9. Preencher o papel

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“Então”, disse ele. “Como fui?”

“Bom.” Ela girou ao redor novamente.

“O que se diz, Lana?” Perguntei.

“Obrigada.” Ela sorriu para ele. “Amei o vestido.”

“De nada.” Ele pegou o garfo novamente. “Estou tão feliz que serviu.”

“Podemos tomar sorvete agora, mamãe?”

Eu olhei para Alfonso. “Ela quer andar na cidade para tomar sorvete. Não há problema se você não tiver tempo.”

“Claro que tenho tempo.”

“Lana, deixe o tio Alfonso terminar seu jantar e depois iremos, ok?”

“OK. Posso voltar lá para fora?”

“Você pode ir ao quintal. Não lá na frente.”

“Ok.” Ela saiu pela porta dos fundos, deixando-nos sozinhos novamente.

“Ela é tão fofa, Anahi.”

“Obrigada.”

“Como ela está se saindo com... tudo?”

“Muito bem, eu acho.” Suspirei, levantando meus ombros. “Ela era tão pequena sabe? E às vezes estou dividida entre a esperança de que ela se lembre de tudo sobre ele e o quanto ele a amava e outras vezes fico feliz que ela provavelmente não vai lembrar-se de nada. Não quero que tenha a dor de sentir falta dele como eu sinto.”

Ele assentiu. “Entendo.”

“Ela não fala muito sobre ele”, confessei. “Pelo menos não comigo. O terapeuta acha que é porque provavelmente, Alana acha que isso vai me deixar triste, não porque ela não queira se lembrar dele.”

“Faz sentido.”

“Então, toda noite na hora de dormir, ela me pergunta algo sobre ele ou eu conto uma história para ela.”

“É uma boa ideia.” Ele pegou seu vinho. “Eu poderia falar com ela sobre ele também, se você quiser.”

“Ela adoraria isso. Na verdade, ela me perguntou na noite passada como Miguel era na idade dela. Eu disse a ela que talvez Nana tivesse uma foto para nos mostrar.”

“Definitivamente. Álbuns, muitos deles. E ela adora olhar para eles. Por que você não leva Alana até lá amanhã? Mamãe adoraria ver vocês.”

“Eu tenho que trabalhar”, disse, feliz pela desculpa.

“O dia todo?”

Eu hesitei. “Até as duas. Ela estará aqui com a babá.”

“Traga ela depois disso. Vamos nadar e fazer um churrasco ou algo assim. Eu posso mostrar a Alana como o pai dela e eu grelhamos cachorros-quentes em uma fogueira na praia. E fazer s'mores.”

“Ela gosta de cachorros-quentes e s'mores”, eu admito.

“Bom. Então está resolvido.” Ele terminou de comer e levou a louça para a pia e segui com as duas taças de vinho vazias. Por um momento, ficamos ombro a ombro olhando pela janela para o quintal, onde Alana estava sentada em um balanço que Miguel tinha pendurado em uma árvore. Nós podíamos ouvi-la cantar “Lullaby of Birdland” suavemente através da tela.

“Ela canta Sarah Vaughn”, disse ele. “Assim como você costumava fazer.”

Eu olhei para ele surpresa. “Como você sabe disso?”

Ele encolheu os ombros. “Minha mãe ama essas canções antigas. Cresci ouvindo essas músicas.”

“Não, eu quis dizer como você sabe disso sobre mim?”

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