44. A eternidade

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Anahi

Cruzei meus braços na frente do peito.

“O que você quer?” Ela abriu a boca, fechou e depois a abriu novamente.

“Isso não é fácil.”

“O que?” Suas mãos estavam inquietas.

“Vir aqui e admitir que eu estava errada.”

“Sobre o que?”

“Muitas coisas.”

“Estou ouvindo.” Ela olhou para a casa.

“Meu filho não falou comigo em duas semanas.”

“Eu soube.”

“E eu acho que eu mereci, pelo que tentei fazer.” Concordei, mas deixei passar.“Sinto falta dele. Sinto como se tivesse perdido os dois filhos.” Sua voz falhou e eu senti uma pontada de tristeza por ela. “Nós dissemos palavras terríveis, ele e eu. Antes dele partir.”

“Mesmo?”

“Ele não lhe contou?”

“Não.” Ela assentiu, então se endireitou.

“Anahi, te devo um pedido de desculpas. Eu te tratei injustamente. Não só nas últimas semanas, mas durante anos.” Não pude acreditar no que estava ouvindo.

“Continue.”

“Foi difícil para mim”, disse ela, parando para tirar um lenço da bolsa, “ver Miguel tão impressionado com você, ele não parecia mais se importar com o que eu tinha a dizer sobre qualquer coisa. Ele amava você mais do que amava qualquer outra pessoa. Me ressenti de você por isso e foi injusto.”

"Sim, foi.”

“E mais tarde, quando Alana nasceu, achei que você viria para mim um pouco mais. Achei que vocês precisariam da minha ajuda.”

“Nós poderíamos ter chamado você, Lenore. Mas você sempre me fez sentir como se estivesse fazendo tudo errado e eu estava nervosa o suficiente por ser uma mãe de primeira viagem. Eu não precisava das críticas.”

“Eu sei. Eu sei. E sinto muito. Deixei meu ciúme tirar o pior de mim e isso foi errado.” Ela respirou fundo. “Então, quando Miguel morreu, eu... Era tão injusto, tão impensável que ele tivesse partido, eu precisava de alguém para culpar.”

“Então você me escolheu.” Ela assentiu e enxugou os olhos.

“Eu escolhi você. Porque ele te amava mais. E sinto muito.”

Senti minha raiva se dissolver um pouco. “Não era uma competição, Lenore. O amor não é um jogo.”

“Você está certa”, disse ela, chorando abertamente agora. “Mas quando eu vi isso acontecendo com Alfonso, senti todas aquelas coisas terríveis de novo. Vi você levando meu filho, o único que me resta. Eu o vi escolhendo você a mim e entrei em pânico. Eu sinto muito.” Que ironia, pensei. “Por favor, me perdoe, Anahi. Deixe-me tentar de novo.”

Ao som da porta da frente se abrindo, nós duas nos viramos. Alfonso saiu e caminhou em nossa direção, com as mãos nos bolsos.

“Ela está no sofá assistindo a um filme”, disse ele. “Espero que esteja tudo bem.”

“Está tudo bem.” Balancei a cabeça em direção a Lenore. “Sua mãe se desculpou comigo.”

“Oh sim?” Ele olhou para ela.

“Sim”, ela disse. “E te devo desculpas também, Alfonso me desculpe, agir do jeito que eu fiz, isso foi errado. Você pode me perdoar?” Ela olhou entre nós.

“Você pode aceitar que Anahi e eu vamos ficar juntos?”

“Sim. Se vocês realmente se amam, eu darei a minha bênção.”

“Nós nos amamos.” Alfonso colocou o braço em volta de mim.

“Eu só quero que você seja feliz, Alfonso. E eu quero fazer parte da sua vida. Parte da vida de Alana, quando penso em viver sem você...” Ela desabou, chorando no lenço.

“Eu te perdoo, Lenore.” Estendi a mão e toquei seu braço. “Você não tem que viver sem ninguém.”

“Obrigada, querida.” Ela fungou.

“Eu também te perdôo”, disse Alfonso. “Vamos seguir em frente, ok?”

“Ok.” Ela respirou fundo quando olhou para nós. “Vocês dois virão jantar amanhã à noite, por favor?” Alfonso e eu trocamos um olhar e ele ergueu as sobrancelhas, deixando a escolha para mim.

“Claro”, eu disse. “Nós ficaríamos felizes em ir.”

“Oh, bom.” Lenore parecia aliviada. “Eu estava preocupada que você não viria.”

“A família é importante para nós”, disse Alfonso. “Você é importante para nós, mãe.”

Ela sorriu. “Obrigada. Acho que te criei certo, afinal de contas.”

“Você certamente criou”, eu disse, observando enquanto Alfonso dava um abraço na mãe.

Ela se virou para mim e eu a abracei também, dizendo a mim mesma que isso seria um novo começo para todos.

“Nós nos veremos amanhã à noite”, disse Alfonso. “Temos muito a comemorar.”

“Quer ficar mais?” Eu perguntei a ele. Nós estávamos deitados nus na minha cama, minha cabeça em seu peito, meu corpo dobrado ao lado do dele.

“Claro que eu quero. Mas e quanto a Alana?”

“Acho que ela ficará feliz em te encontrar aqui de manhã. Você ia chegar cedo, de qualquer maneira. Ela pode nem perceber onde você dormiu.”

“Quem disse que eu vou dormir?” Eu ri e me aconcheguei mais perto e ele beijou o topo da minha cabeça. “Isso é tudo que eu sempre quis, Anahi. Melhor do que qualquer presente de aniversário que eu poderia ter pedido.”

“Bom. Eu te amo.”

“Eu também te amo.” Adormeci embrulhada em seus braços, cercada por seu amor, varrida por minhas esperanças e sonhos.

A eternidade era real e pertencia a nós.

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