Capítulo 17 - Um Chapéu no Museu

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Temos o destino que merecemos. O nosso destino está de acordo com os nossos méritos.
— Albert Einstein

As pontas dos dedos do rapaz reprimiam-se contra a palma de sua mão, a impaciência corria pelas suas veias, sendo extravasada a socos sobre uma mesa

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As pontas dos dedos do rapaz reprimiam-se contra a palma de sua mão, a impaciência corria pelas suas veias, sendo extravasada a socos sobre uma mesa.

— Nada do que eu faço dá certo! — O rapaz lamentava-se.

— Por que está tão estressado? — Uma voz grave ecoou na frente do rapaz.

— Como te ajudarei na farmácia se eu nem consigo acertar nas experiências?!

— Tudo ao seu tempo, Carlos, todos têm seus momentos de brilho, e o seu... — Ricardo riu — Será por décadas!

— Como sabe? — Questionava impaciente.

O homem trajado de terno e chapéu Fedora levantava-se, caminhava até a janela de sua casa, observava homens operando máquinas pesadas indo de um lado a outro da rua. Caminhões com areia, brita e barras de ferros dirigiam-se a um edifício que erguia-se aos céus, ansiando sentir a brisa fria do campo sulista.

— Você vê aquele edifício? — Ricardo questionava com os braços cruzados nas costas.

— Sim, por que? — Carlos o seguia, admirando como o prédio já estava alto em tão pouco tempo de construção.

— Está vendo os livros em sua mesa? A sua frustração por não conseguir o que deseja?

— Estou... — Respondia acanhado.

— Você tem tudo o que precisa para
brilhar. — O homem de face deformada repousava sua mão sobre o ombro do rapaz — Confie em mim, às vezes, temos a sensação que estamos no caminho errado, mas só existe um caminho para seguir... Apenas continue! Eu acredito em você, por que você não pode acreditar em si mesmo?

O rapaz envolvia os braços em volta do tronco de Ricardo, abraçando-o com força. Uma sensação estranha percorreu o corpo do homem, que apenas levava sua mão direita às costas do rapaz.

— Obrigado! — agradecia Carlos.

— Pelo o quê?

— Por me dar essa chance!

Ricardo afastava-o, repousando suas mãos sobre os ombros do rapaz, fitando-o no fundo dos olhos, como se soubesse de todo o futuro do homem — e realmente sabia.

— Por favor, seja mais assim, não se torne uma pessoa detestável...

— Como assim? — Carlos reprimiu sua face em uma expressão de dúvida.

Ricardo observava o rapaz com pena, seu olhar melancólico queria mudá-lo, evitar que se tornasse o lixo humano que seria no futuro. Por breves segundos perdia-se na vontade utópica de transformar tudo para melhor, mas logo voltava para seu ceticismo explícito, que insistia em dizer que tudo deveria tomar o mesmo caminho para que existisse justiça, a verdadeira justiça.

O Abismo Temporal de Jack BruceOnde histórias criam vida. Descubra agora