Capítulo 10 - (in) felicidade

46 4 24
                                    

Inocente é o homem crente na ausência do papel do tempo; todos os seus dias estão contados, as pessoas apenas perdem a noção que ele está escorrendo pelos dedos.
- Felipe Nunes (NSFelipeNS)

Os prédios distanciavam-se cada vez mais, os asfalto cedia espaço à poeira vez ou outra

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Os prédios distanciavam-se cada vez mais, os asfalto cedia espaço à poeira vez ou outra. As gargalhadas dos rebanhos de araras abafava o rugido do motor do carro de Rick.

Por mais que Jack sempre apreciasse esses momentos em que a natureza esbanjava toda sua beleza, seus olhos agora estavam como o de todos que sempre julgou serem cegos perante a magnificência do universo. Não conseguia pensar em outra coisa além de sua mãe prostrada em uma cama de hospital, esperando sua vida esvair em um último suspiro.

Nem mesmo o vento quente da tarde sobre seu rosto o distraía, seus ombros tensos quase o tornavam em uma tartaruga, com seu casco (quase) impenetrável,porém, sempre com um fardo sobre suas costas que o pesava para baixo.

O pessimismo instaurado em sua mente era cada vez mais forte, a sensação de estar morrendo a cada segundo nunca fora tão intensa. Porém, a preocupação maior não era com a própria vida, mas sim de sua mãe. Medo desses segundos se tornarem minutos, dos minutos tornarem-se horas, as horas dias e a vida de sua mãe mais uma que o tempo levará ao esquecimento nas mentes fracas dos humanos.

Durante toda a viagem nenhum dos dois teve coragem para entreolharem-se. Rick guardava rancor de como Jack o tratara, por isso preferia apenas colocar numa estação de rádio qualquer para o tempo passar mais rápido.

Por coincidência do destino, a primeira música que tocava era Tempo Perdido, da banda Legião Urbana.

A música intensificava seu pessimismo, afinal, ela refletia todo o peso de ter deixado o tempo escorrer pelos dedos e não fazer nada enquanto sua mãe morria pouco a pouco.

Por mais que ele tentasse compensar sua ausência bancando os remédios de sua mãe, mesmo com a situação nada favorável em um momento de crise da vida pessoal e profissional.

Jack observava o rádio, boquiaberto, intercalando seu olhar entre Rick e os autofalantes do carro. Sua face reprimia-se em uma expressão de tristeza, Jack voltava seu rosto à floresta para que Rick não o visse naquele momento de fraqueza.

"Nada é ao acaso" ele pensava.

Jack levava sua mão à face, mesmo que tentasse reprimir o choro, já não suportava o vazio em seu peito todos os dias o martelando sobre algo que ele poderia ter evitado facilmente.

As lágrimas escorriam, banhando seu rosto. Se já não bastasse, começava a expurgar breves soluços.

"Há quanto tempo não choro assim?" Ele pensava.

Rick o olhava com pena. Desligava a música numa tentativa falha do rapaz cessar o choro. Era a segunda vez que o via em estado de fragilidade, mesmo que não fossem muito íntimos, havia algo que os conectava, algo além da breve compreensão de amizade que ambos tinham.

O Abismo Temporal de Jack BruceOnde histórias criam vida. Descubra agora