Parte 64

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Acordei naquele sábado decidida a voltar no passado, e por mais doloroso que fosse eu queria a minha casa de volta, onde as lembranças da minha mãe ainda eram vivas, como sentia falta dela, dos seus conselhos, do seu amor, tudo o que vivemos.
Estacionei em frente ao edifício simples para a Karol de hoje da mídia, mais para essa Karol ele sempre vai ser casa, subo as escadinhas o porteiro o senhor Marcos ainda está ali, e quando me ver abre um sorriso gigante.
- Menina Karol.
- Como vai senhor Marcos?
- Bem, tudo bem e com você?
- Tudo bem. Faço uma pausa e respiro fundo.
- Eu queria saber se por acaso, os donos do apartamento que eu morava, não pretendem vender, eu pago qualquer valor, eu só queria o apartamento de volta, será que eles se interessariam se eu fizer uma proposta, como eles são?
- Menina não estou entendendo?
- Não é difícil senhor Marcos eu só queria conhecê-los, e fazer a proposta pessoalmente, você poderia me levar até eles.
- Karol como pode querer comprar algo que é seu, agora fiquei confuso.
- Não estou entendendo.
- Espere um pouco. Ele volta para o computador e depois abre uma gaveta, com várias pastas e tira uma de lá uma com o número do meu apartamento.
- Aqui, se essa não é você então eu não sei quem é? Pego os papéis, é a cópia do contrato do apartamento quando ele é vendido e repassado para outra pessoa e aqui está no MEU NOME.
- Como isso é possível Marcos eu vendi o apartamento, e foi você que negociou lembra, depois da morte da minha mãe.
- Sim, ele foi vendido para essa família aqui. Ele aponta no contrato e o nome João Silveira.
- Mas a pessoa nem chegou a entrar no apartamento, eu lembro que ele trouxe essa documentação dois dias depois que fechamos negócio, ele falou que recebeu uma proposta da antiga dona e vendeu para ela de volta.
- Isso é loucura, eu não assinei nada.
- É mais o rapaz assinou. Franzo o cenho.
- Que rapaz.
- Ele vem de vez em quando aqui, espere eu devo ter algo com o nome dele, um minuto.
Estou entrando em colapso, como assim meu nome está nos documentos da casa, eu nem se quer pus meus pés aqui, será que alguém está usando meu nome por aí, ou será que... Ah não será que ele seria capaz de algo assim?
- Ruggero Pasquarelli. Fecho os olhos ao ouvir seu nome e um sorriso se forma nos meus lábios.
- Você o conhece?
- Sim eu o conheço, e já entendi tudo você ainda está com as cópias das chaves?
- Sim, ele mandou trocar a fechadura e deixou aqui caso você aparecesse.
- Obrigado Marcos. Seguro as chaves e vou para o meu andar, coloco a chave na fechadura e abro, o cheiro de casa me invadi completamente, é como se as portas e janelas ficaram fechadas todos esses anos para guardar esse perfume, acendo a luz e lágrimas cai dos meus olhos, está tudo do jeitinho que eu deixei, fecho a porta e abro as cortinas iluminando a casa e desligo a luz, entro na cozinha e toco cada coisa, saiu e entro no quarto da minha mãe, sento em sua cama e abraço seu travesseiro, o cheirinho dela continua aqui.
- Sinto sua falta mãe. Choro baixinho mas dessa vez não com a dor de perde-la, choro de saudade, queria muito que ela estivesse aqui comigo.
Não sei quanto tempo fiquei ali matando a saudade, levantei e entrei no meu quarto, esse foi o único cômodo que notei diferença, me aproximo da cama e seguro o moletom trago até o meu nariz e sinto seu perfume delicioso, ao lado da cama tem uma foto minha que não existia antes, tem um mural de fotos na parede, e reconheço todas elas eu tirei a maioria dessas fotos estavam na casa dele em Londres, em cima da escrivania tem alguns acessórios que reconheço, eram minhas coisas que estavam no dormitório. Abro a porta do guarda-roupa, e minhas coisas estão ali, coisas até que deixei para trás e que ficaram na casa dele.
Uma caixinha em cima da mesa me chama atenção, e com lágrimas nos olhos eu abro a caixa e o anel está ali, meu anel, o anel que ele me deu de noivado.
O anel que eu devolvi quando dei um ponto final em nossa história.
Tudo isso me deixa ainda mais confusa e ele ainda usa a aliança.
Quando volto para sala pronta para ir embora vejo as pastas em cima da mesa, e lembro bem, eu peguei no hospital eram as coisas da minha mãe.
Passo a mão e me sento abrindo a pasta, são os exames que ela fez e cada procedimento.
Passo as folhas lendo com atenção, algo que eu não fiz quando ela morreu.
Não tinha realmente o que fazer com um grau de estágio tão avançado, ele já tinha se espalhado por todo o seu corpo.
Suspiro e fecho a pasta rápido e alguns papéis voam me abaixo para pegar e um envelope branco cai, tem meu nome.

