Capítulo Vinte e Seis.

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P.O.V Cedrico

Quando as palavras de Blake chegaram a meus ouvidos, meu coração disparou. Ela pediu meus sentimentos, ela pediu a minha versão da história... não pude negar a ela.

-Você tem muito o que me dizer - Ela sibilou para mim, sentando-se na cama grande e apoiando os travesseiros amassados no colo.
Fez sinal para que eu me sentasse também, eu tirei meus sapatos e sentei em sua frente, quase na beirada da cama - Pode começar pelo começo. E inclua seus sentimentos também.

Respirei fundo e comecei a contar desde o princípio, quando Blake chegou a Hogwarts...

Início do semestre, meses atrás.

Draco socou meu ombro dando risada. Por conta da descrença do meu pai, não vi meus amigos durante todo o verão, meus amigos bruxos sonserinos. Meu pai é muito amigo dos Weasleys e acabei os encontrando de vez em quando. Blásio nos encontrou no corredor que dava direto para o salão comunal, logo na entrada. Um grupo de novos alunos atravessava a porta principal com Hagrid os guiando, uma pirralhada entrou quase correndo, expressões de surpresa e fascínio tomando conta de suas faces. Quando olhei de volta para eles, reparei uma figura maior, distoando do grupo. Ela ficou parada lá, olhando para o grupo de crianças a sua frente, olhando para Hagrid, e olhando ao seu redor. Até que ela me viu. Ela me encarou com interesse, e me obriguei a desviar o olhar, por mais que eu não quisesse. Queria ficar parado ali, vendo aquela menina. Linda. Os cabelos castanhos brilhando com feixes dourados à luz das velas. Os olhos cor de mel curiosamente olhavam em volta. Fui puxado pelo ombro por Draco e arrastado até a mesa da Sonserina. Não ouvi as piadas de humor negro que eles praticamente gritavam, ou nas palavras de boas vindas de Dumbledore, até que ele mencionou Ela. Blake.

- Diretamente da Academia de Magia de Beauxbatons - Dumbledore disse - Blake Riley Dolohov Chatêau-Gontier Armstrong.

- Meu pai me contou que a expulsaram de Beauxbatons - Draco voltou a falar despejando veneno entre os dentes - Aposto que deu para um trouxa qualquer...
Fingi uma risada.

- Nascida trouxa eu suponho? - Goyle perguntou.

- Claro, nada com que teremos que nos preocupar - Draco respondeu rindo com escárnio.

Devolvi uma risada também. Os olhos de Blake varriam o salão enquanto ela se sentava no pequeno banco na frente da mesa dos professores. Dumbledore colocou o chapéu seletor em sua cabeça. Não consegui ouvir o que ele disse da onde estava sentado. O salão ficou silencioso por um instante, antes do chapéu seletor gritar para todos:

- SONSERINA.

Me virei para Draco no mesmo instante:
- Você não disse que ela era trouxa?

Draco parecia em choque. As outras três casas aplaudiram enquanto Blake seguiu lentamente até nossa mesa. Antes que ela pudesse se sentar na extremidade, junto com as crianças recém selecionadas, Draco se levantou e subiu em seu assento. Ele gritou em alto e bom tom:

- Ela é trouxa! Sangue ruim! Não pode ser Sonserina!

Olhei para a menina parada a ponta da mesa. Ela o olhava sem entender muito, esse mesmo olhar refletia a feição de todos os sonserinos na mesa. Como é possível uma nascida trouxa ser Sonserina? Ela não fez menção de sentar enquanto Dumbledore acalmava os ânimos dos outros sonserinos que começaram a protestar. Ele apoiou a mão nas costas de Blake e sussurrou algo. Ela assentiu e relutante, se sentou na ponta da mesa da Grifinória. A gritaria continuou na mesa da sonserina. Observei Crabble e Goyle se levantarem imitando Draco que por si gritava ainda mais alto para que fosse ouvido do outro lado do castelo:

- Meu pai vai ficar sabendo disso!

Snape se aproximou de Dumbledore para conter a gritaria. Olhei em direção a bruxa que agora estava sentada atraíndo olhares dos grifanos curiosos. Nossos olhares se encontraram e senti a garganta ficar seca. Não desviei o olhar dessa vez, ela que o fez. Os olhos tristes se abaixaram parecendo achar suas vestes incrivelmente interessantes. Vi quando ela limpou uma lágrima discretamente. Não imaginava o por que tinha sido expulsa de Beauxbatons, mas sua dor por tudo que estava acontecendo era visível em seus olhos. Pena, eu senti pena dela. Tão miúda, frágil, sofrendo como se fosse uma adulta cheia de problemas. Já não bastava sei lá o que em Beauxbatons, agora essa recepção horrorosa que estava recebendo em Hogwarts.
Afastei os pensamentos sobre Blake. Não existia nenhuma possibilidade de eu me envolver com ela, eu tenho um nome a zelar, meus amigos jamais permitiriam... e existe Cho, a corvina mais burra que eu já conheci. Não me importo muito seu intelecto, ela sabe me satisfazer na cama. Mesmo assim, até mesmo Cho é melhor que Blake...
Pelo canto do olho vi Hermione Granger se aproximar dela, relutante Blake levantou o olhar. Ela pegou a mão de Hermione e seguiu até o meio da mesa junto com Harry Potter e os Weasleys. Uma sensação de alívio atravessou meu peito. Graças a Merlin, Hermione havia cuidado dela, coisa que eu jamais poderia fazer.
Ela apertou a mão de todos em sua volta, e eu vi pela primeira vez seu sorriso. O sorriso mais lindo, capaz de aquecer um cômodo inteiro. Seria possível que um sentimento por uma bruxa que nem conheço, esteja aflorando em meu peito? Não. Sem chance. Ela é sangue ruim ainda por cima.
No fim das contas, sonserina perdeu 200 pontos por comportamento. Dumbledore fez um discurso intenso sobre como o chapéu seletor poderia estar enganado. Mesmo assim, por algum motivo que não prestei atenção, Blake ainda seria da Sonserina por algum tempo, até conseguir fazer o teste novamente. Uma onda de irritação correu pelas minhas veias. Esse "tempo" seria infernal para a pobre garota. Já estava sendo, para ser sincero.
Dumbledore permitiu que ela dividisse os aposentos com Hermione na Grifinória. Outro alívio.

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