35. O amor não é suficiente

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Anahi

Meu estômago estava embrulhado.

Tinha estado assim desde o telefonema de Alfonso, mas agora minha cabeça estava latejando também, e com essa porra de chuva, eu sentia como se estivesse me afogando nela, me afogando em tudo.

Eu sabia! Eu sabia que isso era bom demais para ser verdade, como pudemos ser tão descuidados, como pudemos pensar que tudo ia dar certo?
Porque nós queríamos? Como acreditei quando Alfonso disse que as coisas ficariam bem?

Mas eu não tinha mesmo, não é? No fundo eu sabia que o universo se recusaria a nos deixar ser felizes. A vida não funcionava desse jeito.
Mas e agora? Agora eu o amava eu o queria e precisava dele. O que eu ia fazer? Não tinha respostas claras, nenhuma maneira de sair desses bosques e ninguém viria me resgatar. Isso não se compara a agonia de perder Miguel, mas me lembrei daquela época da minha vida, quando não conseguia ver nada lá na frente. E isso me assustou, eu nunca quis sentir a perda de novo, me sentir impotente e surrada pela vida. No entanto, me coloquei nessa posição, eu provoquei o destino e me permiti amar de novo. Eu deveria saber que não daria certo.

Quando cheguei à casa de Lenore, desliguei o carro e corri para a porta, qualquer outro dia esperaria para ver se a chuva ia diminuir, mas tudo o que eu queria era pegar Alana, levá-la para casa e abraça-lá por todo o resto do dia. E o que Lenore poderia estar dizendo para ela?

Eu bati na porta e ela atendeu.

“Olá Lenore.”

“Anahi” Seus olhos estavam injetados e sua expressão, calma.

“Entre.” Eu entrei no vestíbulo. “Eu soube que Alana não está se sentindo bem.”

“Bem, claro que não, ela está arrasada.”

“Onde ela está?” Perguntei ignorando o comentário.

“Ela está lá em cima, mas antes de pegá-la, posso falar com você na cozinha, por favor?” Eu queria dizer que não, mas fiquei firme.

“Ok.” Seguindo-a para a cozinha, esfreguei o meu dedo onde o anel costumava ficar.

“Sente.” Ela apontou para as cadeiras na ilha.

“Não, obrigada, ficarei em pé” Ela suspirou.

“Anahi, eu não quero discutir sobre isso, eu tentei colocar algum juízo em Alfonso, mas ele não quer ouvir.”

“Diga o que você quer Lenore.”

“Você amava Miguel, eu sei que você o amava e sei que deve ser confuso você ver Alfonso novamente.”

“É claro que eu amava Miguel, eu sempre vou amá-lo, mas eu não estou confusa, assustada sim, mas não confusa.” Ela tentou novamente.

“Eu não culpo você, por querer estar perto dele.Deve sentir que tem o seu marido de volta.”

“Não, não é assim.”

“Você não ama Alfonso”, disse ela como se a idéia fosse absurda. “Você está solitária e deprimida e ele é um protetor, ele não pode ver ninguém ferido e quer curar, sempre foi assim, igual ao seu irmão.” Ela estava sugerindo que Alfonso – e mesmo Miguel — não me amavam de verdade e apesar de me deixar enjoada, me recusei a morder a isca.

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