Parte 34

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4.5

Me despedir de Karol foi ainda mais doloroso, eu não queria deixá-la e não podia ficar, o coração dividido,  eu sabia que esse momento chegaria, claro que já me organizei todo para voltar aos fins de semana só que tive que adiantar a minha viajem e meu coração agora está minúsculo com o velho no hospital.
E pensar na nossa última conversa me deixa mais aflito.
Meu pai não era esse homem arrogante e mesquinho que se tornou, ele sempre exigiu muito da gente mas era amoroso e presente como podia e não sei como se perdeu no caminho.
- Vai dar tudo certo irmão o tio é forte uma raposa velha vai ficar bem. Agustin afaga meu braço, depois de nos acomodarmos na poltrona do avião.
Quase três horas depois estamos entrando no hospital e procuro por ele na recepção.
- Ruggero. Escuto a voz de Carolina e ela corre em minha direção me abraçando.
- Vai ficar tudo bem. Ela seca as lágrimas e abraça Agustin, fomos até o quarto onde colocaram minha mãe e quando entro ela está despertando.
- Meus filhos. Ela fala, eu e Agustin nos aproximamos e a abraçamos.
- Que bom que estão aqui. Ela acaricia nosso rosto.
- Mãe o que aconteceu exatamente.
- Seu pai tem estado muito estressado Rugge, com o trabalho você sabe não faz outra coisa o corpo não aguenta.
Dois toques na porta e o médico aparece.
- Bom dia, vejo que esta melhor senhora Pasquarelli.
- Sim doutor, mas como ele está?
- Ele saiu da cirugia, a situação é bem delicada.
- Delicada? Pergunto.
- Você é filho dele? Assinto.
- Seu pai vai precisar de um transplante, depois de quatro infartos o coração dele não resisti mais.
- Quatro?
- Sim, ele teve dois antes há alguns meses e agora mais dois.
- Como ninguém ficou sabendo? Minha mãe pergunta e o doutor fica sério.
- Ele não falou nada? Minha mãe faz que não.
- Vamos tentar um coração artificial até achar um doador.
- Tem alguma outra forma?
- Não infelizmente estamos fazendo tudo o que é possível.
- Tudo bem doutor obrigado.
Peço a Agustin para que leve minha mãe e Carolina para casa e fico no hospital esperando.
Ligo para minha garota, ela é o meu ponto de paz no meio dessa loucura toda.
- Ruggee.
- Baby.
- Como ele está?
- Vai precisar de um transplante. Ela fica em silêncio.
- E como você está?
- Não sei, eu não sei baby... Ele pode morrer..
- Não fale isso ele não vai, você tem que ser forte ok?
- Eu não sei se consigo.
- Consegue sim eu estou aqui com você.
- Eu amo você Karol. Uma lágrima cai dos meus olhos.
- Eu também amo você.

O dia passou e Agustin chegou com Carolina eles conseguiram dar o remédio para minha mãe para que ela dormisse um pouco.
- Ruggero. O médico me chama na sala de visitas.
- Nós vamos levá-lo para a sala operatoria para o procedimento do coração artificial, ele está consciente e quer vê-los. Olho para Caro e Agus e eles acenam, seguimos o doutor até o quarto e meu pai está ali cheio de aparelhos sendo monitorado e com uma máscara no rosto, ele tira a máscara quando nos vê.
- Filhos. Nos aproximamos. Ele olha para cada um e sorrir fraco.
- Minha linda garotinha. Ele fala e Caro segura sua mão.
- Pai. Ela chora.
- Não chore meu amor, quero que seja forte e corajosa como sempre foi, pode fazer isso pelo papai. Ela faz que sim.
- Agus, você sempre será um filho pra mim meu menino.
- Tio isso não é uma despedida, você é um velho chato e ainda vai torrar minha paciência. Meu pai rir.
- Rugge. Engulo o nó que se formou na minha garganta.
- Perdoe o seu velho pai, eu não queria impor nada a você foram as circunstâncias que me fizeram aquilo me perdoe, eu te amo filho, você será um homem brilhante, não deixe a Pasquarelli cair por favor.
- Pai não estamos nos despedindo. Falo e um som absurdamente alto começa a soar e Caro grita quando ver que ele não consegue respirar.
- Pai... Pai... Pai...
- Vamos levá-lo agora. O médico grita e os enfermeiros se preparam.

Voltamos para a sala de visitas e não estou suportando, o que vou fazer eu não estava preparado para isso.
- Eu preciso de ar. Agus que está abraçado a Caro acena e saiu do hospital correndo.
Paro no estacionamento e apoio as mãos no joelho arfando e com as lágrimas molhando meu rosto me permito chorar, ele me magoou mas não estava pronto para ficar sem ele.

Quando consigo me acalmar volto e Agus me estende um café, nos sentamos ao lado de Caro.
- Ele se despediu da gente. Ela fala.
- Não diga isso. Agus a repreende.
- Eu sei que foi, como ele escondeu que estava doente, como?
- Você o conhece, ele nunca falaria nada.

Ficamos ali na sala de visitas os três, Caro acabou cochilando no meu ombro.
- Senhores. O médico do meu pai mas dois estavam ao seu lado se aproximam e já prevejo.
- Como está meu pai? Carolina pergunta.
- Nós fizemos tudo o que era possível, sinto muito ele não resistiu.
Caro desaba e conseguimos segura-la, olho para Agustin meu primo já passou por isso quando era pequeno e está revivendo essa dor com o meu pai, pois foi criado como filho e o tenho como irmão nos sentamos os três e o deixo com Caro me aproximando do médico.
- Ruggero a situação era crítica , o corpo não aceitou o coração e não resistiu, eu sinto muito. Ele põe a mão em meu ombro e assinto.

Meu celular toca com um número que não conheço.
- Ruggero?
- Sim.
- É a Laura secretaria do seu pai, temos algumas reuniões hoje e quando liguei na sua casa me disseram para ligar pra você.
- Desmarque tudo Laura. Engulo o choro.
- Meu pai morreu.

Por amar vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora