- Prometidos - Draco Malfoy

{5} As Aulas Começam

A primeira semana de aulas se passou sem muito problema e sem nenhuma surpresa. Mas o que realmente foi interessante foi a aula de poções na sala do meu pai.

Eu tinha certeza que ele não ia me tratar como se fosse melhor do que os outros alunos. Ele provavelmente ia esperar muito de mim, ia querer que eu me esforçasse mais que os outros. Então eu já estava preparada. Apesar de ele já ter me ensinado um pouco sobre poções na minha infância, eu não era lá muito boa. Por isso, eu fiquei a noite inteira estudando.

Mas para minha surpresa, meu pai focou mais em Harry Potter do que em mim. Isso de certa forma foi ótimo. Porém, por outro lado, ele estava praticamente humilhando o garoto. Eu não entendo bem o porquê, afinal ele nunca agiu dessa forma com ninguém.

- Potter! - ele de repente o chama - O que eu obteria se adicionasse raiz de asfódelo em pó a uma infusão de losna?

Ele realmente espera uma resposta, mas obviamente o garoto não sabe do que ele está falando. Ele nem mesmo sabia a pouco tempo que era um bruxo. Hermione levanta a mão para tentar responder, mas meu pai ignora.

- Eu não sei, senhor.

- Tsc, tsc. A fama pelo visto não é tudo. - ele se decepciona - Vamos tentar outra vez, Potter. Seu eu lhe pedisse, onde você iria buscar bezoar?

Novamente Hermione levanta a mão, e novamente Harry não sabe.

- Não sei, senhor.

- Achou que não precisava abrir os livros antes de vir, hein, Potter? - meu pai o fita olho no olho - Qual é a diferença, Potter, entre acônito licoctono e acônito lapelo?

A cena se repete mais uma vez: Hermione querendo o responder, meu pai ignorando a mão da mesma e Harry com cara de confuso. Eu consigo ouvir as irritantes risadas de Draco e companhia, debochando do rapaz.

- Não sei senhor, mas acho que Hermione sabe... - ele brinca, fazendo todos rirem, o que irrita meu pai.

- Muito engraçadinho, senhor Potter. Vou descontar um ponto da Gryffindor por sua impertinência.

Meu pai desvia a sua atenção de Potter e se vira para mim, que estou a duas carteiras a frente. Viro rapidamente meu rosto, evitando contato visual com ele, esperando que ele não me pedisse para responder.

Senhorita Snape...

"Droga", penso.

- Sim, senhor.

Draco ri de mim, sabendo que meu pai vai me fazer parecer uma nerd sem graça na frente de todos. Que vontade de apertar o pescoço dele até ele ficar roxo...

- Já que o senhor Potter não soube responder às perguntas, peço que você as responda...

- Às três perguntas? - me surpreendo.

- Obviamente. - a classe ri.

- Ahn... Pode repetir? Eu não me lembro.

- Certamente... - ele para na minha frente, olhando para mim - O que eu obteria se adicionasse raiz de asfódelo em pó a uma infusão de losna?

- Poção Morto-Vivo, uma poção bem potente que faz adormecer rapidamente.

- Correto! O que é e onde você poderia encontrar bezoar?

- Bezoar é uma pedra que pode ser encontrada no estômago de uma cabra. Pode curar a maioria dos venenos.

- Correto! Por último, quanto ao acônito licoctono e acônito lapelo?

Eu fecho os olhos, deprimida. Serei a queridinha do professor e a nerd da classe graças ao meu pai. Obrigada, paizão!

- São plantas do mesmo gênero botânico.

- Correto. - ele se vira para Potter - Cinco pontos para Slytherin... Muito bom, senhorita Snape. Pelo visto andou se esforçando.

Eu não sei onde enfiar minha cara. Todos da minha casa estão me olhando como se eu fosse uma aberração, e o Malfoy sem ar de tanto rir da minha cara. Que ódio...

O mais irritante mesmo é o fato do meu pai AMAR o Draco. Não só porque ele praticamente é o seu genro, ou por ser filho de Lucius. Mas ele realmente gosta dele, e me arrisco a dizer que ele me trocaria por Draco FACILMENTE. Triste, não é? Infelizmente é a realidade!

Meu pai nos separa em duplas para misturar uma poção simples para curar furúnculos. Eu achei que meu já estava satisfeito com a vergonha que me fez passar, porém eu estava enganada. Ele não só queria me ver com vergonha - ele queria me ver com raiva também!

Colocou-me junto com o loiro insuportável. Ambos estamos super decepcionados com aquela decisão, mas não temos coragem de contradizê-lo. As meninas da sala estão me olhando com ódio, o que me faz realizar que Draco surpreendentemente faz sucesso com o público feminino. Fico uns segundos olhando para ele, tentando encontrar algo que chamasse a atenção da garotada, porque obviamente não era sua personalidade.

Draco é o garoto mais sem assunto que eu conheço. Superficial, arrogante, sem cultura, entre outras coisas. E nem mesmo a sua aparência consegue me fazer ficar surpresa. Afinal, é apenas o Draco!

Parece que ele se incomoda com a atenção que eu estou dando para ele, porque torce o nariz e desvia o olhar, irritado. E meu pai também não gosta do fato de eu ficar distraída. Ele me da um leve empurrão na cabeça para que eu olhe para o livro. Eu me viro irritada, e ele se surpreende com a minha reação, mas olha para mim como se estivesse dizendo "você vai mesmo me desafiar?".

Abaixo novamente minha cabeça, submissa. "Maldito olhar que ele faz", reclamo internamente.

A aula se seguiu. Meu pai caminha pela sala, observando e criticando todos os alunos, exceto é claro, Draco Malfoy. Ele fica repetindo para que observemos a "maneira perfeita" que ele cozinha as lesmas. E realmente, ele é bom nisso, mas eu já estou enjoada de tanta bajulação da parte do meu pai. Draco está adorando toda essa atenção, e sorri de ponta a ponta.

De repente, a mistura de Neville explode, derretendo o caldeirão de Simas transformando-o numa bolha retorcida e a poção dos dois começa a vazar pelo chão de pedra, fazendo furos no sapato dos garotos. Todos sobem em banquinhos, evitando sofrer o que ambos sofreram. Neville fica cercado de furúnculos vermelhos que fazem ele gritar de dor.

Meu pai fica furioso e pede para Simas levar Neville para a ala do hospital. Todos estão assustados, menos meu pai, que resmunga. E por um motivo, que nem mesmo eu entendo, ele culpa Harry pelo ocorrido, e retira de Gryffindor mais um ponto.

Essa aula foi uma completa confusão.