Capítulo Setenta e Quatro.

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P.O.V Narrador

Ela era a espada cravada na pedra.
Ninguém é digno de empunhá-la.

Blake ouviu passos e se virou, encarando o rosto confuso de Viktor. O bruxo parecia preocupado, suas feições contraídas de confusão.

- Por que fugiu de mim? - Foi sua pergunta.

Blake levantou as sobrancelhas sopessando sua resposta. Ela deu uma boa olhada no bruxo, decorando cada parte de seu corpo musculoso, seu cabelo mal aparado. Uma súbita onda de gratidão lhe invadiu. Gratidão por ter lhe ajudado na época mais sombria de toda sua existência, gratidão por aquele pequeno ser crescendo dentro de si que dava outro significado para sua vida.

- Oi, Viktor. - Ela respondeu abrindo um sorriso cansado. O sol no horizonte bateu em seus cabelos. O loiro pareceu brilhar como ouro líquido. - Eu não fugi de ninguém. Além de mim mesma.

Ele indireitou o corpo, a coluna reta como um cabo de vassoura. A expressão de Blake estava indecifrável. Ele não sabia o que pensar. Fazia meses que não via a bruxa, e ela parecia tão...feliz. Radiante, até.

- Você trepou com ela? - A pergunta o tirou de seu estupor.

Por Merlin! O que ela estava pensando? Foi por isso que correu para longe na primeira oportunidade?

- Não. É claro que não! Como pode pensar uma coisa dessas? - Ele parecia genuinamente ofendido.

- Mas você quer trepar com ela, não? - O sorriso de Blake só aumentou com o desconforto dele.

Ele negou com a cabeça várias vezes, não conseguindo pronunciar as palavras. Desde que Blake havia escapado do ataque no casamento de Gui e Fleur, e Viktor se viu sozinho pela primeira vez, tudo pareceu mudar dentro de si. Seus pensamentos conflituosos se acalmaram, e ele ficou ansioso pela liberdade sem amarras que não sabia que precisava. Todo aquele ódio acumulado aos poucos se esvaiu...com a ajuda de Pansy. Pansy.
Começou com um olhar. Uma troca de olhares em um jantar cheio de conversas jogadas ao vento. Depois foi um roçar de dedos...e aquela bruxa não saiu mais de seus pensamentos. Uma certa noite ela lhe roubou um beijo.
E foi seu fim.
Ele se sentia culpado por sentir o que sentia. E não conseguiu levá-la para cama nas inúmeras oportunidades que tiveram. Precisava conversar com Blake primeiro. Entender o relacionamento dos dois; ou o que restou dele. Se libertar das amarras invisíveis que ainda o prendiam àquela bruxa sorridente parada na sua frente.

- Não minta para mim, Krum. - Ela cruzou os braços sob o peito, a expressão se tornando divertida.
Ela não estava brava. Parecia...aliviada.

- O que quer que eu diga? - Perguntou, se aproximando de Blake. Queria estudar suas feições, tentar entender o que colocava um sorriso tão grande em seus lábios. Ou quem.

- Pode começar com a verdade, sabe? - Ela apoiou as mãos abertas em seu peito, sentindo seu calor no início da noite fria.

Os olhos de Viktor se encheram de lágrimas. De todos os cenários que imaginou contar a Blake sobre seus sentimentos, aquele era o mais tranquilo possível. Por que os dois pareciam estar em sintonia.

- Nunca foi minha intenção magoar você.

Blake negou com cabeça fervorosamente. Conseguia ver nos olhos de Viktor o conflito interno na qual ele combatia com unhas e dentes.

- Me escute antes de se culpar. - Blake colocou a mão em concha no rosto de Viktor, acariando sua bochecha áspera da barba por fazer. - Eu não me importo que você a ame. É realmente impossível não amá-la.

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