Capítulo 27 - Corrupção

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O menor desvio inicial da verdade multiplica-se ao infinito à medida que avança. 

— Aristóteles

— Aristóteles

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Ambos esgueiravam-se pelo caminho de volta, sempre com a espingarda em mãos, os olhos de Lucas vagavam de um lado ao outro pelas folhas, enquanto os ouvidos atentavam-se a cada ruído.

— Tem alguém te caçando? — Jack ironizou.

Lucas virou-se espantado fazendo sinal para que Jack mantivesse o silêncio. Contudo, mesmo que o rapaz não visse o senso de perigo da floresta, acompanhou o ritmo atento de seu avô.

Ao esgueirar-se à casa, o homem retirou os galhos que protegiam a verdadeira entrada observando tudo ao redor, como se qualquer coisa pudesse brotar da escuridão e apunhalá-lo. Uma luta constante a um inimigo invisível, que esperava o mínimo descuido do homem para atacá-lo.

O alçapão fechou-se como um tiro ao adentrarem, restando apenas o eco do túnel e o suspiro de alívio de Lucas.

— Para que tanto desespero? — Questionou Jack.

— Proteção! — Respondeu seco enquanto adentrava à casa.

— Contra quem?

— Pessoas como você...

— O quê?!

Você está aqui, não está? — Lucas respirou fundo — Então o que impede de outras pessoas do futuro virem também?

— Como quem?!

— Alguém que queira roubar meus segredos!

O olhar do rapaz vagou pelo vazio, estampando uma feição confusa enquanto saíam por um alçapão logo à frente da escadaria.

— Que segredos?

Um gesto emudecido de seu avô para acompanhá-lo estremeceu seu corpo, sua expressão estilhaçou-se em espanto e logo suas mãos acompanharam o ritmo de seu coração. Lucas subiu a escada sem sequer olhar para trás enquanto Jack fitava-o desconfiado.

O rapaz virou-se ao alçapão, e retornou o olhar para o topo da escada: Ange agarrava seu pai ao abrir a porta enquanto os dois dividiam sorrisos. Jack tragou o ar abafado do cômodo e prosseguiu.

Ainda sob silêncio, Lucas avançou na frente, sempre com os gestos corporais para que Jack continuasse. O homem abriu uma das portas do corredor, o cheiro de madeira mofada invadiu seus narizes. O cômodo era um quarto de solteiro comum, porém, papéis amarelados repletos de contas, anotações e desenhos pairavam colados sobre três das quatro paredes do quarto, enquanto fios cruzavam-no repletos de papéis. A poeira engolia boa parte do quarto, certamente fora esquecido, trancado como uma tumba para que caísse no esquecimento.

O Abismo Temporal de Jack BruceOnde histórias criam vida. Descubra agora