Paixão Violenta

Capítulo Vinte e Nove.

P.O.V Blake

Mesmo com minhas unhas em sua pele Viktor foi mais forte e puxou o braço de volta. A marca negra era um símbolo pungente, uma cobra envolta formando um oito. Pude sentir o cheiro podre quando a marca apareceu. Senti Hermione apertando meu braço, e recuei um passo de volta até Cedrico.

- Hermione tirou o feitiço de proteção de seu braço enquanto dançavam - Falei, me aconchegando em Cedrico.
Harry e os Weasleys formaram um meio círculo, cercando Viktor e seus amigos húngaros. Vi que Olívio se aproximava também. - Eu reconheci Karkaroff no instante em que ele pôs os pés aqui dentro. Assim como também sei que ele me reconheceu. Desse jeito, enfeitiçou o cálice para escolher meu nome.

Todos ouviam atentamente enquanto eu expunha tudo o que tinha descoberto recentemente. Estávamos chamando atenção, conseguia ver os olhares dos outros bruxos observando atentamente á espera de uma briga.

- Ele esperava que eu fosse morrer na primeira tarefa. Encantou o sorteio para que eu pegasse o pior dragão, como não morri, mandou os grindylows me atacarem no lago negro. É deveras estranho para mim Viktor, que ele nunca tenha me mencionado á você. Duvido que saiba quem eu realmente sou. Portanto, a única solução é que vocês dois tem propósitos um tanto diferentes. - Dei um longo suspiro - Não sei os propósitos sombrios de Karkaroff, mas ele me quer morta. Ele ainda trabalha com você-sabe-quem. Agora você Viktor não me é um mistério, trocou sua lealdade por glória. A Taça em troca de mim, como se eu fosse um pedaço de carne a ser comerciado. Você ao menos sabe a merda que você fez? Não é só uma tatuagem Viktor. Você vendeu sua alma á ele. Mas por que eu sinto que você não sabe nem quem ele é?

Viktor se remexeu desconfortável, os outros húngaros tentavam assimilar a informação. Eles olhavam para mim com certa descrença depois olhavam para Viktor e suas expressões mudavam ao ver o bruxo com uma expressão culpada.
Atrás de Viktor consegui ver Karkaroff se remexer em seu lugar na parede aos fundos. Ele me olhou curioso com a aglomeração em minha volta. Nossos olhares se cruzaram quando ele começou a andar em nossa direção.

- Karkaroff está vindo - Sussurrei para meus amigos.

Puxei Hermione para ficar atrás de mim. Os Wealeys, Olívio e Harry e aglomeraram a meu lado e de Cedrico, como uma fortaleza.
Karkaroff não pareceu temer quando se aproximou o suficiente e colocou a mão no ombro de Viktor, ele nao fez mencao de se mover. Igor me olhou de cima abaixo, como se julgasse minha vestimenta. Depois olhou meus braços apoiados no peito de Cedrico, e uma risada contida saiu de seus lábios.

- Dolohov - Ele fez uma menção com a cabeça. Me remexi com o som meu nome sendo dito daquela boca podre.

- Karkaroff - Eu devolvi sem fazer menção nenhuma.

- Mande lembranças a seu pai por mim- Canalha! Karkaroff é um canalha sem escrúpulos.

Quando teve a chance, relatou a localização de Antonin e Alastor o prendeu em Azkaban. Era um traidor impiedoso, nada o impedia de trair novamente, voltando novamente ao aconchego de seu mestre, Voldemort.

- Tenho certeza que achará menos incômodo falar com ele pessoalmente desde que seus dias de liberdade estão contados, Comensal.

Karkaroff ficou branco, lívido. Os olhos brilhantes com uma fúria contida na espreita para ser libertada. Não desviei o olhar.

- Por mais interessante que possa ser esse reencontro, voltar para Azkaban não está nos meus planos. - Ele era grosso e ríspido quando proferiu as palavras - Troquei de lado a muitos anos Dolohov.

Não consegui acreditar nem por um instante naquelas palavras forçadas de Igor. No entanto, não tenho nenhuma intenção de prolongar essa discussão por mais tempo. Queria descansar nos braços de Cedrico. Descansar profundamente, até o dia da tarefa final.
Igor deu um passo ousado em minha direção, mais perto que qualquer um havia chegado. Cedrico esticou o braço e o afastou rapidamente, empurrando-o para longe.

- Fique longe dela - Ele vociferou com a mão ainda apertando o ombro de Karkaroff. Igor bufou.

