Capítulo 3 - Ódio em Essência.

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Os homens graves e melancólicos ficam mais leves graças ao que torna os outros pesados, o ódio e o amor, e assim surgem de vez em quando à sua superfície.  - Friedrich Nietzsche

Enquanto a luta de Jack começava a se destrinchava em sua casa, Melissa misturava-se em meio a uma multidão de jornalistas que tentava extrair qualquer palavra de Alissa. Enquanto curiosos rondavam o local se perguntando o que acontecia.

No entanto a senhora Stone ainda estava com aquele momento horrendo cravado em sua mente, os feixes de luz das câmeras a cegavam, enquanto as lentes vazias a lembravam aquele olhar frio e vazio que penetrava sua alma, os barulhos das câmeras e dos jornalistas faziam com que ela revivesse os momentos de terror que passara naqueles corredores, lembrava-se daquele "tique-taque", daquela voz grave e aveludada ressoando por todos os lados, instaurando agonia em suas entranhas. A cada sombra projetada no chão, via a silhueta do homem.

Não saía nenhuma palavra daqueles lábios finos, antes esculpidos por anjos, agora maculados por diabos. De certa forma Melissa já esperava por isso e se dispersava da multidão enquanto Alissa entrava em uma ambulância. Estava com um olhar abatido, seus olhos não brilhavam mais como antes.

— Ora, ora!Quem temos aqui? — Diz James enquanto se aproximava — Trouxe seu café.

— Ah! Obrigada — Diz Melissa em um tom melancólico.

— O que foi? Não gosta mais de café com leite?

— Não é isso.

— E o que é?Ele não te ligou não é?

—O quê? Não, quer dizer, ele não me ligou, mas não é isso. —Melissa começa a se perder em seus pensamentos com um olhar distante. — Minha mãe piorou um pouco e as coisas na emissora estão cada vez mais difíceis, eu sou sempre só a estagiária, acho que minha mãe esteja certa, estou no emprego errado.

Quando James apronta-se para falar algo, é interrompido pelo toque de seu celular.

— Oi, Rick!

—James, preciso da sua ajuda, agora!

— O que foi?

— Preciso que você me busque e leve para o hospital!

—Rick, você sabe que eu sempre levo a Melissa para casa dela, preciso da moto, sem falar que ainda tenho que ir pro trabalho, meu turno já vai começar.

— Por favor, James! — Rick diz como se quisesse obrigá-lo.

— Já ouviu falar em táxi, Rick?!

—... —Podia-se escutar apenas a respiração pesada dele sobre o celular.

—Rick, agora realmente não tem como. Vai de táxi e eu te levo pra casa, sei qual é o hospital.

—... Ok! — Rick não parecia tão satisfeito.

James desliga o celular, respira fundo e diz para Melissa:

— Ele é muito complicado, não sei como você o suportou.

— Eu não suportei, James...

***

Alguns minutos mais tarde, depois de James ter deixado Melissa em casa, Rick descia do Táxi na porta de um hospital, mas não qualquer um, contava com todo detalhe luxuoso, sem falar do melhor atendimento da cidade, o que significava ser o melhor hospital da região.

No entanto, na recepção havia uma verdadeira distopia. Tumulto de jornalistas, pessoas discutindo com atendentes, crianças correndo de um lado para outro, bebês chorando, filas enormes que pareciam não ter fim. E para piorar, alguns jornalistas tentavam entrevistá-lo, porém, Rick apenas os ignorava, reassaltando olhares desdenhosos e arrogantes.

O Abismo Temporal de Jack BruceOnde histórias criam vida. Descubra agora