Minha pequena,

Sei que esse momento está sendo doloroso para você, acredite para mim também, não vou está ai para vê-la brilhar e abraça-la, me perdoa filha, perdoa a mamãe por está indo embora, eu queria muito ficar mas Deus sabe todas as coisas e me quis agora, o que me consola é saber que você tem alguém ao seu lado.
Meu amor, você encontrou o dono do seu coração, o amor de vocês é único e vai ser para sempre, e se por ventura no caminho vocês se separarem ainda assim vão se amar, porque ele é único, o Ruggero é o filho que eu nunca tive, eu sei que para você seria importante está comigo nesse momento e eu te quis longe, porque para mim era doloroso demais ir vendo você sofrer filha, não o culpe por isso foi eu que pedi, foi o meu último pedido, bem não último porque esse foi ele cuidar de você.
E eu sei que ele vai, porque aquele homem é raro, esses quando amam, amam de verdade e não importa o que aconteça ele vai continuar te amando, então não seja dura com você mesma e com ele, eu amo meu genro e estou imensamente feliz que você tem a ele.
Ruggero segurou minha mão filha, sem se importar com mais nada, ele esteve comigo nos meus últimos momentos de lucidez mesmo estando despedaçado com a morte do pai, ele estava ali firme me dando o total apoio me deixando confiante de ir, sabendo que você ficaria bem.
Meu amor eu te amo mais do que tudo e você sempre será minha pequena, confia no que o teu coração diz e escute, ele nunca erra.
Um beijo cheio de saudades da sua mãe que vai sempre está com você em seu coração.

P. S me deixe orgulhosa, apronte de vez em quando, e deixe seu homem rendido por você.
Eu sei sua mãe não existe né?
Uma última coisa: Filha coloque amor em tudo que fizer e um dia tudo irá valer a pena.

Ass. Carolina Sevilla.

As lágrimas lavam meu rosto, como não vi essa carta antes, é a letra dela.
Aí mãe como eu senti saudades, é tão difícil sem você.

Saiu do apartamento, meu telefone toca.
- Flor do dia onde se meteu temos um voo em uma hora e já estou pronta.
- Nos vemos no aeroporto, já estou indo pra lá.
- Beijinhos. Valentina se despede.

Chegamos em Buenos Aires e vamos direto nos arrumar, para o grande evento, e desfile que eu e Valentina iremos abrir.
Anunciam a abertura eu me posiciono no lugar para entrar, dão detalhes do vestido e o modelo e depois o meu nome, entro na passarela fazendo o que aprendi muito bem por todos esses anos recebendo os aplausos e os flash e Valentina já está na ponta sendo apresentada, passamos uma ao lado da outra ela sorrir piscando um olho pra mim e eu faço o mesmo, desfilamos ficando uma ao lado da outra.
Saímos dando lugar aos outros modelos e quando o desfile acaba, a concentração se volta para um outro palco, o das premiações, quando conseguimos nos livrar dos jornalistas, temos que fazer a foto obrigatória no mural de patrocínio.
Faço sozinha e Valentina também, então pedem que fiquemos juntas, e não percebo que do outro lado Ruggero está ali fazendo fotos também.
- Ruggero pode se juntar as garotas da Closet, afinal vocês tem uma parceria não é?
- Claro, essa foto com certeza eu vou sair bem.
- Você se saiu bem nas outras.
- Ah olhem para elas, não tem como não se sair bem. Ele fala com um lindo sorriso nos lábios.
- Seca aqui oh bebê, o chefe está uma delícia de smoking.
- Cale a boca.
- Calo não.
- Vocês estão discutindo é isso? Ele pergunta se enfiando em nosso meio e meu corpo treme quando sua mão envolve minha cintura e ele faz o mesmo com Valentina.
- Sorriam garotas.
- Só estava contando pra ela como o chefe está uma delícia de smoking.
Ele rir mais ainda.
- As chefes também. Valentina pisca um olho pra ele.
- Oh calem a boca.
- Porque ela está tão ranzinza?
- Falta de sexo meu caro.
- Valentina vou arrancar sua língua.

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