34 - Connor

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Uma semana depois

Faz vinte minutos que tento ler o documento a minha frente, mas não saio da primeira linha, a única coisa na qual eu presto atenção agora é na dor que eu sinto no meu coração e no meu corpo. Paige terminar comigo não faz o menor sentido, ainda mais da forma fria e impessoal como aconteceu, sinto raiva e mais dor quando eu lembro daquele dia. Levanto me sentindo meio sufocado e saio da minha sala, encontro Daniel no corredor.

- Está indo embora de novo?

- Preciso ir.

- É a terceira vez essa semana que você larga o trabalho no meio do expediente. - respiro fundo quando ele fala.

- Me deixa Daniel.

- Não, já chega... você precisa conversar cara.

- Conversar sobre o quê? Paige terminou comigo sem mais nem menos, fim da história.

Só em falar o nome dela causou uma dor em mim, começo a me afastar até que Daniel fala de novo.

- Aonde você vai?

- Beber.

- Eu vou com você.

Daniel entrou na sua sala e retornou segundos depois. Fomos para um bar que costumo ir que fica próximo da minha casa. Escolho uma mesa mais afastada e peço uísque, meu amigo me acompanha.

- Vou pedir um hambúrguer... você quer? - ele pergunta.

- Não, só quero beber.

- Você precisa comer alguma coisa cara.

- Não estou com fome.

- Eu sei o que está sentindo, uma dor profunda e que te sufoca, que te deixa no fundo do poço, sei que parece que nunca vai passar mas você precisa reagir.

- O pior de tudo é que ela não acredita nos meus sentimentos, Paige acha que eu sou como os outros e tentou se proteger me magoando, ela me magoou, mas mesmo com toda a raiva que estou sentindo pelo o que aconteceu, se ela me ligasse agora me pedindo pra voltar, eu voltaria porque eu a amo demais.

- Eu entendo... a Ellie também teve muito medo de que eu voltasse aos meus velhos hábitos mas depois de ter um final de semana só com ela eu percebi que não tinha como voltar atrás.

- Eu tive tanto cuidado com Paige porque eu tinha medo de estragar tudo, eu sou um pouco desastrado e sem jeito... Não achei que pudesse ter algo como você e El tem apesar de desejar até que eu encontrei a Paige. - Passo a mão no cabelo e tomo um gole de uísque - Eu separei um espaço no meu closet para as coisas dela, mas Paige sempre deixava seus vestidos entre os meus ternos, ela usava as minhas meias quando estava mais frio e dizia que eram as melhores meias e eu adorava aquilo. Ela adora roubar um pouco da minha comida, porque diz que eu sempre faço escolhas melhores, então eu comecei a pedir mais comida. - falo em voz alta lembrando e vejo que Daniel está me olhando - Desculpe, eu sou um idiota.

- Você só está sofrendo e é bom falar, você esteve comigo quando a Ellie me deixou e eu não fiquei muito melhor do que você... essa dor é horrível.

- Pra mim não acabou Daniel, eu não aceito, não acredito que tudo acabou assim.

O celular de Daniel toca e ele sorri enquanto atende.

- Oi querida. - ele fala todo bobo e escuta - Eu não sei... podemos falar sobre isso em casa? Estou no bar com seu irmão... tá, espera. - Dan me olha e entrega o celular.

- Oi El.

- Bebendo as duas da tarde de uma quarta?

- Agora não Ellie, sem sermão por hoje. - reclamo.

- Jantar na minha casa hoje... você precisa comer algo decente e eu preciso ver como você está.

- Tá bom... Eu vou.

Entrego o celular de volta para Daniel, os dois conversam um pouco mais e então ele desliga. Continuo bebendo e imaginando como Paige está, tenho vontade de mandar mensagem mas sei que é perda de tempo, ela não vai me responder.

A tarde passa de forma lenta, os meus dias parecem se arrastar, penso em voltar para casa mas tudo lembra a presença de Paige, prefiro ficar no bar.

****

Assim que entro no apartamento de Ellie e Daniel, ando até o sofá e deito, minha irmã se aproxima.

- Você está horrível.

- Obrigado.

- Quando foi a última vez que você comeu de verdade ou fez a barba?

- Semana passada... Eu acho.

- Connor... estou preocupada com você.

- Eu vou ficar bem.

- Eu vi ela hoje.

Ellie comenta e eu fico em alerta na mesma hora, meu coração acelera.

- E aí? Como ela estava?

- Eu a vi de longe, estava almoçando com uma amiga mas ela parecia triste.

Antes que eu pudesse dizer alguma coisa, Lilian entra correndo na sala e pula no meu colo.

- Tio, papai disse que você está dodói.

- Estou sim querida mas é só um pouco.

- Onde doi?

- Aqui... - aponto para o meu coração e ela beija meu peito e depois sorri.

- Quando eu tô dodói mamãe diz que é só dar um beijo que passa logo, então você vai ficar bom.

- Vem aqui meu amor.

Dou um abraço apertado na minha sobrinha, desejando que tudo fosse assim tão simples. O jantar foi silencioso, consegui comer alguma coisa mesmo sem fome, vi Ellie e Daniel brigando sobre quem iria lavar a louça e minha irmã ganhou, é claro, ela consegue convencer todo mundo a fazer o que ela quer.

Quando não pude mais adiar minha volta pra casa, me despedi deles e de Lilian. Dirigi para o apartamento desejando uma vida com Paige, onde a gente também discutiria a vez de quem lava a louça. Ao entrar no apartamento, automaticamente olho pra o lugar onde ela sempre deixava os sapatos quando chegava.

Vou para o meu quarto, olho para a mesinha de cabeceira onde tem uma foto nossa, tirada no jantar do Lee. Eu me recuso a aceitar nosso término, foi tudo tão real, tão bom e tão intenso que não acredito que só tenha durado quatro meses. Pego meu celular e digito uma mensagem.

"Eu sinto sua falta..."

Envio, pego a foto e seguro contra o peito e deito na cama em mais uma noite sozinho.

Amor em JulgamentoOnde histórias criam vida. Descubra agora