"Talvez a sanidade seja apenas um delírio de uma mente insana"
— Felipe Nunes (NSFelipeNS)
Ao longe, o carro regressou, certamente o motorista ouviu o tiro. Jack sequer prestou atenção, apenas continuou. O homem saltou do veículo ao ver seu parceiro caído no chão sobre uma poça de sangue, como apenas uma massa de carne desprezível.
Seus olhos encheram-se d'água, ódio e tristeza se fundiam em lágrimas, escorrendo em fios, ele tentava conter-se, mas logo abaixou-se, pegou a arma ensanguentada do cadáver e virou a esquina. Jack corria o aclive enquanto ele conferia a arma: estava carregada. O barulho do cartucho encaixando-se na arma reverberou pela viela. Jack virou-se e o viu apontar a arma para ele.
— Não faça isso! — Jack ordenou, apontando-lhe a arma — Você sabe que eu vou atirar, largue a arma!
O rapaz do futuro continuou, mas o homem sequer deu ouvidos. Ao outro lado da rua, o mendigo observava a cena, percebera que Jack recuava enquanto o homem de terno, a cada passo e cada som que saía da boca do rapaz, enchia-se de ódio.
Como forma de tentar impedí-lo, o mendigo levou sua mão para dentro de seus trapos, de onde sacou um revólver. Enquanto mirava, podia enxergar as munições pelo tambor: restava apenas uma.
— Se afasta! — Gritou Jack.
O homem aproximava-se, ainda com o dedo pressionando o gatilho, mas incapaz de atirar contra o rapaz.
— Por favor... — Continuou — Eu já fiz coisas horríveis de que nunca me perdoarei, por favor, não me faça te colocar nessa lista... Eu só quero acabar com meu sofrimento... Só isso!
— E eu também... — O segurança respondeu engatilhando a arma.
Contudo, Jack interrompeu seu gesto. Deixou novamente a arma surpreendê-lo, o tiro ecoou por todo canto daquele bairro. Sangue escorreu do homem, a orelha direita pingava e antes que pudesse atirar, colocou a mão sobre sua ferida, deixando a arma suspensa. Sem pensar duas vezes, Jack agarrou a arma dele e o jogou ao chão, enquanto agonizava.
Ao longe, o mendigo observava a situação pela maça de mira da arma, respirando fundo enquanto seu dedo quase ativou o gatilho, desperdiçando a última munição que restava. Ao perceber que Jack deu um jeito, guardou-a antes que alguém pudesse vê-la. Olhou em volta, o homem do bar olhava aquilo tudo perplexo e cabeças curiosas dos vizinhos saltavam de seus portões e muros para ver o que acontecia.
O mendigo desceu a rua para o encontro de Jack o mais rápido possível.
— Vamos embora! — O velho tentou levá-lo ao carro preto que estava aberto.
Enquanto descia o declive, Jack passou pelo cadáver e logo reprimiu sua feição em tristeza.
— Eu pensei que estava me tornando alguém melhor, eu não queria isso...
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O Abismo Temporal de Jack Bruce
Science-FictionJack recebe uma ligação misteriosa de uma idosa pedindo para investigar um caso aparentemente banal, mas o rapaz descobre que o lugar de onde veio a ligação está abandonado há décadas, sedento por dinheiro para conseguir tratar o câncer de sua mãe...