Alfonso
Ela ainda me afetou.
Quantos anos se passaram desde a primeira vez que a vi atrás do balcão daquele restaurante? Eu entrei, ela me cumprimentou como uma velha amiga e soube sem dúvida que a garota mais bonita do mundo tinha acabado de sorrir para mim.
Fiquei instantaneamente atraído por ela.
Mas eu não era bom em conversar com garotas. Nunca conseguia encontrar as palavras certas. E se eu dissesse as erradas e fosse rejeitado? Miguel, por outro lado, tinha uma língua de ouro. Ele nunca teve problemas para conversar com garotas. Nunca teve problemas em ser aceito por alguém. Ele conseguia convencer uma professora a lhe dar uma nota mais alta, persuadir nossos pais para deixa-lo sair de casa ou convencer uma líder de torcida a sair de sua saia e pular direto na cama dele a qualquer momento.
Isso nunca me incomodou, no entanto. Quando éramos crianças, ele falava por nós dois. Gostava desse jeito, porque eu era muito tímido. Ele me protegia ferozmente, como se fosse quatro anos mais velho em vez de quatro minutos. E se nos metíamos em apuros, Miguel sempre assumia a culpa. Nunca deixou que alguém gritasse comigo. Em troca, dava a ele a primeira escolha de tudo. O beliche de cima. O biscoito maior. O banco da frente. Às vezes eu o deixava ganhar uma corrida, mesmo que fosse um pouco mais rápido. Passava o disco para ele em vez fazer o lançamento para o gol. Eu era rápido em celebrar suas vitórias e relutava chamar a atenção para as minhas.
Mas nós éramos inseparáveis. Além de melhores amigos, além de irmãos verdadeiros. As pessoas costumavam brincar que podíamos ler a mente um do outro, mas na verdade eu acho que é justamente por que nos conhecíamos muito bem. Eu teria feito qualquer coisa por ele e ele teria feito qualquer coisa por mim inclusive desistir de Anahi, se eu lhe dissesse que estava interessado nela.
E eu estava.
Fui àquela lanchonete quase todos os dias durante um mês. Eu gostava de tudo naquela menina. O jeito como falar com ela era tão fácil. O jeito que ela me provocava sobre estar estudando em uma noite de sábado. A maneira como fazia todos os clientes sorrirem. Como cantava junto com Sarah Vaughn e sabia todas as palavras. O jeito que me serviu fatias extras de tortas tão boas que eu poderia ter lambido o prato.
Oh Deus, as tortas. Maçã e pêssego, abóbora e noz pecã. Servidas aquecidas com uma colher de sorvete de baunilha ao lado. Ela fazia o sorvete também, você pode entender isso? Ela fazia torta e sorvete.
Eu só descobri porque perguntei se poderia comprar uma torta inteira para levar para casa para o aniversário da minha mãe. Eu nunca esquecerei aquela noite - o começo deles.
Anahi tinha sorrido. "Que torta?"
"Uh, a de noz talvez?" De onde eu me sentei no balcão, olhei para a vitrine.
"Noz com Caramelo Salgado? Claro, eu posso fazer uma desses para você."
"Você as faz?"
Suas bochechas coraram e ela baixou os olhos para as mãos enquanto enchia minha xícara de café, seus cílios abanando sobre suas bochechas. Ela tinha os cílios mais longos e bonitos que eu já vi.
"Sim. E o sorvete também."
"Você está falando sério?" Seu sorriso era largo e um pouco envergonhado, mas poderia dizer que ela estava orgulhosa.
"Sim. E os muffins, os pães de canela e o bolo."
"Você deveria ter sua própria padaria ou algo assim."
Ela colocou a xícara na minha frente e encolheu os ombros. "Eu não tenho muita cabeça para os negócios. Apenas gosto da parte de cozinhar. A parte criativa."
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Proibida Para Mim
RomansaQuando o irmão gêmeo do meu falecido marido voltou para a nossa pequena cidade, eu tentei evitá-lo. Tudo em Alfonso me fazia lembrar o homem que perdi e a vida que planejamos juntos, e depois de dezoito longos meses lutando apenas para conseguir sa...