Ninguém está pronto para: Ser banido

14 3 12
                                    

As coisas poderiam ser piores. Mentira. As coisas já estavam muito ruins para pensar que poderiam piorar. Jason estava inconsciente no chão, recebendo toda a atenção que Leo poderia lhe dar, até que decidissem o que fazer.

— Como pode não ser ele? — Valdez perguntou, alisando o rosto de Jason. Naquele momento, ele se sentia como um trapo velho, desses que você descarta para usar como pano de chão.

— Eu vi seus olhos dourados. — Alex respondeu, em pé, ao lado dos dois. Cruzou os braços, irritado com a maneira que Leo o tratava, indiferente, quase que proposital.

— Olhos dourados? Eu não vi nada disso. — Leo ergueu a cabeça pela primeira vez para encarar Alex. — Os olhos dele estavam normais.

— Ficaram dourados depois, pelos deuses, você acha mesmo que eu mentiria sobre isso somente para desferir um soco na cara azeda dele?

Leo não respondeu. Mas o seu silêncio era a pior resposta para Alex.

Percy passou a mão na cabeça, dando uma olhada ao redor. Uma considerável parte do Hotel Cassino havia sido destruída, a névoa provavelmente teria tido bastante trabalho para distorcer a realidade. E, enquanto Alex e Leo se estranhavam, velando o corpo de Jason no chão, Percy decidiu que era hora de deixarem os escombros, antes que D. aparecesse e os transformasse em lagartixas.

— Oh meu Deus! — a voz escandalosa de Drew alcançou os ouvidos dos rapazes.

— Estamos aqui! — Percy acenou para ela, que vinha acompanhada de Dante.

Drew desvencilhou como pode da mão estendida de Dante, escorregando por uma parte da parede. A julgar pela expressão de horror na cara dela, as coisas deveriam estar bem piores do que Percy imaginava.

— Drew! — Leo exclamou, como se ela fosse a única salvação do momento. — Você pode ajudar?

— O que você acha que eu sou? Uma enfermeira? — ela se aproximou de Jason, levando automaticamente sua mão direto para o pescoço dele — Vivo, ele ainda está. O problema é se nós sairemos daqui inteiros. O Hotel foi evacuado, os bombeiros já chegaram e a polícia está aí fora. Estão procurando por terroristas.

Leo ficou de pé, enfiou os dedos nos caracóis de seus cabelos, andando de um lado para o outro. Ele parou, com as mãos presas na cintura. Quando virou, apontou o dedo na direção de Alex.

— Você poderia ter evitado tudo isso. — esbravejou.

Alex riu, balançando a cabeça. Seus cabelos loiros estavam acinzentados com o pó do concreto.

— Foi você quem me procurou no meu quarto. Não coloque a culpa somente em mim.

— Eu não disse isso. — Leo trincou os dentes — O que eu quero dizer é que você poderia ter feito diferente.

— Diferente como? Deixar que ele me partisse ao meio com um raio? Não seja infantil Leo. Você foi atrás de mim, no meu quarto, estava na minha cama quando Jason apareceu.

— Isso não vem ao caso.

— Ah! Vem sim. — Alex girou o corpo, com seus braços abertos na direção dos amigos. Luke estava ao lado de Percy e Dante. — Eis a grande verdade. Eu sou um idiota. Acabei de nocautear o namorado do cara que eu estou apaixonado e, ao invés dele se preocupar comigo, está mais ocupado com o seu perfeito namorado que tentou nos matar.

— Mas você afirmou que não era ele. — Percy não queria dar pano pra manga, mas já que estavam falando francamente, achava que tinha direito a explicação. — O que você acha que aconteceu?

— Quem sabe? — Alex deu de ombros, ele não convenceu ninguém com aquela resposta. É claro que Alex sabia que todos ali já imaginavam que ele possuía no mínimo umas dez teorias sobre o que aconteceu, mas preferiu se calar.

Ninguém está pronto para a vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora