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Maya
Horas depois...

Troco o canal mais uma vez bufando por não aparecer nada que preste

Já era noite, umas 22:00, quase forcei minha mãe em ir dormir em casa, o bixa teimosa

Não aguentava mais ficar aqui nao, deitada nessa cama, sem fazer nada, eu iria sair amanhã de manhã, não via a hora né

Depois de algum tempo eu me sobressalto assutada escutando barulho no corredor e eu bufo

Era toda hora isso, eu cochilava e os barulhos do hospital me acordava, dava raiva

Olho pra TV que ainda tava ligada passando um desenho nada a ver com nada, pelo o controle do meu lado e a desligo

Escuto batidinhas baixas na porta e eu olho pra mesma vendo ela se abrir de vagar, vejo alguem colocar a cabeça pra dentro e eu suspiro vendo aqueles olhos verdes passarem pelo quarto e pararem em mim deitada naquela cama

Vejo ele me olhar por alguns segundos encostando a cabeca no batente da porta e suspirando de leve

Eu nao conseguia desviar meus olhos dele, era ele, ele tava ali na minha frente e eu sabia que era ele, eu sabia que era o Matias ali, encostado na porta me olhando como se pedisse desculpa

Escuto alguém falar alguma coisa do lado de fora e eu reconheço ser a voz do tio do Gaspar, ou do Matias, tanto faz

Leonardo: entra logo fi, euhiem, demora do cão- o Matias olha pra trás e entra no quarto logo em seguida fechando a porta e se encostando nela ainda me olhando sem quebrar a nossa troca de olhares

Era a mesma coisa de sempre, o mesmo arrepio de sempre, as mesmas borboletas no estômago de sempre

A boca seca, o coração acelerado, as mãos trêmulas

Eram as mesmas sensações que eu sentia quando estava com ele, quando achava que ele era o Gaspar

Matias: Me desculpa Maya - escuto a voz dele, rouca, um sussuro rouco e triste

Sentindo as lágrimas brotarem meus meus olhos e eu coloco as mãos na frente do rosto sentindo elas rolarem

Escuto os passos se aproximando da cama e eu solto um soluço preso na minha garganta

Matias: me desculpa Maya, de verdade, por favor me desculpa...

Matias: eu quis te contar, eu não queria esconder de você mas eu fiquei com medo, eu não queria ficar longe de você de novo, isso dói muito - sinto a mão dele passar pela minha nuca até o meio do meu cabelo onde ele faz um carinho de leve

Por mais que eu queira me afastar dele, eu nao conseguia, eu simplesmente não conseguia

Tiro as mãos da frente do meu rosto e levanto minha cabeça olhando pra ele então eu pude perceber seus olhos vermelhos iguais os da minha mãe mãe se ele também tivesse chorado, a pontinha do nariz dele tava vermelha, e em baixo dos seus olhos também

Eu: você foi embora, me deixou, disse que ia voltar e não voltou, e... depois de 7 anos você volta, como se nada tivesse acontecido, se relaciona comigo e simplismente decide me deixar no escuro... você decide só... não dizer nada, preferiu deixar que outra pessoa me contasse, por que?

Gaspar: eu quis voltar todos os dias, eu quisvoltar pra você todos os momentos todos os minutos, eu juro amora - rapidamente meu sonho me vem na cabeça fazendo mais e mais lágrimas brotarem nos meus olhos

"Amora"

Fazia anos que eu não escutava esse apelido, quanto tempo eu anciei em escutar esse apelido sair da boca dele

Eu: não me chama assim- tento afastar a mão dele de mim mas ele segura segurando meu rosto com a outra mão

Gaspar: me desculpa Maya, por favor, eu voltar mas eu não pude, meu pai tinha rixa com o Grego, assim que a gente pisasse no morro a gente ia morrer - ele segura meu rosto fazendo eu olhar pra ele é eu sinto s lágrimas rolarem pelo meu rosto

Gaspar: não chora amor, por favor, não chora, eu queria ter te contado mas eu fiquei com medo de a gente se separar de novo

Gaspar: por favor me deixa explicar amora, eu explico tudo, só me deixa explicar

Eu: para de me chamar assim, por favor- olho pra ele, minha voz saiu como um suplico, vejo os olhos dele encherem de lágrimas e ele desvia o olhar pra outra parede rápido assentindo algumas vezes

Eu: conta

Gaspar: você taligada como eu cheguei no morro te contei esse bagulho a uma cota, lembra? - eu apenas assinto e ele suspira me olhando, eu via e sentia que ele queria me tocar mas tava tentando se conter

Gaspar: taligado o dia que você descobriu que eu tava trabalhando pro Grego? Eli tinha me pedido pra fazer uma entrega pra ele, em Jacarepaguá eu acho, nao lembro direito, quando eu tava voltando, eu vi um cara numa moto, ele tirou uma foto minha e quando eu percebi eu fugi -franzo a sobrancelha sem entender nada

Gaspar: esse cara é o meu Tio Maya, o Leonardo, foi ele e a Paola que foram me buscar na casa abrigo - por um momento o ar fugiu dos meus pulmões, fiquei sem forçar e senti novamente a minha garganta fechar

Eu: continua...

Minha Perdição Onde histórias criam vida. Descubra agora