Paixão Violenta

Capítulo Trinta.

P.O.V Narrador

Blake abraçou Cedrico fortemente, como se sua vida dependesse de um único abraço. O sentimento mais puro de angústia e terror sobrevoava os dois conforme o ponteiro do relógio se aproximava dos números marcantes do início da prova.
Cedrico levou Blake para seu quarto, sentando na cama, Cedrico aconchegou a Bruxa em seu colo. Ela apoiou a cabeça em seu ombro e se permitiu relaxar por um mísero instante. Cedrico apoiou o queixo no topo de sua cabeça, e com a mão livre afagou seus cabelos.

- O que você acha que pode acontecer? - Blake perguntou suavemente, levantando a cabeça de modo que conseguia ver o rosto de Cedrico por completo. O bruxo pigarreou antes de responder.

- Estão dizendo que é um labirinto. - Blake suspirou irritada. Cedrico beijou a ponta de seu nariz. - Não precisamos nos separar.

- Não- Ela contestou rapidamente - Separados podemos ir mais rápido. A taça está no labirinto não é?

Cedrico fez que sim com a cabeça.
- Então podemos procurar mais rápido se estivermos separados.

Cedrico não gostou da idéia de se separar de Blake. Blake viu a discrença no olhar de Cedrico, pegou seu rosto com as duas mãos e o beijou. Um beijo de necessidade. Blake não poderia nem pensar em perder Cedrico, e não iria deixar isso acontecer. Tinha um plano para a última prova, com certeza Viktor estava planejando alguma coisa, e por isso passou as últimas horas tramando estratégias, repetindo feitiços, e treinando fisicamente até a exaustão. Estava preparada para qualquer que fosse o tormento que tivesse que enfrentar. Não queria comentar seus planos com Cedrico, não queria que ele se envolvesse, que se preocupasse com ela. Ela precisava ganhar a taça, antes que algum mal ocorresse a seu amor.

- Quando entrarmos no labirinto - Ela disse firmemente, se levantando. Parou no meio do quarto e voltou a olhar seu amor. - Não quero que me procure. Não importa o que aconteça, não quero que venha atrás de mim. Nem se ouvir um grito, uma súplica, não é para vir atrás de mim. Está claro?

Cedrico também se levantou, negando com a cabeça. Jamais iria deixar Blake desamparada. Nem que isso colocasse sua própria vida em perigo, Blake era mais importante.

- Jamais faria isso - Cedrico voltou a negar com a cabeça - Você não pode me pedir para abandonar você!

- Você não vai estar me abandonando - Ela levantou um pouco a voz, em súplica - Vai estar salvando a si mesmo.
Cedrico deu uma leve rúgida.

- O que você não me contou Blake? - Ela desviou o olhar. Não tinha certeza de nada, apenas um pressentimento de que algo muito errado estava para acontecer. - Me diga!

- Vai ter que confiar em mim! - Ela devolveu no mesmo tom. - Vai ter que me prometer que vai ficar longe. Longe da taça. Não encoste na taça!

Cedrico a olhou com discrença.
- Isso tudo é pelo prêmio?

- Claro que não - Ela bufou irritada.

- Me conte o que sabe - Ele pediu, seu peito estorando por dentro. O medo aumentando conforme as palavras saiam da boca de Blake.

- Se a encontrar antes de mim, não encoste nela - Blake abaixou o tom de voz - Eu quero ter tempo com você. - Cedrico viu as lágrimas de Blake se formarem nos olhos que antes tinham um brilho, agora não mais - Me deixe resolver isso. Me deixe ter tempo com você.

- Blake...

- Me prometa - Ela o interrompeu, pegando nos ombros de Cedrico com uma força impressionante. Ele a olhou nos olhos com a vista embaçada das próprias lágrimas de desespero. - Me prometa que não vai encostar na taça.

Relutante, Cedrico fez que sim com a cabeça. Um gesto tão pequeno que ele pensou que Blake não tinha percebido. Ela o abraçou com força, apertando com os braços finos, todas as partes de Cedrico que conseguiu. Pegou seu rosto novamente e depositou mais um beijo. De leve.

- Eu queria que tivéssemos mais tempo - Blake beijou a têmpora de Cedrico.

O aperto no peito de Cedrico se intensificou, ela se desprendeu dele e saiu do quarto, correndo. Cedrico escutou o clique da porta e se deu conta de que estava sozinho. O terror ocupou todos os pensamentos, e se deu conta de que aquilo era uma despedida. Blake havia acabado de se despedir dele. Caiu de joelhos no chão, gritando entre as mãos. Se alguém iria pegar aquela taça, esse alguém seria ele.
Do outro lado da porta, Blake estremeceu com o grito de Cedrico, conseguiu se mover, batendo as pernas rapidamente, sem se importar com a visão embaçada das lágrimas. Blake soube pelo grito de Cedrico que ele sabia o que aquilo significava, ele sabia que era uma despedida. Não tornava sua vida mais fácil, ela pensou.
Trombrou com um Sonserino no corredor, se deu conta que era Draco, com um olhar hostil em sua direção.
Blake empurrou o Sonserino na parede e forçou seu pescoço com o braço.

- Prometa que vai cuidar dele! - Ela gritou para o Bruxo.
Draco não sabia como reagir. Não conseguiu entender o por que de Blake estar com tanta raiva, o pressionando com força na parede.

- PROMETA!

- E..eu..pro...prometo! - Foi sua resposta por meio de gaguejos.

Draco olhou fixamente para Blake enquanto ela o soltava bruscamente. Os olhos molhados e inchados das lágrimas. A postura triste, os ombros caídos em derrota.

- O que você vai fazer? - Draco perguntou em voz baixa.

Blake se virou para ele, surpresa por ele não ter saído correndo. Blake abaixou a cabeça e em sussurro contido disse:

- Se alguém tem que ficar vivo, é ele não eu. - Blake se apoiou na parede oposta à de Draco. - Vou tirá-lo do labirinto o mais rápido possível. Consegue mantê-lo seguro até eu voltar? - Blake levantou o olhar até Draco - Se eu voltar - Disse para si mesma.

Draco não conseguia entender os planos de Blake, mas assentiu mesmo assim. Não sairia do lado do bruxo, como Blake pediu.

- Não confie em ninguém de Durmstrang - Ela disse por fim, se retirando do corredor.

Não queria ser pega conversando com Draco, ou pior, Cedrico poderia sair do quarto a qualquer momento e teria que o ver antes do momento. Não queria sofrer mais. Antes de sair das masmorras se virou novamente para Draco, parando no mesmo lugar.

- Fique longe do Professor Moody - Draco ficou surpreso com a afirmação de Blake - Ele não é quem diz ser.

Draco sentiu um arrepio percorrer a espinha. Blake saiu das masmorras.
Cedrico abriu a porta do quarto no mesmo instante.

- O que ela te disse? - Perguntou, o tom não dava saída para Draco a não ser responder.

- Ela mencionou Durmstrang e o professor Moody - Draco pensou que talvez pudesse dar apenas frações do que conversou com Blake para Cedrico. O bruxo não pareceu muito convencido com a resposta.

- Tenho que tirar ela do labirinto o quanto antes... - Cedrico falou quase bufando - Você - apontou para Draco - Vai me ajudar.

E Draco viu que não teria escolha a não ser ajudar os dois. Na verdade a ajudar o primeiro dos dois a sair do labirinto. Draco não sabia bem o por que, mas tinha certeza que seria Cedrico.