Parte 42

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O fim de semana chegou e Jorge apareceu no sábado de manhã para me tirar da cama.
- Temos uma sessão de fotos mocinha.
- Como assim? Você disse que eu tinha que fazer uma prova.
- Meios querida Kah, meios. Arqueiro a sobrancelha.
- Ok quando você é filho de Ricardo Lopes a porra do sobrenome tem que valer alguma coisa.
- Não quero privilégios.
- Não reclame vou tirar você desse buraco em que vive. Encolho os ombros.
- Kah não posso permitir que esse idiota continue destruindo sua mente assim.
- Me diz se existe um botão e eu desligo.
- Não existe baby você tem que se permitir. Começo a chorar.
- Não chore por favor.
- Não me chame assim.
- Droga ele chamava assim não é? Faço que sim.
- Ok troque de roupa e vamos.

Qua do chegamos em uma agência todos cumprimentam Jorge e ele me apresenta, me levam para uma salinha e começam uma maquiagem depois pedem para que troque de roupa.
- Karol não é?
- Sim.
- Sou o Lio, vou fazer suas fotos.
- Tudo bem.
- Você está nervosa. Faço que sim.
- Ok vamos lá, respire fundo e feche os olhos, pense em algum momento feliz da sua vida, qualquer coisa, e deixe aqui.
- Abro um olho e vejo Jorge aparecer e sentar no sofá ele sorrir pra mim e pisca um olho.
Fecho os olhos e nossa corrida no parque e nossos momentos juntos aparecem e sorrio, depois vem a mente quando minha mãe me levava para patinar era incrível e nunca vou esquecer.
- Ótimo adorei o sorriso.
Abro os olhos e ele está me fotografando.
- Seja livre Karol e faça o que quiser e sentir vontade.
- Me mostre o que tenho que fazer? Peço.
Jorge se aproxima.
- Deixa comigo Lio. O fotógrafo sorrir e Jorge mostra exatamente como tenho que fazer.
Uma hora depois estou de frente para um telão com todas as minhas fotos e estou sorrindo nunca imaginei que poderia sair assim em fotos.
- Estão perfeitas.
- É incrível. Lio fala e Jorge bate em sua mão.
- Jorge me falou que você é ótima com fotografia.
- É exagerado.
- Quer tentar? Ele levanta a máquina para mim e arregalo os olhos.
- Nosso modelo já está pronto. Olho para Jorge que já trocou de roupa e ele faz uma voltinha.
Faço as fotos dele, capturando cada ângulo e a adrenalina corre solta e a vibração que sinto no peito é tão grande, eu tinha esquecido as pequenas coisas que me faziam feliz.

Duas semanas depois estou saindo do campus e Jorge aparece.
- Ei baixinha. Olho para trás é Jorge mas é a voz de Agus ecoa nos meus ouvidos.
Respiro fundo e forço um sorriso.
- Vem vou te levar a um lugar.
- Que lugar?
- Você verá.
Entramos em prédio e quando olho o nome na porta.
- Não, eu não vou entrar aí.
Ele dar duas batidinhas e a porta se abre.
- Venha eu falei que vou te ajudar e eu vou.
- Luís.
- Jorge como estamos?
- Muito bem, o tratamento está rendendo bons frutos digamos assim.
- Fico feliz. Meu rosto é confusão total.
- Kah esse é o doutor Luís meu psicólogo.
- Luís essa é minha amiga Karol.

Depois da sessão com o psicólogo fiquei ainda pior, não sei se isso vai funcionar, relembrar minha vida está é como desenterrar algo que venho tentando empurrar para o buraco mais fundo dentro de mim.
Kope está em um seminário e custa a chegar me sento na cama e abraço meus joelhos, não consigo dormir, não consigo comer lembrar o que aconteceu me deixou pior eu não vou voltar aquele consultório nunca mais.
Chorar é a única coisa que me restou, e eu sei que preciso seguir em frente eu sei mas é tão doloroso.
Me assusto com a porta batendo e desperto.
- Deixa acesa por favor. Sussurro.
- Kah você precisa passar por isso.
- Por favor Kope só hoje.
- Tudo bem, eu já volto. Ela fala e entra no banheiro.
Pego o meu celular e abro a galeria, ainda tenho fotos aqui que não apaguei.
Nosso picnic juntos, na cama e o choro volta.
- Eu te amo tanto porque fez isso comigo. Sussurro baixinho e sinto as mãos de Carolina, ela se deita comigo na cama e tira meu celular das minhas mãos.
Demora um pouco e volta a deitar.
- Você vai ficar bem. Ela me abraça e me permito chorar de novo, só mais um pouco e durmo com um único pensamento.
Eu vou ficar bem.

Tá difícil aí né gente.

Eu sei, em nosso caminho desde que nascemos aprendemos a andar depois de muitas quedas, e enfrentar a vida adulta é isso, quedas e muitas quedas, cair é fácil o difícil é levantar, o difícil é encontrar uma razão para isso.
Quando você dar tudo de si, quando você tinha certeza que era isso que queria para sua vida, quando o seu ideal de para sempre é construído você se prepara para viver intensamente tudo aquilo, mas esquece de se preparar para o principal a queda, o baque, a dor você não se prepara para isso, e não só o coração vai em pedaços como sua alma e seu corpo parecem dilacerados, colar o coração é mais fácil do que colar a alma invisível, colar um corpo que teima a se rasgar continuamente.
Viver já não tem sentido e a única coisa que você pensa é, porque estou aqui? Porque ainda existo? Porque vim ao mundo? Para sofrer? Seria melhor não existir?
Pois é eu sei...
Mas você veio ao mundo por alguma razão, não foi para sofrer, foi para aprender com ele, isso mesmo com o sofrimento aprendemos mais rápido do que sem ele, sofrendo amadurecemos e tiramos de nós um eu tão forte que não imaginamos que existe aí dentro, dar a volta por cima não é esquecer ou empurrar para longe i sofrimento, é viver e aprender com ele e ser mais forte se preparar para colocar uma cama de ferro e não um tapete em baixo dos pés, para que a safada chamada vida tome no cu ao tentar puxa- lá.

Por amar vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora