Paixão Violenta

Capítulo Trinta e Oito.

P.O.V Narrador

Cedrico piscou os olhos e viu Blake parada em sua porta novamente. Ele se indireitou rapidamente e encarou a bruxa. Ela fechou a porta atrás de si e parou no meio do quarto com lágrimas nos olhos.

- Você nunca tinha me chamado de esposa.

O olhar de Cedrico se iluminou com as palavras suaves de Blake. Ela o havia escutado e voltado para ele em um piscar de olhos por causa de uma simples palavra.
Levantou da cama com extrema rapidez e pegou Blake em seus braços à apertando contra seu corpo com toda a força que tinha os unindo em um único abraço.
Blake se derreteu com aquele gesto tão suave e gentil que a aqueceu por inteiro. Seu marido, como se acostumaria a dizer, era um Lufano de coração igual ao pai.
Ele a pôs no chão com delicadeza, pousando as mãos em seu quadril, o apertou sentindo a pele de Blake debaixo do tecido.

- Eu devo lhe chamar de esposa para todo o sempre meu amor, se isso for do seu agrado.

Blake sorriu radiante.
- E como eu devo lhe chamar meu caro esposo? Meu marido? Meu bom partido?

Cedrico a apertou mais forte.
- Pode me chamar de esposo em ocasiões cotidianas - Ele limpou a garganta e continuou - De marido quando estiver com saudades de mim - O sorriso de Cedrico se tornou malicioso - E de bom partido quando estiver incandescidamente feliz e plena.

Blake não se sentia assim e ele sabia disso mas sorriu com a resposta suave da esposa:

- Meu marido - Ela apertou seus ombros fortes e se inclinou para frente, dando-lhe um beijo sutil nos lábios.

Cedrico passou os braços pela parte inferior do joelho de Blake e a levantou no colo, direcionando os dois para a cama perto da parede.

- Me parece que não tivemos uma lua de mel adequada - Blake sussurrou contra o pescoço de Cedrico.

Ele sorriu arrepiado com a sensação dos lábios de Blake em seu pescoço.

- A senhorita precisa dormir - A deitou com delicadeza e se aconchegou em seu lado.

Blake sentiu que não conseguiria se tranquilizar o suficiente para dormir mas fechou os olhos mesmo assim.
E quando fechou conseguiu descansar.

~~~~~~~~~

Cedrico não dormiu durante todo o tempo, observando o peito de Blake subir e descer enquanto ela respirava. Tentava se lembrar a todo segundo que ela estava viva. Que ela não morreu. Que ele a havia salvo, embora não se sentisse um herói.
Já havia passado umas duas horas na mesma posição com os olhos fixos em Blake quando ela se mexeu pela primeira vez, a respiração aumentando.
Quando Blake adormeceu não se passaram segundos para que Viktor aparecesse em seus sonhos. Ela estava de volta onde tudo aconteceu, no cemitério. E Viktor estava lá, bem no meio, de pé com as vestes típicas de Durmstrang.
Quando Blake se aproximou devagar pode ver que o corpo era de Viktor, mas o rosto continha um sorriso vermelho, os olhos eram brancos e ele não tinha nariz.
Era a mistura de Voldemort com o próprio diabo. Blake sentiu um impulso de sair correndo mas não pôde, seus pés pareciam firmes no chão, como se tivessem sido cimentados no lugar.
A voz de Viktor era fria, dolorosa de ouvir quando ele começou a falar:

"- Dez leõezinhos saem para jantar, a fome os move;
Um deles se engasgou e então sobraram nove.
Nove leõezinhos sem dormir: não é biscoito!;
Um deles cai no sono, e então sobraram oito.
Oito leõezinhos vão a Devon passear de charrete;
Um não quis mais voltar, e então sobraram sete.
Sete leõezinhos vão rachar lenha mais eis,
Que um dele se corta, e então sobraram seis.
Seis leõezinhos de uma colmeia fazem brinco;
A um pica uma abelha e então sobraram cinco.
Cinco leõezinhos no foro, a tomar ares;
Um ali foi julgado e então sobraram dois pares.
Quatro leõezinhos no mar, a um tragou de vez;
O arenque defumado, e então sobraram três.
Três leõezinhos passeando no zoo, e depois?
O urso abraçou um e então sobraram dois.
Dois leõezinhos brincando ao sol, sem medo algum;
Um deles se queimou e então ficou só um.
Um leãozinho aqui está a sós, apenas um;
Ele então se enforcou e não sobrou nenhum"
( Poema adaptado do livro "E não sobrou nenhum" da Agatha Christie)

A cada frase Viktor se aproximava um passo, e Blake não conseguia se mover, se debatendo com todas as suas forças tentando soltar o pé preso ao chão. Começou a gritar o mais alto que conseguiu e sua voz rapidamente foi sumindo.
Viktor ficou frente a frente com Blake a encarando com aqueles olhos brancos.
Ele a apertou com força nos ombros, suas mãos pareciam chamas queimando e deixando marcas em seus ombros pálidos. Tentou gritar de dor mas não tinha voz.

- Acorde - Ela piscou e o rosto de Viktor estava normal novamente. - Acorde Blake.

A voz dela voltou e ela começou a gritar com tanta força que engasgou com a própria saliva, tossindo desesperadamente.
Acordou em um pulo, ainda gritando com Cedrico em cima de si sacudindo seus ombros e gritando seu nome de modo frenético.

- Blake! - Ele gritou novamente até ela voltar si.

Blake se debateu e se arrastou para fora da cama com Cedrico a seu encalço, não sabendo bem o que fazer.

- Fale comigo - Ele parecia desesperado atrás dela. - Por Merlin, diga alguma coisa!

Blake sentiu uma dor aguda nos braços, exatamente no lugar onde Viktor a tocou no sonho. Levantou escorregando e conseguiu de apoiar na porta tomando fôlego. Tirou o suéter verde de Cedrico e ficou somente de sutiã.
A feição do bruxo mudou automaticamente e Blake soube, por mais que parecesse loucura, que o toque a havia ferido de verdade. Olhou para os braços em carne viva e tremeu, parte por dor parte por desespero.
Cedrico se aproximou devagar, o pavor em seus olhos.

- Mas que porra...

Uma batida forte na porta assustou os dois. Afinal quem estaria batendo àquela hora?
Blake nao conseguia parar de olhar para os braços em carne viva, não conseguia se mover de medo.

- Diggory - Era a voz de Draco do outro lado da porta. Cedrico abriu apenas uma fresta, receoso do amigo.

- Estou ocupado Malfoy - Ele respondeu ao abrir a fresta. Blake se moveu para perto, olhando Malfoy nos olhos. O bruxo não pareceu vê-la.

- É Goyle - A voz de Draco pareceu falhar - Ele morreu.

Blake engoliu em seco enquanto Cedrico cambaleou para trás, incrédulo.

- Como? - A voz de Cedrico foi um sussurro.

Os lábios de Draco tremiam quando ele sussurrou.
- Ele queimou de dentro para fora.

Foi a vez de Blake cambalear, e quando o fez Draco a viu. Seus olhos ficaram lívidos quando viu os machucados nos braços de Blake.
Os mesmos de Goyle, Draco pensou.

- E então sobraram nove - Blake disse sentindo um arrepio percorrer a espinha.