18. Me afastei de novo

683 57 17
                                    


Alfonso


Isso não podia ser real.

Eu não me importava.

Mesmo que fosse um sonho, era o melhor sonho que eu já tive. Ela me queria. Ela me queria. Um segundo ela estava em pé à minha frente, olhando para mim como um passarinho assustado e no outro estava se jogando contra mim, seus lábios procurando os meus.

Eu nem sequer pensei – apenas a puxei para mais perto e a beijei de volta como sempre quis. Era quase como um momento fora do tempo, um momento que deveria acontecer há muito tempo, mas não aconteceu e estava acontecendo agora, como se a flecha implacável do tempo tivesse voltado inesperadamente para explorar outra possibilidade.

Uma possibilidade aterrorizante e transcendente.

Até onde podemos deixar isso acontecer?

Ela pegou meu cinto.

“Anahi.”

“Deixa. Por favor.” Senti sua respiração em meus lábios enquanto seus dedos se atrapalhavam com o meu cinto. Oh Deus, isso foi tão fodido. Eu queria fazer a coisa certa, mas estava tendo problemas para lembrar o que era aquilo. Gemi quando ela deslizou o botão da minha calça jeans pelo buraco e abaixou meu zíper.

“Anahi.” Agarrei seus pulsos, olhei bem nos seus olhos. A cozinha estava brilhante o suficiente para que eu pudesse vê-la perfeitamente. Ela estava sem fôlego, os olhos arregalados e tão linda pra caralho. Mas isso não estava certo, eu podia ver em seu rosto. Ela estava com dor. Desesperadamente solitária e ansiosa por alguém... mas como poderia ter certeza de que era eu quem ela queria? E se estivesse sentindo falta de Miguel agora e eu estivesse apenas perto o suficiente em segundo lugar? E se a desapontasse? E se Miguel tivesse algum tipo de pau mágico ou ela esperasse que eu soubesse todos os seus movimentos? Ainda pior, se fizéssemos isso hoje à noite e ela se arrependesse amanhã? Anahi não estava no estado de espírito certo agora.

E ela confiava em mim.

“Você não quer fazer isso”, eu disse.

“Foda-se você. Sim, eu quero.” Ela lutou contra mim, mas eu tinha seus braços capturados em seus lados. Lágrimas de frustração encheram seus olhos. “Você não sabe como me sinto.”

“Eu sei que você está sozinha, sei que você sente falta de Miguel. Eu sei que você está com raiva, talvez até mesmo por Miguel trair você e isso parece uma maneira de se vingar dele.”

“Agora, estou com raiva de você.” Ela me deu um olhar que ameaçava chamuscar minha pele. “Me solte.”

Esperei mais alguns segundos até que ela parasse de lutar e soltei seus pulsos. Imediatamente me deu um tapa, uma palma da mão direito na bochecha. Não tão forte, não tão doloroso, mas ainda assim, doeu. Eu fiz uma careta, fechando meus olhos por um segundo. “Droga, Anahi. Estou fazendo a coisa certa.”

“Foda-se!” Ela gritou, alto o suficiente para acordar Alana. “Foda-se você e todos os outros por me dizer como me sinto ou o que sentir ou quando eu posso sentir isso.” Ela apontou diretamente para o meu peito, onde meu coração estava partido em dois. “Se você não me quisesse, você deveria ter dito.” Com lágrimas transbordando, ela se virou e correu para fora da cozinha e ouvi seus pés batendo nas escadas alguns segundos depois.
Expirando, passei a mão pelo meu queixo e fiquei lá por um momento, furioso pra caralho. Eu não fiz a coisa certa? Eu não tinha salvado a nós dois das conseqüências do que certamente teria sido um erro terrível? Será que ela sabia com que facilidade eu poderia deixar isso acontecer, com que rapidez poderia arrancar suas roupas, joga-la no chão e fodê-la, ali mesmo na cozinha? Ou na mesa? Ou em pé bem aqui com as pernas em volta de mim, minhas mãos agarrando sua bunda enquanto a penetrava de novo e de novo e de novo?

Proibida Para Mim Onde histórias criam vida. Descubra agora