Quatro

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Capítulo 4

Bethany Cortez POV

Minhas mãos estavam tremando de tanta ansiedade, mas tentava sempre me convencer de que independente do resultado ficaria tudo bem. Minha menstruação estava atrasada a cinco dias e para uma pessoa que sempre teve o ciclo regularizado era de se desconfiar. Parecia que os cinco minutos estavam demorando horas para passar e a frustração de não ver as tirinhas vermelhas me dominava.

Sim, só me faltava um filho. Era tudo que eu mais desejava no mundo. Literalmente estava tentando dar o golpe num cara super sem noção apenas para conseguir realizar meu sonho. Sei que dizem que tudo tem seu momento certo, mas para mim aquele parecia o momento. Tinha um bom emprego, um bom apartamento e nada mais nas minhas costas para me preocupar. Engravidar do Gael era pedir para ser mãe solteira... E por mim tudo bem.

Sempre tive o maior medo de me envolver emocionalmente com alguém e quebrar a minha cara, devido ao meu histórico de namoros fracassados, então ter um parceiro não era a minha vontade. Tenho total consciência de que um bebê precisa tanto do pai quanto da mãe, eu tive a sorte de ter uma avó tão boa para ocupar esse lugar e eu tenho certeza que meus amigos seriam ótimos pais para o meu filho.

Respirei fundo e peguei o teste na mão, sentindo meus olhos lacrimejarem ao ver que tinha dado negativo. Joguei o palitinho no lixo, tirei minhas roupas e entrei no banho. Sem perceber, as lágrimas se misturavam com a água morna. Era apenas triste.

Me enrolei na toalha e sai do banheiro.

— Eu quero um filho. — falei alto, chamando a atenção do homem mexendo no celular na cama. 

— Achei que já tivéssemos conversado sobre isso, Beth. Eu não nasci para ser pai. — Gael respondeu com um sorriso.

— Gael, você tem trinta e dois anos acha que vai ter essa disposição toda para sempre? É sempre bom ter alguém para cuidar de você quando estiver velho.

— Por isso eu tenho você.

— Um herdeiro, Gael! Alguém que nunca vai te abandonar e que o laço sempre será ligado. — minha voz embargou e eu soltei um longo suspiro — Um ser que precise de você, Gael!

— O problema todo é ele precisar de mim, Bethany. Eu não quero ser pai, sempre deixei isso claro para você. Não esta nos meus planos e nunca vai acontecer. Fiz vasectomia.

— Como é? — perguntei com a testa franzida — Você sempre disse para mim que podia ter filhos, Gael.

— Eu podia, não posso mais.

— Você mentiu para mim! Sabia que sempre quis engravidar.

— E você sabia que eu nunca quis engravidar alguém, Bethany! Que papo todo é esse agora? Somos o que somos e estamos bem assim, não precisamos de um bebê! Eu não quero um bebê, porra. — seu tom de voz aumentou e eu arregalei os olhos. Nós não brigávamos, até porque não tínhamos cobranças, éramos livres. Gael jamais levantou a voz para mim e de certa forma foi um absurdo — Eu não quero ter filhos.

Passei as mãos no rosto, deixando com que as lágrimas escorressem pelas minhas bochechas. Minha cabeça começou a me martirizar por ter escolhido e me dedicado tanto a ficar com Gael. Não, não seria uma pessoa que eu assumiria, exatamente por esse jeito, mas era alguém que aprendi a confiar e até envolvi sentimentos de carinho e compaixão.

— Eu quero ser mãe. — comentei olhando para o chão e respirei fundo — Quero ter uma família, sair desse apartamento e comprar uma casa próximo à praia, fazer almoços de domingo e sair para passear juntos. Até casar eu quero... E você não é a pessoa para isso. Você não é o cara e eu tentei colocar na minha cabeça que tudo bem você não ser, mas não quero mais.

— Você está terminando comigo? — riu — Qual é, Beth. Foi nossa primeira briga, não vamos ter outras porque não vai ter mais esse tipo de assunto.

