçando, as mãos geladas nas minhas costas, a respiração quente bater no meu peito nu, o  corpo dela colado no meu

Era tão...

Porra, eu não conseguia ter palavras pra expressar taligado, mas era tão bom, estar aqui com ela, por um momento eu esqueci de tudo, do morro, dos problemas com a polícia, com o peso de manter uma comunidade inteira bem e viva

Por um momento era só eu e ela

nos dois, a gente

Apoio meu queixo no topo da sua cabeça e depois colo meu nariz na cabeça dela cheirando ali de leve enquanto passava minhas mãos de vagar pelas costas dela por cima da blusa

Sinto ela se mecher e paro minha mão na sua lombar ela suspira forte e murmura alguma coisa esfregando o nariz de vagarinho no meu peito fazendo eu arrepiar, ela para e levanta a cabeça de leve pra me olhar com a bochecha vermelha e os olhinhos pequenos de sono

Eu: bom dia - falo colocando minha mão no seu pescoço dando um beijo na sua testa escutando ela rir

Maya: bom dia, que horas são?- ela murmura rouca

E eu que achava que a voz dela nao podia ser mais gostosa

Me estico por cima dela com cuidado percebendo ela prender o ar e eu pego meu celular na cabeceira da cama e vejo as horas

Eu: 13:25

Maya: você acordou faz tempo? - eu dou os ombros, eu tinha acordado há uma meia hora, tinha levantado, escovado os dentes e voltado pra cama,  saio dos pensandotos quando eu vejo suas bochechas ficarem vermelhas de novo

Maya: e ficou me vendo dormir?- ela franze a sobrancelha de leve e eu assinto vendo ela ficar ainda mais vermelha e sem graça

Eu: eu sempre gostei se te ver dormir Maya, isso é um fato - ela revira os olhos e eu riu me lembrando da nossa infância

A gente sempre combinava de ir na nossa casinha no topo do morro a noite, nos esperávamos cada um no seu quarto até o horário combinado e a Maya sempre se atrasava por que enquanro ela fingia que dormia ela acabava dormido de verdade, e quando eu ia acordar ela eu nao conseguia, por que eu ficava olhando ela dormir, escutando a respiração calma dela

Sem maldade nem uma eu só... gostava de ver a expressao dela relaxada e escutar ela suspirando durante o sono

As vezes ela acordava assutada se desculpando por ter se atrasado mas aí eu ficava fazendo cafune nela pra ela dormir de novo

Maya: a gente tem que trocar o seu curativo, mas primeiro eu quero usar o banheiro- ela se solta de mim se sentando na cama

Eu: fica a vontade a casa é sua - sorriu de lado vendo ela colocar as pernas pra fora da cama e eu percebo ela revirar os olhos e corar de leve antes disso, ela se levanta e anda até a porta do banheiro e eu pude reparar na sua roupa

Ela tava com uma calça jeans meio larguinha com uns rasgos aqui e ali, mas a calça mesmo sendo larga realçada as curvas dela pra caralho, tava com uma blusa curta que deixava um pouco da barriga dela a mostra, era preta sem estampa nem nada

Que mulher porraa

Vejo ela entrar no banheiro e fechar a porta e eu suspiro jogando a cabeça pra trás e olhando pro meu celular que vibrava, pego ele vendo mensagem do meu pai

Pai: tu bem? Tomou o remédio?" (12:20)

Pai: "A tropa do Pesadelo vão chegar pro dia 20, tudo certo"(13:10)

Eu: " Tomei, eles vão ficar em Niterói?"(13:15)

Pai: "Pesadelo disse que provavelmnte sim, se for ir pro rio vai ser pra resolver uma coisa ou outra, disse que nem sabe se vai pra Rocinha ou pro Vidigal" (13:18)

Eu: "ainda achando estranho essa porra, sabia nem que o cara tinha família, ainda mais no Rio" (13:18)

Pai: "também achando estranho esse bagulho, mas nois tem aliança com eles, tem que da uma fortalecida" (13:19)

Jogo o celular na cama encostando a cabeca no travesseiro escutando o barulho da Maya no banheiro, a descarga, ela escovando os dentes provavelmnte com a minha escova por que não tinha outra lá, ela mechendo nos armários e por último vejo ela abrir a porta e me olhar sorrindo de leve

Maya: achei esses negocio de curativo em um dos armários, e eu usei sua escova de dentes, não tinha outra lá- vejo as bochechas dela ficarem rosas enquanto ela se aproximava da cama e se sentava na minha frente colocando a caixa de sapato onde eu colocava essas porra de curativo e remédio em cima da cama

Eu: tá suave Amora

Ela suspira abrindo a caixa e desviando o olhar de mim ainda com as bochechas rosas, pega soro fisiológico e um pouco de algodão que tinha tinha

Ela se aproxima mais da minha perna machucada e abre o soro molhando o algodão depois deixando o soro encostado na perna dela, com a mão livre ela tira o lençol de cima da minha perna e com cuidado toca a gase que tava ali e tira o esparadrapo que colava ela ali

Minha Perdição Onde histórias criam vida. Descubra agora