Capítulo 9

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Narradora

Uma senhora idosa andava lentamente pela calçada quando de repente um homem se aproxima puxando sua bolsa com brutalidade. A moça resiste ao máximo, e irado por não conseguir o que queria o ladrão a empurra com força, a fazendo cair no chão com um grande baque, antes de correr a todo o vapor para longe do local.

- Ai meu Deus, precisamos ajudar! 

Rapidamente Carla corre até a idosa, sendo seguida por Arthur.

- A senhora está bem? Se machucou?

- Oh querida, não se preocupe, vou ficar bem! Esses garotos de hoje em dia são muito violentos, mas eu sou durona! 

Mesmo abalada com o susto que acabou de levar a mais velha sorri levemente para Carla, não demorando a ver a jovem começar a ajudá-la a se levantar. Diaz se esforçava para conseguir fazer aquilo sozinha, mas logo as mãos grandes de Arthur se unem às suas, erguendo a idosa em um movimento rápido.

- A senhora realmente vai ficar bem? 

O loiro pergunta visivelmente preocupado, não demorando a ver uma expressão surpresa se formar no rosto da mais velha.

- Oh, você é o governador! Como é um menino bonito, você e sua namorada são muito gentis, não se preocupem, vou ficar bem sim.

Arthur e Carla são pegos totalmente de surpresa e antes que pudessem corrigi-la seus olhos são atraídos um paro o outro. A atmosfera que havia se instalado entre eles há poucos minutos atrás volta com total força, os fazendo despertar somente ao perceber um forte flash de luz brilhar diante de seus olhos. Rapidamente o governador olha ao redor percebendo a grande plateia que se formava ali registrando o momento, não demorando a voltar a se retrair.

Bom...se é assim creio que devemos ir embora, Srta.Diaz! 

Picoli dá uma passo para trás e coloca as mãos no bolso erguendo a cabeça em superioridade.

H-Hã...claro! 

Percebendo o peso que havia se instalado naquele momento a jovem recolhe rapidamente a bolsa da senhora e a devolve, se despedindo logo em seguida. O casal andava apressadamente até o carro, tentando a todo custo ignorar os celulares voltados em suas direções. E após poucos minutos Arthur e Carla finalmente entram no automóvel, não escondendo o alívio diante da "segurança" oferecida pelo veículo.

Arthur...e-eu...

Picoli interrompe.

Tiago, creio que está na hora de levar a Srta.Diaz para casa.

O loiro declara friamente, sentindo o carro voltar a andar logo em seguida. Entendendo a ação do chefe, Carla entrega seu endereço ao motorista, não demorando a se afundar em um agonizante silêncio. A jovem estava irritada pela forma como o governador havia a tratado, mas bem no fundo sentia uma parcela de culpa lhe consumir. 
Sabia que deveriam evitar qualquer tipo de exposição diante da situação em que se encontravam, mas no final de tudo havia o levado justamente para um dos locais mais movimentados de toda Nova York. A jovem começava a se arrepender amargamente por ter escolhido aquele lugar, mas antes que pudesse pensar mais sobre aquilo o carro para de se mover, a fazendo perceber que já estavam diante do prédio onde morava.

Obrigada por me trazer até aqui, Tiago! E...obrigada pelo cachorro quente, Sr.Governador, foi muito gentil da sua parte, espero não ter causado mais problemas para o senhor. Hã...boa noite! 

A loira murmura observando a expressão distante de Arthur e não demora a sair do carro diante da sua falta de resposta. Diaz se aproximava da entrada do prédio quando uma voz grave ecoa pela rua fazendo seu coração disparar na medida em que se virava novamente.

Carla...

Picoli a estuda mais uma vez com o olhar enquanto tentava de alguma forma gravar cada parte e detalhe de seu rosto. A jovem sentia o olhar do loiro sobre si lhe causar arrepios, e após o que pareceu um século inteiro de silêncio Arthur volta a finalizar sua frase.

Boa noite! 

Rapidamente a loira observa a janela do carro voltar a subir enquanto o automóvel voltava a dar partida, levando o governador para longe mais uma vez.

[...]     

Arthur

Me jogo em minha enorme cama após um longo banho e sinto meu corpo tenso finalmente começar a relaxar. Os acontecimentos de hoje se repetiam incansavelmente em minha cabeça, me ajudando a tentar entender que raios havia dado em mim. Hoje eu havia pedido desculpas a alguém, dado carona para uma funcionária, andado pela Times Square, comido cachorro quente e ajudado uma idosa que por pouco não havia sido assaltada. 

"Eu sou Arthur Picoli, governador de Nova York, não preciso me desculpar com ninguém, não ando em qualquer lugar, não como em barracas de rua e tão pouco ajudo pessoas desconhecidas."

Repetia isso diversas vezes em minha mente enquanto tentava ignorar a verdade que tanto me assustava:

Eu havia gostado de fazer tudo aquilo!

Passar tanto tempo no topo de uma torre de vidro me fazia esquecer como realmente as pessoas viviam aqui em baixo. As risadas das crianças brincando, o som das buzinas, o cheiro de comida que exalava das barracas, e a correria das pessoas. Aquele era o meu reino, toda aquela gente era responsabilidade minha, e ver a realidade deles havia me feito parar pra pensar.

Será que sou realmente um bom governador?

Eu repudiava a corrupção e tentava ser o mais justo possível em minhas decisões.

Mas será que só isso era o suficiente?

Será que as pessoas esperavam algo mais de mim?

Eu devia ser mais aberto e comunicativo?

Será que Carla ainda me achava um político ignorante?

Balanço a cabeça negativamente tentando a todo custo afastar esses pensamentos da minha mente. Não precisava estar pensando naquilo. Eu era daquele jeito, eu estava no poder, e com certeza não mudaria por nada e nem por...

Ninguém!                

Algumas Semanas Depois

Narradora

Carla termina de organizar mais uma papelada e passa as mãos pelos cabelos sentindo o cansaço tomar conta de si. Algumas semanas já haviam se passado desde a noite na Times Square, mas até hoje a jovem via as consequências daquele "passeio". No dia seguinte havia acordado com sua cara estampada na capa de várias revistas, juntamente com as fotos daquela noite. Estava tudo lá. Fotos do governador comendo cachorro quente, fotos do casal andando pela calçada, e por fim ajudando a idosa quase assaltada a se levantar do chão. A vida de Diaz obviamente havia virado de cabeça para baixo, e mesmo tentando ignorar as constantes "perseguições" que envolviam uma câmera e um repórter atrás de si, há todo o momento as especulações sobre seu tipo de "relação" com o governador começavam a lhe tirar do sério. Desde aquela noite não havia mais visto Arthur em nenhum lugar, e mesmo sem querer confessar, bem no fundo a jovem esperava trombar com o loiro nos corredores daquele prédio pelo menos uma vez sequer. O fim do expediente já se aproximava, e cansada de passar o dia inteiro sentada naquela cadeira Carla se levanta, não 
conseguindo esconder sua surpresa e as batidas aceleradas de seu coração ao ver quem estava bem ali em sua 
frente.



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Quem será? 👀
Quanto mais vocês comentam, mais rápido eu volto.
E olha, eu garanto a vocês que o próximo capítulo promete 💣🔥
Comentemmmm!!

O Governador - CarthurOnde histórias criam vida. Descubra agora