- Por mais bonita que sejam suas palavras nos ouvidos descuidados Karkaroff, deveria saber que eu não iria acreditar em nenhuma delas. Fui criada com Antonin, não se esqueça. - Olhei para Viktor, tentando assimilar minhas palavras, e depois para Karkaroff, que estava mais nervoso que antes - Não deixe que ele faça isso - Apontei para Viktor - Ele claramente não sabe da estupidez que cometeu.

Karkaroff com sua expressão presunçosa me dava nos nervos. Mentiroso! Tudo que está acontecendo é culpa dele e ainda por cima tem coragem de mentir! A única coisa que eu espero de tudo isso é que ele ache alguma piedade em seu coração de pedra cheio de musgo para ajudar Viktor, embora nenhum dos dois mereça meu perdão.
Os Húngaros já estavam se retirando quando eu me virei abruptamente e voltei a dizer. Com raiva:

- Quando chegar a Azkaban Karkaroff, mande lembranças a Rookwood. Ele vai gostar de ver você.

Pude jurar que vi medo em sua feição. Achei seu ponto fraco! Augusto Rookwood foi um dos comensais que Karkaroff delatou alegremente no passado. Estava trabalhando como espião no ministério na época. Em sua custa, Karkaroff foi isentado de suas ações e liberado de Azkaban.
Não pude deixar de pensar se o que Karkaroff estivesse dizendo fosse verdade. Será que ele não teria nada a ver com minha participação no torneio? Se não ele, quem mais teria?
Uma idéia absurda é claro, Karkaroff é o único comensal que eu conheço dentro dos muros de Hogwarts. Mesmo assim, a dúvida permaneceu comigo durante toda a noite e dia também.

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Algumas horas antes do Torneio eu não consegui parar de me tremer. Meu sangue fervia, meu coração batia com tanta força que achei que iria desmaiar. Minhas palmas estavam geladas como pedra quando comecei a me trocar, o uniforme como previsto, era mais prático dessa vez. Uma calça confortável preta, botas e uma camisa da grifinória de mangas compridas. Seja o que fosse, não teria água dessa vez. Tomei fôlego e prendi o cabelo antes de sair do quarto. Hermione já havia partido, esperando tomar um bom lugar na arquibancada. Tinha me abraçado antes de ir e me desejado sorte. Como eu sabia que eu iria precisar.
Uma vontade invadiu meu peito e senti que precisava me encontrar com Cedrico antes de tudo. Antes da última tarefa.
Desci as escadas até o salão comunal, para minha surpresa, Fred e Harry estavam no sofá, conversando. Vi Rony se aproximando também. Não vi George em nenhum lugar.

- Blake - Chamou Fred, antes que eu pudesse sair correndo.

Me aproximei dos meninos. Eles deveriam ter notado minha expressão desesperada, pois quando Fred voltou a dizer, ele falou em uma voz suave e confortável.

- Vamos estar todos lá, de olho no Krum - Ele disse esperando a aprovação dos outros bruxos em sua volta. - Professor Moody disse que não tem com o que se preocupar.

O que Alastor sabia exatamente de tudo que estava acontecendo? Ergui uma sobrancelha em curiosidade.
Tentei assentir mas não consegui me mover. Viktor era um problema, e tanto eu quanto Cedrico tínhamos discutido como enfrentá-lo sem matar Draco na porrada. As opções não eram boas.

- Eu tenho que ir - Não fazia questão de conversar com nenhum deles no momento. Queria ver Cedrico, sentir seu calor. Precisava dele. Precisava me acalmar o mais rápido possível. Me virei e saí da sala comunal rapidamente.

As pessoas me olhavam como se eu fosse o próprio sol na terra quando passava por elas no corredor, como se meu brilho fosse tão intenso que elas não pudessem não ver. Trombei com uma figura alta vindo rapidamente na direção oposta. Quando vi, era o próprio professor Moody, que corria o quanto conseguia com a perna boa no comando.
Ele deixou cair uma garrafinha de bebida, e cordialmente me abaixei para pegar.

- Desculpe - Eu murmurei entregando a garrafinha aberta em sua mão.

Ele quase a arrancou quando saiu correndo novamente e eu o observei entrar na sala de poções, depois tranca-lá.
Um pouco do líquido daquela garrafinha tinha escapado pela tampa e eu pude sentir o cheiro de sua bebida. Era um cheiro horrível, forte e pungente. Um cheiro conhecido. Fiquei parada no corredor tentando lembrar que cheiro era aquele, da onde eu o conhecia.
Voltei meu caminho ainda pensando no cheiro daquele líquido na ponta dos meus dedos. Quando vi, estava na porta do salão comunal da Sonserina. E quando Cedrico veio ao meu encontro... me esqueci completamente do cheiro e não me importei com mais nada.