Capítulo 6 - Bem-vindos a 1978

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A vida vai ficando cada vez mais dura perto do topo. — Friedrich Nietzsche

— Porque está com essa cara? —

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— Porque está com essa cara? —

Alissa acariciava os poucos cabelos que Carl ainda tinha.
Ela prostrava-se na maca de hospital enquanto seu marido sentava-se ao seu lado, com olhos fundos de quem não dormira direito, boca pouco seca e uma inquietação sem fim, que ocupava o resto dos lugares vazios do quarto de hospital quando não estava sentado ao lado de sua mulher.

— Só não dormi direito... — Ele colocava uma de suas mãos em seu bolso, onde parecia dedilhar algo.

— E porque não?

— Tive um pesadelo...

—Pesadelo? Ouvi dizer que aquele homem foi te visitar de novo.

— Como você sabe?!

— Perguntei a um de seus seguranças.

— Ótimo, me diga quem é que vou demiti-lo!

— O quê você mexe tanto nesse bolso? — Ela repousava sua mão lentamente sobre a de Carl.

— Ele me deu isso...

De dentro do bolso ele retirava a carta de Tarot que o Viajante o havia entregue.

— Parece aquela que seu antigo amigo lhe deu... É a mesma parte preta das costas da carta.

— Já fazem quarenta e dois anos! Esse filho da puta deve estar me testando... Eu tinha só vinte anos... Ele viu em mim algo que ninguém nunca viu, um gênio...

— Está tudo bem, ele não vá fazer nada que te prejudique...

— Sempre sinto algo estranho quando me encontro com ele...

— Como o quê?

— Um Déjà vi... — Ele se perdia em seus pensamentos, deixando seu olhar vagar pela face de Alissa. — Você sabe que eu te amo, não é? — Ele acariciava os cabelos loiros dela.

— Sei, eu também te ...

— Mas, — Ele a interrompia. — tem horas que vocês são muito burros, você e o Rick! Me tiram do sério, você sabe que eu faço isso pro nosso próprio bem, não é?
Alissa apenas consentia em silêncio, olhando Carl no fundo dos olhos.

— Desde que perdemos nosso filho, Rick foi minha luz de emergência... Ele não é burro, você só não sabe entender como ele é...

Carl levantava-se, dava um beijo em sua esposa, apanhava seu paletó cinza que estava em cima de uma cadeira e saía da sala sem falar nada.

Ao chegar na sua casa, — A maior mansão de um condomínio fechado — se dirigia à passos pesados, para seu quarto. Ao lado esquerdo,  à frente do janelão que o iluminava, repousava uma cômoda de madeira, onde acima parecia ansiar por ele, uma caixinha de interior aveludado, lugar onde Carl guardava um carta de Tarot chamada O Mundo. Onde estampava-se uma grinalda vermelha e verde, circundando uma figura feminina. Com um bastão nas mãos, dentro de um espaço que possuía a forma de um ovo, ela recebia o suporte de um touro e um leão. Na parte superior da grinalda, um anjo e uma águia observavam a figura feminina. O leão e o touro olhavam para Carl, a águia olhava para o anjo e ele, por sua vez, olhava para a figura feminina no centro do ovo.

O Abismo Temporal de Jack BruceOnde histórias criam vida. Descubra agora