CAPÍTULO TRÊS
Justin Bieber POV
Troquei de roupa o mais rápido possível. Nunca gostava de ficar no vestiário ouvindo papo de um bando de marmanjo que pareciam que tinham perdido a virgindade. Cada sexo para eles era algo extraordinário, algo que merecia ser contato e compartilhado nos mínimos detalhes, para no final a menina ser tachada de piranha sem nem mesmo merecer. Talvez fugir daquele papo cueca seja uma qualidade dos meus amigos porque assim que entrei na quadra, todos estavam lá aquecendo.
O futebol era a minha escapatória para o estresse. Minha maneira de descontar a minha raiva sem bater em ninguém no meio da rua. Foi algo que me salvou de mim mesmo por um tempo. Sempre gostei, sempre sonhei em ser um bom jogador ou um bom treinador – na realidade nunca cheguei a decidir de fato e nem tive tempo para isso porque meu pai traçou todo o meu futuro sem me consultar.
Jeremy Bieber queria o filho perfeito e por muito tempo tentei ser. Quando era pequeno e não tinha voz para lutar, eu fazia tudo que ele queria, todas as aulas extras, todos os esportes, tudo! O cara simplesmente queria que eu fosse bom em tudo, falasse mais de três línguas e tocasse vários instrumentos. Assim ele poderia se gabar.
Até que chegou o momento de decidir o que eu poderia ser para sempre. Nunca estive tão perdido, querendo fazer tudo ao mesmo tempo. Até os 16 anos eu pensava em ser astronauta e dizem que isso acontece quando discutimos profissões no jardim de infância. Porém, não tive muita escolha. Depois de muita conversa, Jeremy decidiu por mim e eu estava matriculado em direito. Até que comecei a me apaixonar pela matéria depois, mas os primeiros semestres foram o inferno para mim.
— Cara, estou quebrado. — Chaz disse resmungando enquanto se espreguiçava — Fui dormir tão tarde ontem revisando a porra da matéria e estou na merda hoje.
— Nem me fale, não vejo a hora dessa merda acabar.
De relance, vi três seres humanos sorridentes sentados na arquibancada aos risos. Kayan era fácil de se reconhecer, alto e com porte de jogador – e uma bela dançarina também – e suas duas melhores amigas e fiéis escudeiras, Ashley Parker e Bethany Cortez. Respirei fundo e acenei para eles, que retribuíram.
— Está rolando algo entre você e a Bethany? — Chris chegou ao meu lado com um sorriso — Vi vocês conversando ontem.
— Não, não tem nada rolando. Só conversamos um pouco. — balancei os ombros e comecei a disfarçar meu olhar.
— Parece que você quer alguma coisa. — Chaz zombou, empurrando meu ombro.
— Todo mundo quer. — Chris respondeu — Poucos conseguem.
Sabia que Bethany era uma mulher difícil por isso nunca tentei me aproximar. Sempre nos esbarrávamos e ela ignorava a minha presença- não só a minha como de todo mundo da faculdade. Mas sempre soube que era uma mulher bonita. O corpo escultural, repleto de curvas e formas estonteantes, os cabelos negros um pouco abaixo dos ombros. Antes da festa eu viveria numa boa sendo ignorado por ela, era apenas mais uma mulher bonita que não me queria – apesar de ser fácil pegar mulher não eram todas que topavam estar nos meus lençóis. Mas tudo mudou quando encarei de perto aqueles olhos escuros. Tão pretos quanto a noite em que nos conhecemos oficialmente, mas eu via no fundo um brilho que jamais havia visto antes.
Senti uma dor forte em meu braço, Ryan jogou a bola em minha direção e por estar distraído demais acabei não a pegando. Entendi que era para chamar minha atenção. Respirei fundo, coloquei meu capacete e o protetor bucal, antes de correr para a minha equipe.
O treino havia sido puxado. Mesmo depois de ganhar da faculdade rival, o treinador sentia a necessidade de pegar pesado com todos, para que estejamos preparados para qualquer jogo. O time de futebol da faculdade era composto por 46 homens – de cursos diferentes – e ainda estavam abrindo vagas, porque logo uma porrada de jogador iria se formar, inclusive eu.
Tomei um banho rápido para tirar o suor do corpo. Estava um calor danado então descartei o jaqueta o time, não iria precisar desfilar com ela. Me despedi dos moleques apenas com um balançar de cabeça e um piscar de olho, era mais fácil assim – e era assim com todos. Caminhei em direção ao estacionamento. Perto da minha moto, Kayan, Ashley e Bethany conversavam com Chris e Chaz.