— Gael, você não é o cara que posso fazer planos, então talvez não seja a pessoa certa para mim. — engoli a seco — Acho melhor acabarmos por aqui mesmo.

— Acho que você está de cabeça quente e precisa pensar um pouco. Não precisamos jogar tudo pro ar assim por causa de uma besteira, Bethany. — se levantou da cama e começou a vestir suas roupas — Podemos conversar quando você estiver mais calma?

— Não acho que minha resposta será muito diferente.

— Eu te ligo mais tarde.

Estava me sentindo um pouco destroçada.

Respirei fundo antes de me vestir para o almoço de Chaz e Ashley. Queria conseguir negar e dizer que estava me sentindo bem, mas talvez estar com meus amigos seja uma coisa boa e me faça ficar melhor. Gael não podia ser a pessoa a estragar o meu sábado.

Durante o caminho tentei me distrair com as coisas a minha volta, mas estranhamente parecia que só tinham grávidas e casais na rua. Minha cabeça estava começando a surtar. Não que eu ache que vou acabar sozinha ou algo do tipo, mas sinto uma certa pressa para tal coisa.

— Você chegou! — Ash pulou em meus braços em um abraço apertado. Estava feliz — Está tudo bem?

— Está sim. — sorri de lado e coloquei uma mecha de cabelo para trás da orelha.

— Não parece. Aconteceu algo?

— Não, na verdade. — sorri meio forçado e observei nossos amigos na sala.

— Vou insistir até você contar.

— Eu e Gael terminamos. Na verdade, eu terminei com ele agora. — não queria contar sobre a gravidez — E acho que me abateu mais do que eu esperava, apenas.

— Uau. Por que? Não que eu esteja triste, acho que agora você vai conseguir seguir a vida sem uma criança de trinta anos no seu pé, mas não gosto de te ver mal.

— Ele não é a pessoa.

Fugi de seu olhar piedoso e cumprimentei todos na sala com um sorriso. Justin estava me encarando com a testa franzida como se soubesse que eu não estava legal e eu apenas dava um riso ou outro. Desde que ele me chamou para sair não nos falamos, dançamos e conversamos a noite toda mas nunca de fato marcamos algo, ou muito menos tocamos no assunto. Era a primeira vez que nos víamos desde o dia.

Sentei-me no sofá e respirei fundo. Não queria ser uma péssima companhia mas não estava tendo um dos meus melhores dias. Gael devia ter me contato da vasectomia, teria me poupado de ficar de cabeça para baixo com as pernas para cima. Teria me poupado de tentar. Não via um futuro promissor com ele, mas o via sendo o pai do meu filho. Claro, a criança iria andar de skate com dois meses de vida, mas tudo bem.

Sempre ouvia minha avó dizendo para manter a calma, não se deixar abater muito pelos barrancos que enfrentamos na vida. Mas não dava para ser forte o tempo todo e levar tudo numa boa. Algumas coisas doíam. E não, o término do relacionamento com Gael não me machucava nem um pouco, mas o fato de saber que eu estava cada vez mais longe do que queria me causava tristeza. Olhando a minha volta, todos os meus amigos estavam bem e acompanhados.

— Então... — Chaz disse alto chamando a atenção de todos — Eu sei que deixamos o suspense e estamos felizes que todos estão aqui para saber da nossa novidade!

— Chaz, pula o discurso. — Ash disse com um sorriso e me encarou um pouco nervosa.

— Eu e Ashley vamos ter um bebê.

Abri a boca um pouco chocada, mas respirei fundo e sorri sentindo meus olhos marejarem. Me sentia feliz por eles e tinha certeza que a criança  iria alegrar a todos.

Notas da autora:

Gente, eu estou super atolada com trabalho e faculdade!!!!! Peço paciência e desculpas... A estória será finalizada

Química Perfeita || Justin Bieber Onde histórias criam vida. Descubra agora