Ninguém está pronto para: Jantar em família

60 12 1
                                    

Nico Di Ângelo acreditava que aquela noite seria um divisor de águas em sua vida. Ele estava na cozinha, cortando as cebolas em rodelas conforme Perséfone o orientou. Logo depois, lavou as verduras e legumes que ela usaria e bateu a massa do bolo de amora que seria a sobremesa. Enquanto cozinhava, Perséfone contava mais uma das muitas histórias mitológicas. É claro que suas versões dos fatos eram bastante divergentes, mas não seria Nico o responsável por questionar.

— A verdade é que Ariadne nunca amou de verdade Teseu. — Ela abriu o forno, tirando de lá a assadeira com um cordeiro no ponto. Uma receita que havia aprendido assistindo ao programa Segredos de uma Chef, no Discovery Home & Health. — Ela apenas queria viajar para Atenas da maneira mais segura e confortável, achou que com ele seria perfeito. Mas deu no que deu.

— Você quer que eu corte as cenouras também? — Nico estava de pé ao lado da pia, com um avental amarrado em volta da cintura.

— Sim, querido, por favor. — Ela preparou o molho e a salada. — Está ficando tudo perfeito. E me diga, que horas vai buscar seu namorado?

— Acho que daqui uma hora, ainda está cedo.

— Vai ser um jantar maravilhoso. — Ela enfeitou o cordeiro e pediu para que Nico abrisse uma das garrafas de vinho, serviu então duas taças, mas o rapaz preferiu não beber.

Perséfone não era sempre assim amorosa e solicita, mas a primavera havia terminado e o verão era sempre uma época agradável para o descanso. No entanto, não era muito gentil no outono e inverno.

— Eu não sei se vai ser tão bom assim. A última vez que Percy esteve no mundo inferior...

— Não pense no passado, rapaz. — Ela saboreou mais um gole de vinho. — Agora Perseu faz parte da família. Querendo ou não, vocês são da família.

— Tenho certeza de que meu pai vai fazer alguma coisa para constranger a gente. — Nico escorou as costas na mesa, tirando o avental.

— Eu vou tentar controlar meu marido e minha mãe. Mas você também tem que se controlar. Nada de rebeldia. — Ela sorriu docemente, fazendo Nico pensar se a deusa havia tomado uma dose excessiva de chá com cogumelos e margarida.

— Vou tentar. Mas não posso dizer que o Percy vai se controlar.

Ao crepúsculo, Nico encontrou com Percy na entrada do Mundo Inferior no Central Park. Percy já estava aguardando por ele há alguns minutos, e por isso acabou comprando um saco de pipoca para passar o tempo. Ele jogou o restante da pipoca com manteiga para os pombos.

Antes de entrar no palácio de Hades, Nico parou de frente ao namorado. Ele estava nervoso, Percy notou, mas o que ele não sabia era que Nico Di Ângelo sentia medo de Hades intervir no namoro deles, falando algo sobre aquela história de imortalidade.

— Algum problema? — Percy fez um carinho no rosto de Nico e apertou seu queixo. — Você parece terrivelmente assustado. Mais do que o normal.

— Promete para mim que vai se comportar?

— Como assim? Eu sempre me comporto. Sou um verdadeiro gentleman. — Percy o beijou, mas nem seu beijo pareceu tranquilizá-lo. — Tudo bem, eu prometo. Farei o possível para não entrar em uma discussão com seu pai.

— Meu pai não é o problema. — O rapaz encarou a entrada fantasmagórica do palácio.

Comparando com as últimas experiências de Percy no submundo, aquela era totalmente diferente. Vir no mundo inferior para falar com o pai de seu namorado. Nico o alertou sobre isso. Então, Percy decidiu que seria o genro dos sonhos de qualquer deus do Olimpo.

Ninguém está pronto para a vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora