37. Descartando sentimentos

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Anahi

Ele a escolheu.

Foi tudo que consegui pensar.

Ele teve que escolher e ele a escolheu.

Durante toda a noite, esse pensamento martelou meu cérebro como um campeão dos pesos pesados, me mantendo acordada. Enquanto eu estava feliz por Alfonso ter amigos que apoiaram, Lenore o forçou a escolher entre nós e ele a escolheu.

Assim, meus medos foram ampliados, multiplicados e intensificados.

Talvez ela realmente fosse examinar seus sentimentos sobre mim e Alfonso— eu tinha minhas dúvidas — mas, ela conseguiu uma grande vitória sobre mim no processo. E Alfonso se entregou, parecia um golpe esmagador.

Como eu poderia ter confiado nele com meu coração? O que eu ia fazer agora que o tinha? Eu poderia recuperá-lo de alguma forma?

Devo ter caído no sono eventualmente, porque acordei de um pesadelo terrível por volta das cinco da manhã. Era uma droga de pesadelo que tive por meses, imediatamente após o ataque cardíaco de Miguel, aquele em que eu estou presa em um armário, sendo sufocada por alguém, ou algo que não posso ver, ou pela própria escuridão.

Quando abri os olhos, estava tremendo e ofegante, encharcada de suor. Meu pulso trovejando em meus ouvidos. Eu não consegui recuperar o fôlego.

Saí da cama e olhei Alana, que estava dormindo tranquilamente. Fiquei tentada a me arrastar para a cama com ela, mas não queria perturbar seu sono. De volta ao meu quarto, troquei os lençóis, coloquei pijamas novos e tentei dormir novamente, mas só consegui dormir mais quarenta e cinco minutos antes do alarme disparar.

Me arrastei para fora da cama e fui para o chuveiro, vestindo jeans e um moletom velho antes de acordar Alana para ir a escola. Agora que era outubro, a pousada não precisava de mim durante a semana. Depois de meia xícara de café, me senti um pouco melhor e passei a manhã juntando receitas para o livro de receitas da pousada e tentando bolar idéias para o blog. Quando ficou claro que a criatividade me abandonara na esteira de uma noite quase sem dormir, voltei para a cama e me enterrei nas cobertas.
Parecia muito familiar e me aterrorizava ainda mais.

Por volta das duas, obriguei-me a sair da cama e descer. Quando chequei meu telefone, notei que tinha perdido uma ligação da escola de Alana e tinha correio de voz. Imediatamente, meu senso de medo se aprofundou.

“Olá Sra. Herrera, aqui é a professora da Alana, Kim Lowry. Estou um pouco preocupada com Alana e queria falar com você sobre algo que aconteceu hoje. Gostaria de saber se você pode estar disponível depois da escola para uma breve reunião? Me ligue, por favor.” Ela falou seu número e me agradeceu antes de desligar.

Meu estômago revirou quando imaginei o que poderia ter acontecido na escola para preocupar sua professora. Minhas mãos tremiam quando liguei de volta. Minha voz tremeu quando deixei uma mensagem dizendo sim, eu estaria lá depois da escola e agradeci por ligar.

Terminei a ligação e desliguei meu telefone, me colocando em uma cadeira da cozinha. Por vários minutos eu sentei lá olhando para o espaço, sentindo como se estivesse ficando menor e menor e tudo ao meu redor estava ficando maior. A cozinha era cavernosa. Minha casa era enorme. O mundo era monstruosamente enorme e girando fora de controle. Eu não pude aguentar.

Fechei os olhos e acertei as palmas das mãos na mesa. Fique calma. Você pode lidar com isso. Seja o que for, você pode lidar com isso.

Depois de respirar profundamente algumas vezes, subi e tomei um banho.

“Sra. Herrera, obrigada por ter vindo.” A Sra. Lowry sorriu para mim, mas foi o tipo de sorriso que você dá a alguém, por quem sentia pena, do tipo em que seus olhos dizem pobrezinha.

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