Capítulo 3

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Uma Semana Depois

Carla

Uma semana já havia se passado, mas eu ainda tentava digerir tudo o que havia acontecido. Minha amiga havia sido recontratada, e por mais que tentasse não pensar nisso eu sabia que o governador era o único que podia fazer algo nesse nível. Durante essa semana esperei aflita o dia em que seria demitida, mas para minha surpresa isso não aconteceu. Sentia os olhares dos outros funcionários sobre mim, e por mais que não quisesse essa fama, sabia que de certa forma eles me admiravam por ter conseguido falar o que todos eles também pensavam. Sem conseguir controlar, fecho os olhos sentindo minha mente me guiar até aquele fatídico dia. Ainda podia sentir o cheio de seu perfume e o calor que seu olhar havia causado em meu corpo. Para mim ele continuava sendo uma pedra de gelo, porém, não podia negar o efeito aquecedor que ele causa nas pessoas, e principalmente em mim. Pois mesmo que nosso primeiro encontro tenha sido um desastre, uma parte minha implorava para ter aqueles olhos me encarando mais uma vez.

- Eu pago o seu salário para trabalhar ou pra você ficar sonhando acordada no meio do expediente?

Narradora

Carla desperta de seus pensamentos ouvindo uma voz aguda e irritada ecoar pelo local, e não demora a abrir os olhos rapidamente, encontrando sua terrível chefe parada em sua frente.

- Desculpe, Srta...

Sarah interrompe.

- Não me faça perder mais tempo com suas desculpas fajutas. Em meia hora quero em minha sala todos os relatórios do mês relacionados a educação, os investimentos do governo, e o rendimento dos colégios para aquele bando de babões com deficiência...Odeio crianças!

Tentando controlar a revolta que crescia dentro de si diante do comentário preconceituoso da chefe, Carla respira fundo tentando contornar a situação.

- Mas, senhorita, são muitos documentos! Eu teria que fazer um milagre para conseguir tudo isso em 30 minutos.

- Não me interessa o que você vai ter que fazer, você é paga para trabalhar, então dê um jeito e faça o que estou mandando! Agora quero todos esses documentos e um chá gelado em minha mesa em exatos 20 minutos!

Rapidamente Sarah volta a desfilar até sua sala, não demorando a fechar a porta com força enquanto fazia Carla levantar assustada da cadeira.

Estava completamente ferrada!

[...]

Os minutos pareciam voar, prejudicando ainda mais a loira. A jovem corria de um lado para o outro tentando a todo custo conseguir os documentos que lhe foram solicitados, e após o que pareceu ser um século, Carla consegue finalmente reunir todos os documentos, mas não demora a correr em direção a cafeteira mais próxima ao perceber que só faltavam 5 minutos para que seu tempo acabasse. Diaz parecia correr contra o tempo, e para sua sorte antes que percebesse seu corpo já saía do elevador com tudo o que precisava. A loira tentava a tudo custo equilibrar todos aqueles papéis em mãos, mas ao ver que faltavam apenas 10 segundos para que seus 20 minutos chegassem ao fim, a jovem sente o desespero tomar conta de si. Rapidamente Carla inicia uma corrida desajeitada até a sala da chefe enquanto tentava se equilibrar sob os saltos altos. Estava prestes a chegar até a mesma quando de repente a porta se abre em um rompante, fazendo a loira se assustar. Totalmente sem controle sobre seu corpo Diaz sente seu pé tropeçar em algo e o líquido gelado escapar de suas mãos, encharcando completamente a camisa de Sarah.

- AHHHH!

A mulher solta um grito estridente sentindo o líquido escorrer por sua camisa, e não demora a levantar a cabeça encontrando com os olhos assustados de Carla.

- Ai meu Deus, e-eu sinto muito, foi um acident...

Sarah interrompe.

- CALA A BOCA, SUA IMPRESTÁVEL! SABE QUANTO VALE UMA CAMISA DESSA? VALE MAIS QUE ESSA SUA VIDINHA MEDÍOCRE! INCOMPETENTE! VOCÊ É UM LIXO! EU COM CERTEZA VOU DESCONTAR ISSO DO SEU SALÁRIO DE MERDA! EU PODERIA TE DEMITIR AGORA MESMO, SUA....

Antes que pudesse terminar de falar, uma voz grave rompe no local atraindo a surpresa de todos.

- Se eu fosse você não terminaria essa frase!

Arthur se aproxima do local à passos lentos não demorando a encontrar o olhar abismado e repleto de lágrimas de Carla.

- Ohh Arthur, e-eu...

Picoli interrompe novamente.

- Para a senhorita é Sr.Governador!

O loiro declara seriamente vendo Sarah se envergonhar diante de sua correção. Estava saindo de sua sala quando ouviu os gritos da secretária de educação, e por algum motivo desconhecido não conseguiu se controlar ao ver para quem aqueles gritos eram direcionados. A verdade é que o jovem nunca havia interferido em nenhum tipo de situação como aquela, e tão pouco já havia defendido algum funcionário.
Ainda não entendia o que havia o feito recontratar Viviane, tão pouco porquê havia se incomodado com o jeito que Sarah tratava Carla. Porém, por mais que quisesse negar, bem no fundo Arthur Picoli se importava.

- D-Desculpe, Sr.Governador, e-eu só estava corrigindo uma funcionária incompetente, olha a bagunça que ela fez aqui!

- E-Eu sinto muito, não foi m-minha intenção, eu...

Carla sente as palavras fugirem de sua boca ao ver o olhar intenso de Arthur se direcionar à ela. Ambos permanecem com os olhos conectados por mais alguns segundos, mas antes que seu coração estranhamente disparasse ainda mais, a loira observa Arthur quebrar a ligação entre seus olhares ao voltar a encarar Sarah, que não havia deixado aquele momento passar despercebido.

- Como pode ver, foi um acidente. E mesmo que não tivesse sido, esse tipo de comportamento é inaceitável aqui. A senhorita não está em sua casa para gritar desse jeito em pleno horário de trabalho, então espero que aprenda a agir como uma secretária de educação, e tenha mais educação ao se direcionar a qualquer um nesse prédio, inclusive aos funcionários. Ah...e se voltar a falar dessa forma com qualquer outra pessoa aqui, terei muito prazer em denuncia-la por assédio moral. Espero que esse tipo de situação não se repita!

Assim como Sarah e Carla, todos ao redor se encontravam abismados com a cena. A loira continuava o encarando com surpresa, e não demora a ver seus olhos se encontrarem uma última vez enquanto um leve e quase imperceptível sorriso se formava brevemente nos lábios do governador como uma forma de lhe assegurar que tudo ficaria bem, antes de voltar a caminhar para longe dela.

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Olha só, um certo "alguém" defendeu a 1,53👀
O que estão achando?
Se esse capítulo alcançar 20 comentários eu posto uma maratona ainda hoje para vocês 💣
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O Governador - CarthurOnde histórias criam vida. Descubra agora