Capítulo 47 - Sequestre-o

3 2 0
                                    


A dor triunfou em sua mente, Jack havia esquecido-se de como viajar no tempo doía, de como aquilo tudo o deixava nauseado

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

A dor triunfou em sua mente, Jack havia esquecido-se de como viajar no tempo doía, de como aquilo tudo o deixava nauseado . Por um momento, imaginou que o portal havia falhado, mas a cabana mudara pouquíssimas vezes para perceber tamanha diferença de uma época a outra.

Ele tateou seu bolso, estava com a chave da cabana que carregava consigo desde que levou sua mãe para aquela época remota. Preciso ser rápido. Pensou, mesmo a pressa ou a letargia não importando já que poderia simplesmente retornar para a época logo após sua partida, bastava lembrar da data.

Jack não se atentou àquilo no momento, sua prioridade maior era pegar o remédio. Subiu as escadas, abriu a porta. Estava vazio, morto, repleto de poeira, como se ninguém habitasse aquela cabana há anos — Abandonado era a palavra correta para descrever aquela cena. E sobre o sofá, residia uma mancha. Uma tão antiga que já se fundia com o forro do móvel.

Destrancou a porta, o mato tomava conta de tudo. As araucárias nunca estiveram tão vistosas quanto aquele momento, mas não importava, era apenas um mero detalhe, e contornando os matos, partiu à cidade. Carros modelo anos 90 voavam pela estrada recém inaugurada, talvez nunca vira aquela estrada tão plena e sem buracos, era até estranho ver algo como aquilo afastado da cidade.

Seus pés retorceram-se em dor por caminhar tanto para chegar ali e para recebê-lo: um outdoor enorme do atual prefeito da cidade em que dava as boas-vindas à Pinheiros do Norte, "O paraíso em meio às árvores", além de, claro, exaltar a construção da estrada que após anos sem asfalto, foi tratada como alguém que atira migalha aos pombos. Ao lado de tamanha propaganda política, o rosto de Carlos, mais jovem e sorridente.

A cidade borbulhava de pessoas, todas com seus compactos celulares de antenas, cada uma delas levando-os aos seus ouvidos, outros digitando em seus tecladinhos embutidos. Esbarrando pelas pessoas, Jack adentrou em uma farmácia, as luzes brancas distribuídas por todos os lados, mesmo de dia, intensificaram a cor amarelada de seu rosto, e sua feição cadavérica.

— Em que posso ajudar? — A farmacêutica do balcão tentou manter o sorriso ao perceber a sujeira impregnada no rosto de Jack.

— Preciso de remédio para conter uma infecção, ferida inflamada e qualquer coisa para dor, preciso tratar uma queimadura...

A moça conferiu em corredores repletos de remédios, colocando-os acima do balcão e explicando como e porquê usá-los. Eram quatro ao todo. Jack sequer deu ouvidos, apenas calculava como iria roubá-los. Não havia guardas na porta, não havia carro de polícia na rua, esconder-se entre a multidão seria fácil.

— Deu 20 e 50... — Pela cara que Jack fazia, ela pensava que ele fosse pedir algum desconto, ou talvez uma doação.

Mas ele apenas apanhou-os e correu em direção à saída. A farmacêutica começou a gritar por ajuda, mas já era tarde, Jack misturara-se em meio a todos aqueles cidadãos deprimentemente parecidos.

O Abismo Temporal de Jack BruceOnde histórias criam vida. Descubra agora