Ninguém está pronto para: Planejar o futuro

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A oficina de Leo Valdez estava apinhada de caixas, eram encomendas de várias peças que ele precisava para restaurar algumas motocicletas e carros, além de uma máquina de refrigerante dos anos quarenta e um barco a vela.

A oficina não possuía espaço para todos os seus projetos, por isso ele precisou alugar um galpão não muito longe dali, e aproveitou para dividir o espaço e o aluguel com alguns irmãos que também trabalhavam naquele ramo. Na verdade, ainda esperava encontrar um irmão que não se interessasse por mexer em motor ou qualquer engrenagem que tivesse uma função.

Perdido entre as caixas de parafusos e as de ferramentas, Leo desistiu de organizar tudo aquilo sozinho, aguardando a chegada de Alex.

Trabalhar com um namorado era novidade para Leo, mas estavam conseguindo lidar com o desejo tempestuoso de fechar as portas da oficina e se jogarem em cima da mesa de projetos. Ao menos aquilo era recorrente na cabeça de Leo, ainda que tivesse a disposição, não haviam concretizado tais pensamentos.

Quando ouviu o barulho da sineta, que indicava que alguém havia chegado, Leo gritou um simples "pode entrar" para seu visitante.

— Espero que a minha falta de organização não faça você desistir do meu trabalho, prometo que eu sei o que estou fazendo. — Leo falou, atravessando um mar de caixas de papelão. Quando chegou até a porta, encontrou Jason Grace o aguardando.

— Algumas vezes eu me pergunto se você realmente sabe mesmo o que está fazendo. — Jason estendeu o braço, para apertar a mão de Leo, de maneira educada e muito formal para a relação que eles possuíam.

Não havia mais nenhuma relação, ainda estavam tentando a ideia de serem amigos. Embora as únicas vezes que se viram desde a destruição do apartamento de Drew Tanaka, foi um café da manhã na cafeteria de Percy Jackson.

— Nossa, cara, que bom ver você aqui. — Leo apertou a mão de Jason, o que causou um pouco de estranheza para ambas as partes. — Se o assunto é motor, acho que eu sei o que estou fazendo.

— E o que você me diz quando o assunto é mais sentimental do que o seu amor por engenhocas?

— Você está mesmo a fim de ir direto na ferida, não é? — Leo deu um sorriso constrangido, mexendo nos cabelos cacheados. — Olha, acho que vai levar algum tempo até a gente acertar esse lance de amizade. Eu sei que fui um babaca escroto que menti, manipulei e traí você... nossa, falando em voz alta, tem toda a razão de querer me dar um soco, até deixo você fazer isso, se te fizer bem.

— É, talvez isso me anime um pouco, mas não é por isso que vim. Digo, é e não é.

— Estou confuso agora. — Leo olhou ao redor, nem podia convidar Jason para sentar e beber alguma coisa. — Acho que tem cerveja na minha geladeira, você quer?

— Não, obrigado, tenho que voltar logo para encontrar Thalia, ela vai embora hoje.

— Verdade, ela vai voltar para a vida de caçadora. — Leo assoviou. — Que vida excitante ela deve levar.

— Com certeza ela deve ter boas histórias para contar, mas não é por isso que estou aqui. Na verdade eu vim me despedir.

— O que? — Leo começou a pensar que uma cerveja era mais do que necessária naquele momento. Ele pediu alguns segundos para Jason e enfrentou a quantidade de caixas de papelão, até chegar no frigobar e pegar duas cervejas.

Os dois deixaram a oficina e se sentaram no meio fio da calçada, cada um com uma lata de cerveja na mão.

— A casa já foi vendida, mamãe está em reabilitação e Thalia voltará para Ártemis, lá ela não precisa de dinheiro ou residência, ou qualquer outra coisa que ficou para trás. Então eu estou sobrando. — Jason bebeu um gole da cerveja e olhou para Leo, esse aparentava não saber mesmo o que falar. — Relaxa, eu já estou planejando as coisas, não vou fugir no meio da noite. Mas achei que você fosse querer que eu te contasse isso pessoalmente.

Ninguém está pronto para a vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora