Capítulo 4 - Estreitando Laços

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"Qualquer coisa que toque minimamente o ser-humano, o transforma em um lobo preso em uma armadilha... Fraco, ferido e amedrontado; fazendo a imagem do que um dia fora um frio caçador, virar uma mera presa sem chances de vida..." - Felipe Nunes (NSFelipeNS)


— Vai ficar tudo bem, meu amor, eu lhe prometo! — Uma voz masculina já rouca devido à idade que o atingia ecoava por corredores de uma bucólica casa.

Ao colo do homem, uma senhora repousava suas cãs que banhavam cada centímetro de seu couro cabeludo. Lágrimas escorriam pela sua face já banhada em rugas, as mãos de ambos se entrelaçavam, junto a elas, seus corações, que pareciam estar juntos há décadas.

— Apenas desejo ver meu filho mais uma vez antes de morrer...

— Não diga isso... — O senhor quase careca, com apenas cãs ao lado de sua cabeça, tentava segurar suas lágrimas. — Você ainda vai viver muito...

Por mais que ele tentasse acalma-la, no fundo ele sabia que ela não passaria o ano à cima de sete palmos do chão. Estava apenas mentindo para si mesmo e para sua amada.

—... Prometa-me que serei enterrada aqui!

— Prometo sim... — A pressão era muito para o vetusto. Seus olhos tremiam em meio a lágrimas. — Eu te amo!

— Eu também te amo, Marcus! — Ela terminava seguida de tosses secas.

***

Enquanto isso, Jack se perdia em meio às árvores, seus pensamentos vagavam em surtos de genialidade em meio às folhas que caiam do enorme corredor verde do lado de fora da cafeteria, enquanto do lado de dentro, Jack sentia o gélido beijo da mesa de metal sobre sua pele, e o anseio do cheiro do café impulsionando seus pensamentos para muito além do que ele fora. Entretanto, seus devaneios são interrompidos pelos bips de seu celular.

— Oi, pai!

— Jack... Já faz um tempo que você não nos visita...

— É verdade... Amanhã estarei indo aí! Finalmente estou tendo ideias para um novo livro, e terei um caso para resolver.

— Não... Vem hoje! Você consegue?

— Acho que sim! Aconteceu algo?

— Vamos visitar a cachoeira mais uma vez... Sua mãe disse que estava com saudade de lá!

— Certo! Que horas posso ir?

— Agora, se puder!

— Ok... Eu te amo, pai!

—... É... Eu também!

Jack sentia que havia algo estranho acontecendo, seja com seus pais, ou com o grupo de conhecidos que havia interagido há alguns dias. A dúvida pairava na mente de Jack, ninguém havia aparecido, o sentimento de solidão começava a impregnar em seu peito.

Já havia pagado a conta, seus materiais já estavam arrumados, seus pensamentos longe de novas ideias. Até que um rosto familiar adentra na cafeteria.

— Melissa? — Jack a chama.

— Ah... Oi, Jack! Tudo bem? — Ela parecia tanto quanto abatida, seus olhar estava sem o brilho melancólico do profundo azul do mar. Não havia mais um sorriso estampado em sua face, apenas feições de tristeza e uma mancha azul sem vida no lugar de seus olhos.

— Está tudo bem com você?! — Ele simplesmente ignora a pergunta de Melissa.

— Sim... — Ela diz pausadamente enquanto de ombros. —... Mas, e você? — A jovem sentava-se na cadeira à frente a que Jack estava sentado. — Sente-se, se não estiver ocupado, claro...

O Abismo Temporal de Jack BruceOnde histórias criam vida. Descubra agora