Seis

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Bethany Cortez POV

Minha vida não foi muito fácil, mas também não era a pior infância de todas. Meu único trauma era ter sido abandonada pela minha mãe com meses de vida, mas tive uma família tão incrível que para ser bem sincera mal sentia falta dela. Minha avó fora uma mãe incrível para todos naquele lar.

Tínhamos dinheiro suficiente para pagar todas as contas e comer pizza pelo menos duas vezes no mês. Mesmo assim éramos muito felizes e eu não tinha do que reclamar. Ali tinha muito amor. Porém, meu maior sonho era ser dona de mim. Ter meu dinheiro, minha casa e a minha família. As coisas estavam encaminhando bem para isso, tenho que admitir.

Observei atentamente os contratos em cima da minha mesa e soltei um longo suspiro. Era necessário ser funcionário para ser chefe, não nasci em berço de ouro e isso fazia parte do progresso. O lado bom é que estava com economizando para a minha boate. Quem dera fosse super fácil abrir um local para perdição e safadezas, mas tinha tanta burocracia e eu estava me preparando para isso.

Parecia coisa de adolescente. Meu objetivo era viver administrando uma casa noturna porque juntaria as duas coisas que eu amava: administração e curtição. Claro que não seria fácil, exigiria tanto empenho e paciência que se tornaria até chato. Evitar o que hoje em dia é inevitável - como drogas e brigas - seria o mais difícil. Mas meu objetivo era trazer algo mais divertido.

Recostei meu corpo na cadeira. Minha vida estava quase completa, mesmo sem a minha casa noturna. Tinha um bom emprego, uma boa casa, amigos e uma família incrível. Mas ainda não me sentia completa. Havia algo faltando. E eu queria mais do que tudo. Faria tudo para ter.

Me levantei da cadeira pegando minhas coisas e sai do meu escritório. Teria um almoço na casa da minha avó e eu literalmente odiava perder meus momentos com eles. Meu pai era policial, uma profissão bastante arriscada, e minha avó já era uma mulher de idade, então meu maior medo era perder os dois de uma hora para hora. A vida da e a vida tira sem avisar, deve-se aproveitar os bons momentos com quem amamos.

Durante o caminho tentei me focar em tudo menos no trabalho. As vezes o lugar me consumia e a minha maldita cisma com perfeição me atormentava. Fora do trabalho eu só conseguia pensar no trabalho, era o meu castigo.

Estacionei o carro em frente a casa da minha avó. Era quase a mesma coisa, apenas algumas reformas que fizemos com o tempo, mas ainda tinha o mesmo aconchego. Tirei meus saltos e coloquei meus chinelos antes de sair e caminhar em direção a porta.

— Não sei por que não estou surpresa. — disse com as sobrancelhas erguidas enquanto observava meu pai conversando com Bernard e Justin.

— Justin está na cidade por pouco tempo e temos que aproveitar que ele está aqui. — minha avó disse sorridente ao me abraçar apertado — Tem algum problema?

Não tinha problema algum, quem tratou mal fui eu e o surto veio de mim. Justin tinha vacilado comigo no passado, mas nunca contei a minha família o que havia acontecido... Não se pode duvidar jamais do caráter de um Cortez, eles não perdoam isso. Na cabeça deles, não estávamos mais juntos porque tínhamos objetivos diferentes e não deu para continuar depois da faculdade.

— Claro que não. — sorri, indo abraçar a todos.

Não me sentia tão incomodada com a presença dele ali, mas também evitaria se tivesse essa opção. Odeio o fato de estar no mesmo ambiente que ele e não poder chamá-lo de meu, não poder ser sua, não ter o mesmo carinho e intimidade de antes. Nunca amei alguém como o amei. E parece que jamais encontraria em alguém um sentimento tão lindo.

Era difícil acreditar que minha vida amorosa iria acabar ali, naquele loiro ridículo que preferiu acreditar no pai que só fazia merda. Eu queria amar novamente, sentir as borboletas no estômago e me entregar da mesma maneira, mas nunca aconteceu. Nunca mais senti o mesmo ou algo perto. Porém era só o Justin estar presente que me sentia desnorteada.

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