{9} Seguindo o Malfoy

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Se passaram alguns dias desde o natal. Eu estou sentada perto da lareira da sala comunal da minha casa. Por algum motivo, fiquei sem sono, então pensei em ir até a cozinha para tomar um chocolate quente. Mas me enchi de preguiça, logo, desisti e sentei no sofá para me esquentar.

Está bem silencioso, e a lareira esquenta osmeus pés gelados. Estou tão acomodada que sinto os meus olhos se fecharemgradativamente. Começo a cochilar e a sonhar com algo bonito.

Um campo alegre, florido, com belos cavalos cavalgando. Mas eu desperto assim que ouço passos vindo das escadas dos dormitórios.

"Droga, preciso me esconder", digo para mim mesma.

Me levanto num pulo do sofá, desesperada, e me escondo atrás do outro, que está na minha frente. Os passos vão se aproximando cada vez mais. Meu coração está disparado. Eu com certeza vou perder pontos por isso, e meus companheiros de casa não estão tão pacientes comigo ultimamente.

Os passos parecem cessar por pelo menos dois segundos, como se a pessoa estivesse verificando se tem mais alguém na sala. Logo, eles voltam a ressoar.

Quando sinto que eles estão à uma distância segura, eu me esgueiro para ver quem é que está caminhando tão tarde da noite. Uma pessoa com mais ou menos meu tamanho, com cabelos loiros que brilhavam na luz verde da sala comunal. Obviamente é Draco. Mas a questão é: o que ele faz perambulando por aí à essa hora?

Me aproximo devagar, acompanhando seus passos, para ver onde ele pretende ir. Ele vai para longe das masmorras, se afastando cada vez mais da nossa casa, e fica cada vez mais suspeito.

Chegamos no lado de fora do castelo. Está muito frio, o que me faz ficar com raiva. Ele está literalmente me fazendo andar no meio da noite atrás dele, naquele frio? "Draco, você vai pagar por isso!", prometi internamente.

Continuo à uma distância segura, até que ele olha em volta e vai andando até a casa de Hagrid, onde espreita pela janela. Ele estava escutando uma conversa. Mas com quem será que Hagrid está conversando? Para Draco estar tão curioso, só pode ser o Harry!

Me escondo atrás de um arbusto, para vê-lo melhor, mas acabo fazendo barulho. Por sorte, Draco é burro, e não foi verificar o arbusto, então estou salva.

De repente, escuto de dentro da casa alguém dizendo "Malfoy", como se tivesse visto ele na janela. E viu mesmo. O garoto saiu correndo desesperado, e de dentro da casa de Hagrid saem Harry, Hermione e Ronald. Eu saio do arbusto indo até eles.

- Sn? O que faz aqui? - Harry pergunta.

- Eu vi Draco saindo do castelo. Sabia que ele ia aprontar alguma coisa, e o segui. E você?

- Só estávamos conversando... - Hermione responde.

- Não perguntei para você, Granger!

- Nossa, o que houve entre vocês? - Harry parece confuso.

- Não contaram para ele? Que colocaram fogo na capa do meu pai? - olho nervosa para os dois.

- Seu pai claramente está tentando matar o Harry!

- Não! Não estava! - me viro para Harry - Harry, você confia em mim, não é?

Sinto que ele quer dizer não, mas ao mesmo tempo não quer me magoar. Mesmo sabendo que ele não tem nenhuma obrigação de confiar em mim, eu me sinto ofendida. Eu pensei que ele fosse ficar do meu lado, que era meu amigo. Mas pelo visto, eu não tenho nenhum amigo nesse maldito lugar e em lugar nenhum.

- Tudo bem... Ótimo! Legal saber que você não confia em mim!

- Eu confio nem você! - ele segura meu pulso - Mas é difícil de acreditar que seu pai...

- Que meu pai o que, Potter?

- Que seu pai... Que seu pai é bom...

Ok, ele foi longe demais agora. Me solto da mão dele, me afastando. Ele me decepcionou completamente.

- Crianças, o professor Snape não é mal. Ele é um homem justo e sério. Jamais machucaria você, Harry! - Hagrid defende meu pai.

- Esquece, Hagrid... Deixa para lá...

Meus olhos se enchem de lágrimas, mas eu não vou chorar na frente deles. Esperarei até que eu esteja sozinha. Me viro de costas e volto para o castelo, totalmente chateada. Me sinto traída, porque eu realmente achei que o Harry gostasse de mim e se importasse comigo. Cada dia que passa eu odeio mais esse lugar.

Quando atravesso para dentro do castelo, indo em direção às masmorras para voltar para a cama, dou de cara com uma Minerva muito irritada, acompanhada de Draco. Ele havia dedurado o trio.

- Ela também estava com eles, professora! - ele aponta para mim.

Eu estou tão decepcionada e triste, que nem consigo formular um palavrão para dizer a ele. Quando me dou conta, o trio aparece atrás de mim, e ao se deparar com eles, Minerva diz:

- Boa noite...

Eles paralisam, já imaginando quantos pontos a casa vai perder por causa deles. Eu apenas vejo um sorrisinho malicioso surgir no rosto de Draco, me fazendo querer socar sua boca até que seus dentes todos caiam. Mas permaneço quieta, esperando a punição de Minerva.

Minerva nos leva até sua sala, pronta para falar poucas e boas. Eu me sento em uma mesa, enquanto os três ficam de frente para a professora, e Draco apenas nos observa, totalmente satisfeito, como se tivesse realizado um grande feito.

- Nada, eu repito, nada dá direito a um aluno de andar pela escola à noite. - ela diz, cruzando os braços - Por conta disso, como castigo, cinquenta pontos serão tirados de vocês!

- CINQUENTA? - eu pergunto, indignada.

- De cada um! - ela completa.

Eu estou pedindo a Deus que alguém me segure. Porque se eu olhar para Draco e ver qualquer sinal de deboche ou alegria, eu pulo no pescoço dele, e vou apertar até os olhos vazarem para fora do rosto. Eu só queria que ele tirasse aquele sorrisinho imbecil do rosto.

- E também... - Minerva continua - Todos os cinco vão cumprir detenções!

"Espera... Ela disse CINCO?", senti um pontinho de felicidade invadir o meu coração. Será que Minerva errou a conta? Ou a minha vida está sendo justa comigo, finalmente?

- Desculpe, professora. Acho que não ouvi direito... A senhora disse "todos os cinco"? - Malfoy pergunta.

- Não, ouviu muito bem, senhor Malfoy! - Minerva o responde - Por mais dignas que tenham sido suas intenções, também estava fora da cama! Vai ficar com seus colegas em detenção.

- YES! TOMA ESSA! - eu juro que não consigo me segurar.

Todos os olhares se voltam para mim. Por um segundo, pensei que Minerva ia me tirar mais pontos, mas graças a Deus, ela deixou meu surto de felicidade passar batido. Por Merlim, nada tira a minha felicidade em ver essa expressão de derrota total que Draco está fazendo na minha frente.

"Engole essa!", sussurro para o loiro, que me encara com fogo nos olhos. Que se dane se vou sofrer detenção, ou se perdi pontos. Minerva me proporcionou uma alegria que eu nunca tive: ver ele ser contrariado.

Ai, que bela noite...

- Prometidos - Draco Malfoy Onde histórias criam vida. Descubra agora