— Eu realmente tenho que ir. — Bethany estava dizendo assim que me aproximei.
— Fala ai! — foi meu cumprimento a todos. Simples e singelo, mas que todos responderam ao mesmo tempo.
— Então só confirma que vai e deixamos você ir. — Kayan colocou as mãos na cintura e estava bastante autoritário.
— Assim que eu sair do estágio, prometo tentar encontrar vocês. O problema é que eu não quero encontrar vocês.
Cheguei a rir da sinceridade dela e me encostei no carro de Chaz. Bethany estava encarando o relógio em seu pulso e eu sabia que ela teria que estar na empresa do meu pai daqui a uma hora.
— Beth, prometo que será legal. Só vamos jogar conversa fora e beber umas cervejas. — Chaz disse rindo para ela.
Beth?
— Quinta-feira é meu dia especial.
— Achei que fosse sexta. — Ashley a interrompeu.
— Quinta-feira é dia da pizza. — a amiga concordou com a cabeça, como se tivesse esquecido.
— Justin te paga uma pizza.
Achei que Chaz estava dando em cima dela, mas enganei assim que ele soltou essa frase. Não estava nem um pouco adentro da conversa deles e também fiquei meio sem jeito de perguntar qual era o assunto. Talvez fosse apenas uma zoação e eu conseguiria entender no decorrer do papo.
— Marguerita? — me encarou.
Bethany estava me olhando debaixo. Ela deveria ter 1,60m e tinha um olhar triunfante para mim. Ela queria que eu pagasse a pizza?
— O sabor pode ser negociável? – a minha favorita era quatro queijos.
— Infelizmente não estou aberta a negociações.
Ela tinha um ar de comédia. Tudo que ela falava, por mais sério que fosse, se tornava engraçado e até uma piada. Não é como se eu tivesse muita conversa com ela, mas senti nas poucas vezes que nos falamos.
— Ok, ok. — me rendi, sabendo que talvez seja mais fácil conquistar Bethany com a ajuda dos meus amigos e em um encontro super informal, do que se a chamasse pra sair de cara.
Tentei estratégias. Como simplesmente chegar e perguntar se ela estava bem, mas não pareceu dar muito certo porque hoje pela manhã quando nos esbarramos no campus, recebi apenas um meio sorriso e um "e aí". Ela nem mesmo parou para me cumprimentar.
— Tenho que ir.
Vejo o corpo de Bethany correr pelo estacionamento até chegar em seu carro. Ela some da minha vista rapidamente e o que me resta é ficar imaginando que merda eu concordei sem nem saber o que era.
— Vocês não a chamaram para um menagem e prometeram pizza não, né?! Eu nunca faria um menagem com o Chris. — falei com uma careta.
— Relaxa, não é nada disso! — Chris disse sorrindo — Vamos a casa do Kayan mais tarde.
— Ufa, menos mal então. — ele riram — Eu tenho que ir, tenho que encontrar a minha mãe.
Me despedi com uma uma piscada e subi na minha moto, colocando o capacete. Tinha que encontrar a minha mãe para simplesmente levá-la ao shopping. Segundo ela, era bom manter uma relação mãe e filho. E levando em consideração que consegui fugir tanto dela quanto do meu pai por duas maravilhosas semanas, era mais fácil ir para ela não aparecer na porta da minha casa.
Infelizmente minha cabeça vagou aos olhos negros de Bethany. Ela escondia segredos? Ou aquele era simplesmente um olhar bonito e sincero? Nunca poderia saber, não dava para saber em tão pouco tempo. Mas admito a curiosidade. Admito querer saber mais sobre sua vida, sobre seus jeitos e seus gostos. Será que ela usava as piadas para se esconder de algo? Ou simplesmente era uma pessoa naturalmente engraçada? Engraçada e bonita, devo dizer.
Respirei fundo, estacionamento minha moto na vaga mais próxima a entrada da casa dos meus pais. Estava na hora de viver meu inferno e pagar a pena, mas pelo menos eu conseguiria mais um tempo com a gata mais tarde.
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Química Perfeita || Justin Bieber
FanfictionFINALIZADA! O destino está sempre colocando pessoas em nossa vida, algumas são para ficar e outras apenas para nos ensinar alguma lição. Bethany e Justin tiveram todas as chances de ter seus caminhos unidos, mas aconteceu da forma menos esperada. B...