Ninguém está pronto para: Sacrifícios

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Os canos explodiram e milhões de litros de água jorraram para todos os lados. Percy Jackson flutuava sem dificuldades na água, sem nem se molhar. Segurando com seu braço direito, estava Jason, ferido. No lado esquerdo, Percy segurava a mão de Drew, mas com a pressão da água, ele quase a perdeu. Conseguiu mantê-los secos, pelo menos até que a água se acalmasse e se espalhasse até ir diminuindo a pressão, restando uma pequena correnteza de meros dez centímetros.

Percy ajudou Jason a ficar de pé, ele garantiu que estava bem, embora o sangramento no braço dissesse o contrário.

As Harpias haviam sido derrotadas, junto com os Milhafres. Os três estavam com dificuldades para ouvir bem, pois os pássaros zuniam ainda mais alto embaixo da terra, mas conseguiam enxergar muito bem.

A água se espalhava pelo piso de mármore majestoso do Banco Grego. As estátuas pingavam com musgos pendurados em seus narizes. Os móveis estavam completamente encharcados e o carpete perdido, nem uma semana no sol conseguiria secar e remover o odor que ficaria depois.

No centro do saguão, estava um altar preparado para o que parecia ser um sacrifício. Muito parecido com as ilustrações que eles viram em diversos livros na biblioteca do Acampamento, até Percy reconheceu a figura, pois foi trabalho de escola em seu último ano. Milagrosamente ele não esqueceu daquela imagem. Uma cabeça de javali estava pendurada em uma das estátuas que compunha um círculo ao redor de uma pedra de mármore branco, adornada com margaridas e jacintos. As outras estátuas possuíam cabeça de cabra, um gato e um falcão.

O livro das Harpias se encontrava aberto no altar, ao lado de uma vela de chama azul. Havia muitos cristais ao redor do saguão, todos protegidos magicamente, por isso não estavam molhados. Percy não sabia dizer quais eram aqueles cristais, pois seu conhecimento no tema era desanimador. Mas julgando pelo que sabia sobre sacrifícios, não estavam em uma situação boa. Ao menos ele era somente um presente para quem quer que fosse a convidada. E era bom que não fosse um presente de comer com garfos. Embora qualquer outro tipo de significado da palavra comer, fosse ruim.

Percy olhou para Drew e Jason. Um dos dois realmente deveria estar ali, e o mais indicado era que fosse...

— Minha querida irmãzinha. — Charlote apareceu, na companhia de Moros, o deus da sorte e do destino, que era gerente do Banco Grego nas horas vagas quando não estava em planos malignos com filhos de Afrodite. Percy sentiu-se decepcionado naquele momento, afinal de contas, foi ele quem lhe deu um empréstimo para abrir o Café. — Não sejam tímidos, aproximem-se.

— O que você pretende com tudo isso? — a voz de Drew estava dura feito aço. Percy queria ter feito aquela pergunta, mas parecia que o assunto ali era coisa de família.

— Não me diga que além dos poderes, você também está sem memória? — Charlote riu, ela usava um manto vermelho por baixo de um vestido branco. Seus cabelos enfeitados com fios dourados e pequenos cristais brilhavam aqui e ali. Conforme ela se movia, a luz das velas do saguão a deixava irradiante.

— Perguntei só para ter certeza se eu enfio essa adaga no seu peito, ou corto sua cabeça fora de uma vez. — Apesar da ameaça soar bastante desafiadora, Percy não tinha certeza se Drew, sem poderes, conseguiria passar por cima de Moros e enfiar a adaga no peito da irmã.

Mas ele estava pagando para ver aquela cena.

— Eu sei que vocês têm problemas familiares para resolver, mas eu só queria dizer que estamos aqui para te impedir. — Percy enfiou a mão no bolso da calça, passando os dedos em sua caneta esferográfica. — Gente megalomaníaca geralmente tem um final meio deprimente.

— Oh! Percy Jackson, eu já ia falar com você. Fiquei tão feliz quando soube que aquelas inúteis das Harpias finalmente fizeram algo correto. Trouxe você aqui. — Charlote olhou na direção de Jason, com um sorriso mais contido. — E você também estava na minha lista.

Ninguém está pronto para a vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora