Capítulo 12 - Uma vida imperfeita

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Ser feliz não é ter uma vida perfeita. Mas usar as lágrimas para irrigar a tolerância. Usar as perdas para refinar a paciência. Usar as falhas para esculpir a serenidade. Usar a dor para lapidar o prazer. Usar os obstáculos para abrir as janelas da inteligência.
—Augusto Cury

Reconfortante: a única palavra cabível à descrição de seus sentimentos naquele momento

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Reconfortante: a única palavra cabível à descrição de seus sentimentos naquele momento. Poderiam existir sinônimos para descrever a felicidade de Jack ao ver sua mãe finalmente deitada sobre a cama do melhor hospital da cidade.
Um momento insubstituível que Jack guardaria em sua mente para sempre, o momento em que conseguiu transformar um grito de agonia em sua vida, para um leve arfar de despreocupação.
— Em breve os levarei para tomar um café no melhor lugar dessa cidade! — dizia Jack, enquanto abraçava seus pais.
Um beijo na testa.
Uma última apreciação do breve aroma de madeira molhada que eles carregavam e Jack partia com o peito estufado e um sorriso que inundava sua face de um canto a outro; aquele parecia ser um novo Jack, um que estava a caminho de ter uma vida quase perfeita. Um rapaz que não parecia ter o desprazer de conviver com um pessimismo que o sugava para baixo e uma ansiedade constrangedora.
Ao sair do hospital dirigia-se ao prédio da farmácia de manipulação, esbanjando a qualquer um que negasse sua entrada ou permanência na cena do crime, o contrato assinado por Rick e um distintivo de latão que conseguira ao terminar um curso barato de detetive particular.

Ao sair do hospital dirigia-se ao prédio da farmácia de manipulação, esbanjando a qualquer um que negasse sua entrada ou permanência na cena do crime, o contrato assinado por Rick e um distintivo de latão que conseguira ao terminar um curso barato...

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À sua frente: uma faixa da polícia dizendo não aproxime. Antes de cruzá-la, Jack esgueirava-se pela esquina do corredor a fim de verificar o que o aguardava: Um corredor maculado com um vermelho quase apagado do sangue de Alissa. Os rastros o faziam delirar nas infinitas possibilidades do que acontecera naquela madrugada.
Enquanto seu ímpeto de detetive o prendia à ansiedade de descobrir a verdade por trás de tudo, seu lado de escritor o levava para universos que nunca antes imaginou.
Porém, não havia tempo para imaginar, muito menos para se prender aos grilhões de algo que o fazia temer o futuro. Jack retornava à posição inicial, à frente da faixa, a encarando com superioridade, como se finalmente encontrasse um caso digno de seu potencial; finalmente ele a ultrapassa, adentrando naquele local denso que contaminava seu nariz com o breve cheiro de ferro.
Jack caminhava lentamente pelo local. Sistemático, evitava pisar sobre as manchas rosadas.
Seus olhos passeavam pela cena, tentando reconstruir tudo a partir dos rastros no chão.
Uma última olhada tentando captar o máximo de coisas possíveis e fechava os olhos. Uma respirada profunda e estava pronto.
Em pé na intersecção entre os dois corredores, Jack imaginava uma cena: um homem puxando Alissa pelos cabelos no início do corredor até o extintor.
"Improvável" pensava, abaixando-se para conferir se haviam pegadas marcadas sobre as poças secas.
— Haviam formas mais convencionais de fazer isso...
Jack focava seu olhar nas breves pegadas de uma bota de trilha, e para conferir o tamanho, o detetive sacava de seu quase sobretudo, uma trena. O calçado tinha exatos 29,5 centímetros, que por uma análise superficial, deveria equivaler ao número 41 ou 42.
Para registrar tal achado, tirava uma foto com seu celular e anotava em uma caderneta nova que comprara apenas para anotar o caso.
Jack observava bem a foto, caminhava com um zoom por ela a fim de encontrar algum tipo de resíduo. Algumas leves manchas mais avermelhadas que o sangue seco o chamava atenção. Logo, raspava a superfície com um pequeno bisturi que retirava de um dos bolsos e extraia a coloração suspeita, colocando-a em um frasco de vidro.

O Abismo Temporal de Jack BruceOnde histórias criam vida. Descubra agora