Aquela noite foi complicada. Tive que aturar meu pai me questionando o tempo inteiro sobre o que aconteceu na livraria, mas eu fiquei totalmente quieta. Até porque, mesmo que eu quisesse falar para ele, eu não conseguiria. Eu não faço ideia do porquê eu agi daquela forma, nunca tinha acontecido.
Fiquei remoendo aquele sentimento até o dia de ir para Hogwarts. Eu tinha mandado uma coruja para Harry, avisando que ia guardar seu lugar na cabine, para que viajássemos juntos, mas ele não me respondeu e nem apareceu na estação. Fiquei até preocupada.
Meu pai insiste que eu fale com ele, e me obrigou a ficar na sua sala até que eu esclareça tudo. Mal sabe ele que eu vou ficar caladinha até ele se cansar e me dispensar...
- Já que não vai se comunicar com seu pai, pode me ajudar a organizar esses livros que estão na mesa... - ele me castiga.
- Sim, pai...
Ele coloca em minhas mãos uma pilha enorme de livros, e eu me dirijo até sua estante, separando-os por assuntos, em ordem alfabética. Enquanto isso, ele se senta em sua cadeira analisando alguns papéis, provavelmente pertencentes aos alunos da Slytherin. Tudo está bem tranquilo, afinal, meu pai fica em silêncio e eu estou muito concentrada na estante.
De repente, Filch bate à porta, trazendo consigo Harry e Ronald.
- Aqui estão os pestinhas... - Filch diz ao meu pai.
Ao que entendi, eles não conseguiram atravessar para a estação e pegaram o carro dos Weasley para vir até Hogwarts. Mas acabaram chamando a atenção de sete trouxas, que avistaram o carro voador. Meu pai está furioso com eles.
- Vocês tem alguma ideia de quanto isso é grave? Vocês dois arriscaram expor o nosso mundo, sem contar o dano que causaram ao salgueiro-lutador que está em nossas terras antes mesmo de vocês nascerem! - ele se zanga com os dois.
- Sério, professor Snape... A árvore causou mais dano à gente! - Ronald o interrompe.
- Silêncio!
Os dois estão acabados. Todos sujos e com arranhões. E para completar, meu pai não ia facilitar para o lado deles. Conhecendo-o, sei que se fossem de Slytherin, ele os expulsaria sem nem pensar duas vezes!
Dumbledore de repente o interrompe, adentrando a sala ao lado de Minerva.
- Diretor, esses meninos violaram o decreto que restringe o uso de magia por menores! - ele diz, apontando para Harry e Ronald.
- Eu conheço bem as nossas leis, Severus... Tendo eu mesmo feito várias delas! - Dumbledore o responde - Mas, como diretora da casa de Gryffindor, cabe a professora McGonnagall decidir o que fazer!
Olho para Harry, que me lança um olhar de tristeza, como se já soubesse que seria expulso. Mas Minerva resolve que é melhor que eles sofram detenções ao invés de expulsá-los. Isso, é claro, não deixa meu pai nada feliz.
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Estamos na enorme estufa número três do castelo, para que possamos ter a aula de Herbologia com a professora Sprout. Eu não estava nada animada, porque sempre achei essa matéria um saco, mas Neville parecia muito impressionado.
A professora chegou a estufa e começou sua aula:
- Bom dia pessoal! - ela nos cumprimenta animada - Todos à mesa! Hoje nós iremos reenvasar mandrágoras! Quem aqui sabe me dizer as propriedades delas?
Óbvio que quem levanta a mão é Hermione.
- Senhorita Granger?
- É usada para trazer ao estado natural quem foi petrificado. É também muito perigosa! O grito da mandrágora é fatal para todos que o ouvem!
- Excelente! Dez pontos para Gryffindor!
A professora pede para que coloquemos os tampões nos ouvidos, e nos ensina como retirar a mandrágora do vaso e reenvasá-la no outro. O grito dela invade a estufa, me fazendo levar as mãos aos tampões, para abafar melhor o som.
- Agora vocês! Segurem sua mandrágora e puxem com força!
Assim todos nós fazemos. As mandrágoras começam a gritar de uma forma insuportável. Mas mesmo com toda essa gritaria, Draco consegue reunir forças para fazer besteira.
Eu juro que me segurei para não rir, mas essa cena foi hilária. Ele ficou muito nervoso, e isso foi tão satisfatório. Quando ele me viu rindo, se virou com um olhar de ódio na minha direção. Logo, me lembro do que havia acontecido na livraria, e o tom que ele tinha usado comigo.
Que estranho... Ele sempre usava o mesmo tom. Por que desta vez eu me senti diferente?
No fim das aulas, todos fomos almoçar. Resolvi que não iria me sentar com os Slytherins, pois eu não queria encarar Draco de novo. Então me sentei ao lado de Harry. É incrível como ele sempre me faz ficar melhor.
- Vai comer com a gente hoje? - ele sorri para mim.
- Sim, muito melhor que comer com o Malfoy. Estou de saco cheio dele.
Que bom, queria mesmo passar mais tempo com você. Afinal, não consegui te escrever nas férias...
Apenas sorrio. Até que somos surpreendidos por uma coruja que voava meio torta. Ela acabou caindo numa tigela de batatas, e voa batata para todo lado. Era a coruja do Ronald, trazendo alguma coisa.
- Essa coruja é um perigo... - Ronald diz envergonhado.
Ele retira do bico da pequena ave uma carta.
- Ah, não!
- Aí, pessoal! - eu chamo a atenção de todos - O Weasley recebem um berrador!
- É melhor abrir, Rony! Eu ignorei um que a vovó mandou e me dei mal! - Neville o aconselha.
E assim, começa a festa. Ronald abre o berrador.
"RONALD WEASLEY, COMO SE ATREVEU A ROUBAR AQUELE CARRO? EU ESTOU TOTALMENTE DESGOSTOSA!"
- Isso é tudo de bom... - eu rio.
"SEU PAI ESTÁ ENFRENTANDO UM INQUÉRITO NO TRABALHO E A CULPA É TODA SUA! SE VOCÊ SAIR UM DEDINHO DA LINHA, VAMOS TRAZÊ-LO DIRETO PARA CASA!"
Ok, isso fez o meu dia. Foi muito engraçado ver a cara de medo do Ronald. Ele claramente está encrencado com os pais. Do outro lado, vejo Draco rindo também. Logo, fico sem graça. Ele não tem esse direito de rir do meu amigo, só eu!
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- Prometidos - Draco Malfoy
FanfictionSn Snape, filha genuína de Severus Snape, vivia sua vida normalmente até completar seus 11 anos, quando iria entrar para a escola de magia e bruxaria de Hogwarts. Porém, na noite antes de seu primeiro dia de aula, ela e seu pai receberam a visita de...